Olá, leitor(a),
Antes de mais nada, observemos a posse e a transmissão do cargo, se é que haverá alguém para transmiti-lo.
Quem acompanhou a inauguração dos governos anteriores, desde a redemocratização, sabe que foram momentos festivos.
A pequena exceção fica por conta do vereador Carlos Bolsonaro, que permaneceu, arma em punho, escondido no banco de trás do Rolls Royce presidencial durante o desfile a caminho do Congresso.
Tratou-se mais de uma bravata do que de uma medida prática.
De resto, a cerimônia transcorreu normalmente, com um discurso de Jair Bolsonaro no Congresso que agradou ao mercado financeiro.
Tanto é assim que, no primeiro pregão de 2019, o Ibovespa fez a mínima do ano.
Essas posses presidenciais são atos de harmonia entre os três poderes, além de um congraçamento com as Forças Armadas, que costumam marcar forte presença na ocasião.
Agora Lula entregou a direção do cerimonial à sua mulher, Janja, que não tem a menor experiência na organização desses eventos.
Ela já decidiu que não haverá salva de 21 tiros, uma tradição nas posses presidenciais, visitas de chefes de Estados e funerais solenes, tal como vimos nas cerimônias fúnebres da rainha Elizabeth II.
“Vai assustar os passarinhos”, diz Janja, que também resolveu incluir um cachorro na subida da rampa do palácio do Planalto.
Tenho absoluta certeza de que os integrantes do Alto Comando das Forças Armadas não tentarão nenhuma espécie de golpe para impedir a posse de Lula. Por outro lado, acredito que tratarão o comandante supremo das FFAA com indiferença.
Acho que movimentos sociais do tipo MST não terão vez no governo. Serão reprimidos pela polícia e por proprietários bem armados se tentarem invadir fazendas, destruindo as lavouras, matando o gado e queimando celeiros.
Não estamos diante de um presidente com 80% de aprovação popular, como aconteceu nos dois primeiros mandatos de Lula, mas de um político que, em grande parte, foi eleito graças à forte rejeição ao adversário.
Tudo isso somado, e passados os primeiros dias, o Centrão assumirá o poder.
Tal como aconteceu na época de Eduardo Cunha, Rodrigo Maia e Arthur Lira (sendo que este último tentará se reeleger) acredito que no centro da mesa diretora da Câmara dos Deputados estará boa parte da força de comando do país.
Essas coisas serão boas para o mercado de renda variável, uma vez que existem chances quase nulas de termos um governo de perfil socialista.
Muito antes de começar a cumprir suas promessas de campanha, Lula e Haddad terão de resolver o problema fiscal.
Se aumentarem demais os impostos, a arrecadação cairá, como demonstra a curva de Laffer.
Caso tributem as grandes fortunas, elas irão embora, como sempre acontece com os países que adotam essa medida.
Resumindo: Luiz Inácio Lula da Silva só conseguirá fazer um bom governo, e mesmo um governo razoável, caso se renda ao pragmatismo e ao bom senso.
Comprar apoio através de mensalões e outros artifícios criminosos está fora de cogitações. Assim como fazer tratos ilícitos com empreiteiras que, suponho, aprenderam a lição, consubstanciada por multas colossais e penas de prisão de seus dirigentes.
O grande trunfo de Lula é o apoio externo dos países desenvolvidos, com o qual contará, ao menos nos primeiros tempos de governo.
O setor mais suscetível de fazer o país crescer é o de exportações, principalmente se o novo programa chinês, que poderíamos chamar de “não testa, não acha” ou “achou, esconde” der certo.
É bom também que nossa diplomacia fuja de ditaduras, principalmente de ditaduras pobres, tais como as da Venezuela, Cuba e Nicarágua, além de algumas africanas.
Amanhã cedo estarei atento ao discurso de posse, no Congresso, e à fala ao povo, do parlatório do palácio do Planalto.
Daí já poderei tirar minhas primeiras conclusões sobre o que serão os primeiros meses da administração Lula.
Para todos os caros amigos leitores e leitoras, um Feliz 2023.
Um forte abraço,
Ivan Sant’Anna