Do Mercado #14: Chama o VaR

23 de agosto de 2021
Hoje, falo sobre uma métrica de risco, dentre as inúmeras que existem no mercado, chamada VaR. Não, não é o “árbitro de vídeo", é uma sigla para Value at Risk e mede o risco da operação. Entenda como funciona.

 

Olá!

Na “Do Mercado” de hoje, vou falar sobre uma métrica de risco, dentre as inúmeras que existem no mercado, chamada VaR.

Não, não é o “árbitro de vídeo”, mas ela também vem do inglês: Value at Risk, que, em tradução ao pé da letra, significa valor em risco.

Essa é uma das métricas mais comuns utilizada por bancos, fundos e investidores.

Ela estima o potencial de perda ou ganho para determinada carteira ou até mesmo um certo ativo. Ou seja, o risco da operação.

 

Como funciona?

 

Analisa-se o histórico passado, quanto o ativo variou num determinado período de tempo (normalmente nos últimos 365 dias, ou seja, um ano) e estima-se uma margem de confiança para entender se o ativo se comportará da mesma maneira futuro.

Se um ativo, depois dessa estimativa, tiver um VaR de 2%, significa que é provável que oscile 2%. Se sair desse intervalo de 2%, significa que é preciso readequar a posição.

Normalmente, as pessoas utilizam o modelo de VaR porque é fácil de atribuí-lo para qualquer ativo. E também porque ele funciona muito bem na maior parte do tempo.

Você só precisa de um histórico para conseguir chegar a um número que pode te dar uma indicação de como determinado ativo deveria performar.

Mas podem acontecer algumas exceções à regra.

Toco nesse assunto agora pois, neste momento, está acontecendo uma exceção à regra, principalmente no mercado mais importante e o maior que temos no brasil, o de ativos de renda fixa pré-fixados.

Esse mercado serve como referência para todos os títulos pré-fixados de dívida pública, todos os empréstimos entre companhias e bancos e até para pessoas físicas.

E todo esse risco fica baseado no mercado de pré-fixados, que também utiliza a métrica VaR.

Na maior parte do tempo, você olha para o passado e vê que a taxa de juros oscila um pouco; e o modelo, para uma carteira grande, diz que você tem uma posição adequada.

Mas, recentemente, por diversos motivos, que vão desde motivos políticos até o movimento de alta nos juros, o mercado de pré-fixados começou a operar com maior volatilidade, saindo daquilo que era esperado para ele utilizando o modelo de VaR.

Isso trouxe consequências muito grandes.

Um gestor de recursos que tinha uma carteira com risco vs. retorno que achava adequado, de repente viu um ativo começando a operar com um risco percebido maior e, claro, precisa manter o risco que tinha anteriormente, fazendo algumas alterações em seu portfólio.

O problema é que quando esse fenômeno acontece no mercado de pré-fixados, de certa forma, não tem como o mercado zerar, pois o mercado é tão grande que tudo que você consegue fazer é basicamente vender o título público para outra pessoa.

Com isso, o mercado não tem saída e as pessoas começam zerar suas posições uma em cima da outra, então a taxa começa a caminhar para um nível que deixa de refletir a expectativa das pessoas com relação ao Banco Central.

Porque, no fundo, o mercado de pré-fixados deveria demonstrar exatamente isso: para onde achamos que a taxa Selic, a taxa básica de juros, irá.

Se olharmos o consenso hoje, o mercado está bem acima, pois está “se zerando”.

No mercado de pré-fixados, isso chama mais atenção porque costuma ser mais estável e é incomum termos esse “choque de VaR”, como dizemos no mercado, já que ele tende a operar mais linearmente, ao menos dois anos na mesma direção, enquanto no mercado de câmbio e bolsa (ações) é mais comum o VaR ser rompido.

Quando acontece, é tão grande que uma pessoa que tem pré-fixados, bolsa e câmbio chega em determinado momento em que não consegue reduzir o risco aqui e precisa partir para outros mercados. Tudo para se readequar ao fato de que o risco de suas posições, ou seja, de seus investimentos, mudou.

O que temos visto no mercado recentemente foi exatamente isso. O mercado de pré-fixados mudou de patamar de volatilidade. Esse movimento começou a se retroalimentar.

Nem tivemos notícias ruins ou algo que pudesse causar isso, mas, de repente, a bolsa começou a ceder e o mercado de pré-fixados começou a subir.

Acredito que isso é, fundamentalmente, consequência desse movimento dentro da renda fixa.

Para mim, a primeira coisa que precisa acontecer para esse movimento de contágio pare de acontecer é o mercado pré-fixados se estabilizar.

Isso está próximo, ao que tudo indica, mas ainda não aconteceu.

Por hoje é só, espero que tenha gostado!

 

Um abraço,

Rodrigo Natali

 

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Conheça o responsável por esta edição:

Rodrigo Natali

Estrategista-Chefe

Rodrigo Natali tem graduação e MBA pela FGV. É especialista em câmbio e macroeconomia, tem 25 anos de experiência no mercado financeiro, tendo passado por diversas instituições nacionais e internacionais onde exerceu a profissão de trader e gestor de fundos de investimento multimercado.

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