Investigador Financeiro #7 - A sua fé tem lastro?

7 de março de 2018
A revolução já chegou

Olá.

Antes de começar a acompanhar de perto o mundo das criptomoedas aqui na Inversa, eu não entendia a fascinação das pessoas pelo Bitcoin. Por que um ativo digital criado do nada por uma figura misteriosa chamada Satoshi Nakamoto (que pode existir ou não) chamava tanta atenção? O mundo havia enlouquecido?

Após muito acompanhar o mercado e pensar sobre isso, a resposta, para mim, é que as criptomoedas representam o surgimento de uma nova fé. Uma nova possibilidade de revolucionar o velho sistema financeiro de bancos, bolsas e corretoras, muitas vezes enviesado pelos seus próprios interesses.

Explico a minha teoria: estive, no ano passado, no museu do Louvre (Paris) e, em vez de me focar em visitar a Mona Lisa (como milhares de turistas empolgados), fui observar as coleções dos primeiros impérios da humanidade. Aos pés de figuras gigantescas de pedra da Babilônia, meio humanas e meio animais, fiquei emocionado com o esforço de nossos ancestrais em erguer monumentos às suas próprias crenças.

Como esses seres mágicos babilônicos, as moedas digitais também são marcadas pelo seu hibridismo: elas são meio moeda, meio forma de pagamento e meio commodity (para alguns). Estamos criando a nossa própria mitologia financeira, uma moldada para a era digital do século 21.

E muitos fiéis foram conquistados para o rebanho, principalmente no ano passado, com a grande valorização dos ativos digitais. Tudo graças à relação demanda/oferta, a lei sagrada do mercado.

Apesar das divagações, volto ao ponto central: a fé. Você acredita em Bitcoin? Ou melhor, você acredita no dólar? Eu faço esse questionamento sobre a moeda mais poderosa do mundo por causa de uma pergunta muito comum entre os nossos leitores: as moedas digitais têm lastro?

A resposta é não, mas, talvez para a sua surpresa, o dólar também não tem. Nem o real ou euro, ou qualquer outra moeda. E pensar que, todo esse tempo, você estava gastando apenas papel colorido...

E o próprio papel está com os dias contados: 2017 pode ter sido o ano em que as transações por meio de cartões superaram o valor das transações usando cédulas e moedas no mundo, de acordo com previsão da consultoria Euromonitor.

Com o mundo real cada vez mais migrando para o digital, o que sustenta tudo é a confiança. No caso da moeda de um país, isso quer dizer do seu povo e das suas organizações. Mas, como bem sabem os nossos vizinhos argentinos, a crença na moeda pode ser facilmente perdida quando os governos falham – eu estive no ano passado na Argentina e, ainda hoje, eles só pensam e fazem suas contas em dólares. Creio que nunca vão se recuperar de seus traumas.

E a fé também se estende a todo o sistema financeiro. E com o nosso dinheiro hoje sendo todo eletrônico, nossa crença está toda depositada nos bancos. Mas o que acontece quando eles falham ou as instituições financeiras se mostram corruptas e imprudentes, como na crise de 2008?

A resposta é que as instituições financeiras são resgatadas pelos governos e a dívida é “socializada” entre os contribuintes. Ou seja, eu e você pagamos o preço.

Mas você poderia perguntar: existe uma alternativa para fugir disso?

É exatamente aqui que entram as criptomoedas e a sua tecnologia, a blockchain. Elas representam uma nova visão descentralizada para as finanças.

Obviamente que devemos duvidar sempre das novidades, mas a nossa incapacidade de prever o futuro nos deixa desconfiados. Você apostaria, por exemplo, em 1980, no IPO da Apple? Hoje a resposta parece óbvia, mas naquele tempo comprar uma ação poderia parecer simplesmente uma idiotice. “Computador? Isso nunca vai dar certo. As máquinas de escrever elétricas são o futuro”, diriam os céticos.

Porém, o que estamos vendo é um grande interesse das próprias instituições financeiras, dos governos e das grandes empresas na tecnologia da blockchain. Eles estão vendo a revolução se aproximando e correm para não ficar de for.

E é por isso que a Inversa tem o orgulho de apresentar aos seus assinantes o curso Blockchain Experience.

O treinamento, organizado pela Helena Margarido, responsável pela série Crypto Evolution, vai desvendar todos os detalhes dessa revolução por meio de videoaulas, videochats (para esclarecer as suas dúvidas) e diversos conteúdos extras.

E ainda haverá um encontro presencial, em que os participantes terão o privilégio de conversar pessoalmente com a Helena sobre o futuro da tecnologia e das criptomoedas.

Se você não bota muita fé no mundo dos investimentos digitais, saiba que até os céticos já se renderam. A Receita Federal com certeza está entre eles, pois já incluiu instruções para a declaração de moedas virtuais no Imposto de Renda.

Aqui cito as regras do Leão, que definitivamente quer a sua parte em reais nos lucros das criptomoedas: “muito embora não sejam consideradas como moeda nos termos do marco regulatório atual, [as criptomoedas] devem ser declaradas na Ficha Bens e Direitos como 'outros bens', uma vez que podem ser equiparadas a um ativo financeiro.”

Escreva para mim contando a sua opinião ou com perguntas sobre investimento no investigador@inversapub.com.

Um abraço,

André Zara

Conheça o responsável por esta edição:

Andre Zara

Especialista em Investimentos para Leigos

André Zara é autor da newsletter “Investigador Financeiro” e sócio da Inversa. Participa das publicações Investidor Completo e Crypto Evolution e, em sua carreira, já colaborou com publicações da Folha de São Paulo, d’O Estado de São Paulo, da editora Abril e do Sebrae-SP. É investidor, empreendedor, entusiasta do mercado de criptomoedas e de projetos de disseminação da cultura de investimentos no Brasil.

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