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Não é possível afirmar que o índice S&P 500 está diante de um mercado baixista, em bearmarket. Durante as últimas semanas, foi possível observar que a Bolsa surpreendeu e desde o dia 16 de março (data da reunião do FED), o índice norte-americano subiu consideravelmente.
Os Estados Unidos se valorizaram, a China se recuperou um pouco e o Brasil andou bastante, logo, chegamos a um ponto de dúvida na Bolsa: será que esse foi um prêmio nos vendidos ou estamos diante de um novo comportamento das Bolsas?
Ao analisar a curva de juros dos treasuries americanos vemos que o preço desses títulos está caindo significativamente enquanto os seus rendimentos vêm subindo. Esse tipo de comportamento, normalmente, faz com que o preço do ouro caia porque ele não gera nenhum provento e tem um custo de carregamento que, basicamente, trata-se do custo do dinheiro que está ficando “mais caro”. No entanto, o ouro não está acompanhando essa queda, ficando estável ou subindo um pouco.
Esse descolamento entre o preço do ouro e o preço dos treasuries dos Estados Unidos é algo que chama a atenção e diz respeito ao ceticismo do mercado em relação à capacidade do FED de combater a inflação.
Está certo que Jerome Powell prometeu ao senador Richard Shelby e ao público, que fará o que for necessário para ancorar as expectativas e vai seguir o caminho de Paul Volcker na tentativa de evitar que a inflação corra solta com taxas de juros reais negativas, como ocorreu no período da Segunda Guerra Mundial. Segundo Powell, não teremos repressão financeira!
O mercado se mantém cético, o ouro sobe e diverge no preço dos treasuries, e nesse sentido, vale destacar uma jogada feita pela Rússia que envolve duas iniciativas!
A primeira é que a Rússia discursa que para os países “não parceiros da Rússia”, caso desejem comprar o gás russo, eles que comprem rublos e liquidem essa operação em moeda russa.
Os países do G7 já se posicionaram contra e julgam que essa posição russa é uma quebra de contrato. Com isso, é preciso observar como essa situação vai se desenvolver, pois, uma liquidação financeira acaba se tornando uma necessidade e, caso ela não ocorra, podemos ter um choque de preço.
Essa primeira iniciativa apresenta perigosas ramificações.
A segunda resolução russa estabeleceu um preço de 5 mil rublos por grama do ouro. E, nesta semana, a commodity atingiu um preço de 61,90 dólares por grama. Realizando um cálculo, chegamos a um valor aproximado de 80 rublos para cada dólar americano. A Rússia está afirmando ser essa a taxa de câmbio justa.
Mas, será que essa taxa vai vingar e que esse gambito russo vai dar certo? Essa é uma pergunta muito importante para se fazer!
Caso o gambito russo tenha sucesso e a moeda russa venha se valorizar, essa pode ser uma vitória econômica para o país liderado por Putin, embora ainda haja um longo caminho até tudo se concretizar.
Ao cidadão russo, cabe-lhe decidir se deseja ficar com os rublos ou optar pela conversão em ouro. Caso opte por não fazer isso, as únicas alternativas talvez sejam comprar a moeda chinesa ou Bitcoin.
Essa é uma situação a ser observada: como o mercado vai reagir nos próximos dias?
Caso o rublo venha a se fortalecer a um patamar inferior a 80 por dólar, é possível que esse seja um sinal de que essa inflação, que se faz presente, tende a subir. Dessa forma, esse bearmarket da renda fixa americana tende a se agravar e agravando a renda fixa é extremamente difícil que o S&P se mantenha estável com baixa volatilidade, como observamos agora.
O preço do ouro e do câmbio russo, neste momento, são tópicos importantes a serem observados!
Certamente, essas são variáveis importantes da semana e de fechamento de trimestre, mas é provável que passando esse período, possamos voltar a ver muita volatilidade do mercado. É preciso aguardar.
Espero que tenha gostado da edição!
Um grande abraço,
Marink Martins.