Olá, investidores!
Aqui é Rodrigo Natali em mais uma newsletter Do Mercado.
Nas primeiras newsletters que publiquei, expliquei a você sobre fundos multimercado e câmbio. Hoje, vou falar sobre os dois.
Irei explicar o papel dos fundos multimercado na trajetória da taxa de câmbio durante este ano, papel este que foi bastante importante e significativo, tanto na alta como na queda da moeda norte-americana.
O que pudemos observar nos últimos dois meses foi uma apreciação bem forte do real: a moeda brasileira, que estava sendo cotada na casa dos R$ 5,60 frente ao dólar, chegou a bater R$ 4,93.
Agora, nos últimos dias, vimos uma depreciação muito rápida: o real saiu desses R$ 4,93 e bateu, na quinta-feira passada (8), R$ 5,30. Momento no qual o Banco Central entrou vendendo swap (do inglês “troca”, um tipo de derivativo, ou seja, contrato futuro), algo que para mim foi um pouco surpreendente, dado que o BC havia parado de fazer intervenções desse tipo há um tempo.
Se você parar para pensar, após o dólar cair durante mais de dois meses, bastaram apenas seis pregões para o BC voltar a intervir.
Por que isso? Por que de repente o dólar sobe 6% e o Banco Central volta a vender?
Algo que pode explicar esse movimento é que os fundos multimercado, de maneira geral, mudaram suas posições.
Vou explicar melhor.
Desde que os bancos começaram a mudar as previsões da balança comercial para US$ 75 bilhões no início de abril, o mercado se animou em relação ao câmbio.
Com a Bolsa na máxima histórica, as pessoas pensavam: já está caro. No mercado dos títulos prefixados havia o risco de inflação, possível alta da Selic, etc.
E, na cabeça dos investidores, existia um prêmio no mercado de câmbio que em outros mercados não existia.
Com isso, criou-se um movimento quase consensual de que o câmbio deveria cair para níveis pré-pandemia, considerado o valor justo, na casa dos R$ 4,50. Movimento este que começou a se acentuar conforme o real se apreciava.
Um dos motivos pra isso foi a melhora nas perspectivas da campanha vacinação contra a Covid-19 e dados econômicos mais fortes, como o PIB; e ainda, na época, o exterior apresentava sinais que também contribuíam para esse otimismo, como bolsas americanas batendo recordes consecutivos e o dólar caindo em relação a outras moedas, enquanto aqui o real continuava a se apreciar, em um movimento de inércia que acredito ter vindo, justamente, dos fundos multimercado.
Mas isso começou a mudar há algumas semanas.
“Ok, mas ainda não entendi o que os fundos multimercado tem a ver com isso”, talvez você esteja se questionando.
No início do primeiro trimestre deste ano, esses fundos estavam com aplicações em renda fixa e comprados em bolsa e câmbio. Assim, quando houve uma piora econômica ainda nesse primeiro trimestre, não sofreram tanto, afinal, tinham essa proteção, esse hedge.
Uma vez que a bolsa estava já em 130 mil pontos e o único ativo que parecia ter gordura era câmbio, eles venderam suas posições.
O problema disso é que hoje em dia, a maioria deles parece estar comprado no “kit Brasil”, mas sem qualquer proteção.
Isso que mostra porque o mercado deteriorou rapidamente nos últimos dias.
A posição desses fundos tende seguir a mesma: os riscos estão sempre alocados no mesmo tipo de ativo; quando os fundos são muito grandes e mudam de posição, fazem a cotação da moeda andar por dias, mesmo indo contra uma piora ou melhora de fundamento.
Então, quando resolvem zerar, não tem saída: o câmbio dispara e o Banco Central tem que entrar.
Se gostou do vídeo e quer saber mais, não deixe de acompanhar as próximas edições da Do Mercado.
Um grande abraço,
Rodrigo Natali