Global Investor #60: Dólar em efeito de rede

14 de julho de 2022
O dólar como reserva de valor global pode ser comparado ao uso de uma determinada plataforma da nova economia. Hoje, Marink Martins compartilha com você insights de Louis-Vincent Gave, fundador da Gavekal, que fazem justamente esta comparação e nos revela que as mais recentes sanções impostas à Rússia tendem a impactar negativamente o seu domínio global.

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É tempo de dólar forte! Observamos a moeda norte-americana atingir a paridade com o euro, valorizando-se frente à libra esterlina, ao iene japonês e ao won sul-coreano. Também é possível constatar que os diversos países fronteiriços, como os citados na reportagem do The Wall Street Journal (Paquistão, Líbano, Zâmbia e a própria Sri Lanka, esses que se endividaram muito durante a pandemia), agora, sofrem com o dólar squeeze, um aperto cambial que se faz presente ao redor do mundo. 

Louis Vincent Gavekal, o fundador da casa de pesquisa Gavekal, escreveu um relatório abrangente, explorando diversos temas, mas ao falar do dólar sob o ponto de vista de “efeito de rede”, o analista cita como exemplo a Netflix, uma empresa que aproveitou muita da digitalização e, com sua plataforma, popularizou o serviço de streaming o qual se valoriza através do aumento de assinantes. 

No começo da década passada, a Netflix crescia rápido, mas não apresentava tantos lucros, porém, a sua ação não parava de subir. Mas, recentemente, o que foi possível observar é que a sua ação atingiu um pico, chegando aos 700 dólares e logo colapsou, caindo para baixo de 200 dólares. Algo assustador.

Outro exemplo citado por Louis, é o da empresa Twitter, que cresceu muito, mas que, em janeiro de 2021, expulsou um dos seus principais usuários, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, logo após a invasão ao Capitólio, devido às razões de moral e ética. Apenas por especulação, a expulsão de um usuário como Donald Trump, pode colocar em jogo o valor da empresa. 

Porém, Louis afirma: não há plataforma maior do que a cambial! E é justamente isso que esteve por trás da queda da Netflix e do Twitter. Mas o que isso nos diz? 

Praticamente todos nós entramos e participamos da plataforma cambial, seja via dólar nos Estados Unidos ou real no Brasil. Contudo, o que se faz pertinente para o momento, é o dólar como reserva de valor global. Nesse sentido, a moeda norte-americana é uma grande plataforma que, praticamente, vem ganhando “assinantes” ao longo dos últimos 50 anos, ou até bem mais. 

Porém, recentemente, a plataforma dólar resolveu expulsar um importante participante da rede, o maior exportador de commodities do globo: a Rússia. Dessa forma, não somente o dólar, mas também o euro. 

Hoje, o euro nos revela muita fragilidade, com a Europa não tendo defesa e segurança militar, não sendo um continente independente do ponto de vista energético e sem possuir frentes tecnológicas robustas como as americanas. De forma que, sim, o dólar é a reserva de valor global e, ao expulsar a Rússia, assim como a Netflix e o Twitter perderam valor, considerando esse fator, o que Louis Gavekal nos diz é que o dólar e o euro também estão perdendo valor ao expulsarem a Rússia. 

Obviamente deixando a moral e a ética de lado, pensar do ponto de vista econômico e dinâmico global é uma reflexão de extrema importância. 
 

Espero você na próxima edição!


Um grande abraço, 
Marink Martins

Conheça o responsável por esta edição:

Marink Martins

Especialista em Opções e Mercados Globais

Formado em Finanças pela University of North Florida, em Jacksonville, Marink Martins é um dos maiores especialistas do Brasil em operações não direcionais, com especial foco em Opções e em volatilidade. Em seus mais de 20 anos no mercado financeiro, experimentou as euforias da Bolsa de Valores e sobreviveu às suas piores crises, tendo contato com as principais estratégias de investimento em Wall Street.

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