Global Investor #59: Ainda é cedo para uma recessão nos EUA?

7 de julho de 2022
O comportamento dos mercados nesta terça-feira foi impressionante. O preço do petróleo despencou, afetando diversas ações associadas a commodities. Por um outro lado, os ativos mais especulativos foram os que mais se valorizaram. O que estaria por trás disso?

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Esta está sendo uma semana conturbada. Na terça-feira, o que se observou foi uma queda um tanto assustadora nos mercados e, logo no início do dia, a Petrobras caiu bastante e o preço do petróleo também, chegando a cair mais de 10% no dia. Por outro lado, as ações de empresas ditas especulativas, as “ações da insanidade”, começaram a se recuperar fortemente.

O ETF ARK Innovation da Cathie Wood (a gestora dos “Deuses”) subiu 9%. Por aqui no Brasil, algumas ações como Magazine Luiza (MGLU3) e Méliuz SA (CASH3) mostraram uma forte recuperação. 

Bem, todo esse movimento confundiu alguns estrategistas, pois, ao olhar para o noticiário, vemos muitas pessoas falando sobre uma possível recessão nos Estados Unidos. Por isso, essa é uma questão de tempo para que o Fed, o Banco Central norte-americano, promova o famoso Fed Pivot, mas… Será que essa não seria uma avaliação precoce demais?

Bem, alguns estrategistas julgam que sim! E pensam que uma recessão nos Estados Unidos ainda está um tanto distante, por isso, a queda vista durante a terça e quarta-feira em ações ligadas às commodities, é uma oportunidade: oportunidade de comprar uma proteção em relação à inflação de uma forma um pouco mais barata, claro, em termos relativos, se comparada com os preços da semana passada, por exemplo. 

Mas, o que pode estar por trás desse movimento de rotação?

Alguns especialistas questionam: será que há uma chance de um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia? Se sim, por que as ações europeias não estão disparando? E, se existe de fato essa possibilidade de que os EUA já estejam sob uma recessão e de que o Fed promoverá o Pivot, por que o dólar se encontra tão forte? 

Temos ainda outro ponto  sobre uma maior probabilidade de desequilíbrios de mercados, consequências associadas à liquidez. 
Alguns investidores passaram meses vendendo a descoberto ações da ARK Innovation da Cathie Wood, ou mesmo aqui no Brasil, ficando short em Magalu,  Via Varejo e diversas outras. 

Portanto, em caso de um reposicionamento — de um zeramento dessas posições vendidas —-, é natural que testemunharemos dias de altas expressivas nessas ações. Isso faz parte da dinâmica do mercado! E não quer dizer muita coisa.

Tudo isso não implica em uma mudança estrutural, sendo assim, aqui o argumento é: o que observamos, até o momento, atribui-se mais a algo relacionado à liquidez do que uma maior probabilidade de recessão nos Estados Unidos (embora haja)! 

A curva de juros nos EUA se inverteu no eixo entre dois e 10 anos, é possível observar uma deterioração de acordo com o Fed de Atlanta e, existem diversos outros indícios, o próprio setor imobiliário vem sofrendo bastante. Mas, o desemprego nos Estados Unidos permanece em 3,6%.

O número de vagas em aberto ainda é muito elevado, existem vários argumentos que nos mostram que ainda é muito cedo para pensar em recessão nos Estados Unidos. Sendo assim, o Fed tende a continuar elevando o custo do dinheiro de forma que essas ações mais especulativas tenham simplesmente o “voo de galinha”.  

Espero você na próxima edição!

Um grande abraço, 
Marink Martins

Conheça o responsável por esta edição:

Marink Martins

Especialista em Opções e Mercados Globais

Formado em Finanças pela University of North Florida, em Jacksonville, Marink Martins é um dos maiores especialistas do Brasil em operações não direcionais, com especial foco em Opções e em volatilidade. Em seus mais de 20 anos no mercado financeiro, experimentou as euforias da Bolsa de Valores e sobreviveu às suas piores crises, tendo contato com as principais estratégias de investimento em Wall Street.

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