Global Investor #83: China - um catalisador para ciclos de alta na Bolsa brasileira

21 de dezembro de 2022
O processo de reabertura da economia chinesa está ocorrendo de forma rápida e tumultuada e o Partido Comunista Chinês fará o que for necessário para que tal processo seja um sucesso, mesmo que, agora, tenha que omitir informações de forma mais vexatória do que sempre fez com seus dados econômicos.

Bem-vindo(a) a mais uma edição da newsletter Global Investor! 

Na semana passada, lançamos a edição “Saí pra lá pessimismo!” e o mercado, de fato, está melhorando. E, como parte dos argumentos apresentados, mencionamos a importância da semana passada ter sido marcada por vencimentos de índice futuro do IBOVESPA e de opções sob ações, pois, tudo isso contribuiu para que as tesourarias, de certa forma, forçassem um movimento para uma determinada direção: para baixo!

O mercado passou por este período de vencimentos e ficou mais leve, talvez essa seja uma indicação de que, em breve, veremos uma melhora mais intensa. 

O Brasil pode até não ser mais o país do futuro, mas ainda continua a ser um ótimo trade. O nosso país está alinhado com os Estados Unidos em termos de fuso horário, o que faz com que o mercado brasileiro seja extremamente rico e importante, até mesmo diante do ponto de vista especulativo.

Mas, o tema desta semana é: "Caminho sem volta" e aqui a referência é direcionada à  China que, já no passado, representou uma espécie de catalisador para ciclos de alta na Bolsa brasileira.

Vimos esse cenário ocorrer após a crise de 2008 com o grande impulso chinês, principalmente em termos de infraestrutura e construção civil, assim como também em 2016, após uma certa crise na China que gerou um grande impulso fiscal e monetário canalizado para o setor de construção civil. 

Desta vez, temos um caminho sem volta, pois o fim da política de Covid zero na China é uma mudança abrupta que, para o resto do mundo, representou um fracasso por parte dos chineses. Mas, na China a história não é bem assim... 

O Partido Comunista Chinês faz questão de sempre emplacar uma narrativa vitoriosa! A política da Enemies Clearly foi colocada de lado e o processo de reabertura da China está sendo muito rápido e acontecendo de forma bem tumultuada!

Os chineses não contam com o suporte de UTIs, unidades de terapia intensiva, como os Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra e outros países desenvolvidos possuem. A China tem uma situação mais precária, uma qual, embora os lockdowns totalitários, ditados pelo Estado, estejam rapidamente sumindo do mapa, agora, abriu um espaço para um lockdown autoimposto.

Os chineses estão ficando em casa por medo, pois, é certo que ninguém deseja parar num hospital neste momento. Assim, alguns estrategistas afirmam que esse período de dezembro e janeiro tende a ser mais tumultuado, mas, que, a partir de fevereiro, é provável que a China mostre ainda mais crescimento, mesmo que desta vez seja de característica mais modesto do que aqueles experimentados em 2009 e em 2016.

Agora, o crescimento esperado não irá contar com impulsos fiscais em termos de infraestrutura e construção civil, este será mais focado no consumo chinês.  

Mas, mesmo assim, se pensarmos de forma tática, alinhando essa análise com as pautas já discutidas aqui na Global Investor durante as últimas semanas, relembramos que, em 2015, logo após a eleição de Dilma Rousseff para o seu segundo mandato, a Bolsa brasileira fez uma mínima no mês de dezembro e subiu até o mês de maio do ano seguinte e, agora, algo muito similar pode estar em curso novamente, a China pode realmente ser um importante catalisador para o Brasil

Certamente, o dinheiro será direcionado para o mercado de construção civil, até mesmo porque os chineses vivem um momento de grande receio, o de sofrer com uma situação parecida com uma que vivemos com a construtora Encol, com o medo das companhias quebrarem!

Os chineses já sabem disso e farão o que for necessário para resolver essa situação e, da mesma forma, vão fazer o que for necessário para que esse processo de reabertura, por mais tumultuado que ele esteja sendo, seja um sucesso. "O sucesso é uma certeza na China", ao menos para os chineses e para a narrativa emplacada pelo Partido Comunista Chinês.

Bem, tudo isso tende a ser positivo para o Brasil, afinal, temos um novo governo, mas que enfrenta um ceticismo global. Os estrategistas também dizem que: “Há certos sinais de exaustão desse populismo latino", onde já é possível ver com uma certa preocupação o que ocorre no Chile e mesmo que a Argentina tenha ganhado a Copa, por lá, ninguém vai esquecer que a inflação está se aproximando de 100%. E, no Peru, por exemplo, é impossível esquecer que Pedro Castillo tentou dar um golpe e fracassou.

Todos esses são ingredientes que contribuem para que o PT tenha um pouco mais de cuidado! A narrativa de fiscal e social deve ser melhor trabalhada! Basta ela ser um pouco melhor trabalhada para vermos de fato uma recuperação dos ativos por aqui.

Os ativos brasileiros estão subvalorizados! E, os estrategistas brasileiros e também os globais olham para o nosso país com um olhar de “caçadores de oportunidades”.

O que acontece agora nos Estados Unidos, um certo desanimo em relação às Big Techs, pode contribuir para vivermos uma realocação global. Até mesmo a recente mudança feita por Japão; a grande notícia sobre a mudança de política monetária brasileira pode fazer com que haja um certo desmonte de operações conhecidas como carry trades, além de alguns bilhões de dólares que podem irrigar a nossa Bolsa futuramente e fazer com que os nossos ativos se valorizem.

Mesmo que este seja somente um trade, será muito bem-vindo!
 

Aguardo você na próxima edição!

Um grande abraço,

Marink Martins
 

Conheça o responsável por esta edição:

Marink Martins

Especialista em Opções e Mercados Globais

Formado em Finanças pela University of North Florida, em Jacksonville, Marink Martins é um dos maiores especialistas do Brasil em operações não direcionais, com especial foco em Opções e em volatilidade. Em seus mais de 20 anos no mercado financeiro, experimentou as euforias da Bolsa de Valores e sobreviveu às suas piores crises, tendo contato com as principais estratégias de investimento em Wall Street.

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