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É tempo de dólar forte! Observamos a moeda norte-americana atingir a paridade com o euro, valorizando-se frente à libra esterlina, ao iene japonês e ao won sul-coreano. Também é possível constatar que os diversos países fronteiriços, como os citados na reportagem do The Wall Street Journal (Paquistão, Líbano, Zâmbia e a própria Sri Lanka, esses que se endividaram muito durante a pandemia), agora, sofrem com o dólar squeeze, um aperto cambial que se faz presente ao redor do mundo.
Louis Vincent Gavekal, o fundador da casa de pesquisa Gavekal, escreveu um relatório abrangente, explorando diversos temas, mas ao falar do dólar sob o ponto de vista de “efeito de rede”, o analista cita como exemplo a Netflix, uma empresa que aproveitou muita da digitalização e, com sua plataforma, popularizou o serviço de streaming o qual se valoriza através do aumento de assinantes.
No começo da década passada, a Netflix crescia rápido, mas não apresentava tantos lucros, porém, a sua ação não parava de subir. Mas, recentemente, o que foi possível observar é que a sua ação atingiu um pico, chegando aos 700 dólares e logo colapsou, caindo para baixo de 200 dólares. Algo assustador.
Outro exemplo citado por Louis, é o da empresa Twitter, que cresceu muito, mas que, em janeiro de 2021, expulsou um dos seus principais usuários, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, logo após a invasão ao Capitólio, devido às razões de moral e ética. Apenas por especulação, a expulsão de um usuário como Donald Trump, pode colocar em jogo o valor da empresa.
Porém, Louis afirma: não há plataforma maior do que a cambial! E é justamente isso que esteve por trás da queda da Netflix e do Twitter. Mas o que isso nos diz?
Praticamente todos nós entramos e participamos da plataforma cambial, seja via dólar nos Estados Unidos ou real no Brasil. Contudo, o que se faz pertinente para o momento, é o dólar como reserva de valor global. Nesse sentido, a moeda norte-americana é uma grande plataforma que, praticamente, vem ganhando “assinantes” ao longo dos últimos 50 anos, ou até bem mais.
Porém, recentemente, a plataforma dólar resolveu expulsar um importante participante da rede, o maior exportador de commodities do globo: a Rússia. Dessa forma, não somente o dólar, mas também o euro.
Hoje, o euro nos revela muita fragilidade, com a Europa não tendo defesa e segurança militar, não sendo um continente independente do ponto de vista energético e sem possuir frentes tecnológicas robustas como as americanas. De forma que, sim, o dólar é a reserva de valor global e, ao expulsar a Rússia, assim como a Netflix e o Twitter perderam valor, considerando esse fator, o que Louis Gavekal nos diz é que o dólar e o euro também estão perdendo valor ao expulsarem a Rússia.
Obviamente deixando a moral e a ética de lado, pensar do ponto de vista econômico e dinâmico global é uma reflexão de extrema importância.
Espero você na próxima edição!
Um grande abraço,
Marink Martins.