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Ao analisar o principal índice de bolsa dos Estados Unidos, o S&P 500, vemos que estamos em um mercado baixista, no famoso bear market. Há quem diga que esse índice possa cair ainda mais.
Segundo o analista Mike Wilson, o estrategista do Morgan Stanley, o S&P 500 deve chegar aos 3.500 pontos. Já Jeremy Grantham, o co-fundador da gestora GMO, julga que a bolsa ficará abaixo dos 3.000 pontos.
E, caso essas quedas se materializem, elas tendem a ocorrer sem um crash, como aquele já visto na grande crise financeira de 2008 e sem um crash análogo como o dos períodos de lockdown em 2020 devido à pandemia da Covid-19.
Mas, por que essa argumentação?
Há dois importantes argumentos a serem entendidos! O primeiro está associado ao VIX, a medida popular da expectativa de volatilidade do mercado de ações com base no índice S&P 500.
Nas duas ocasiões mencionadas — crise e início dos lockdowns — o VIX disparou chegando acima de 85%. Desde então foi possível observar outros eventos em que o índice de volatilidade chegou nos 60 pontos percentuais. Mas, nos últimos meses, o VIX se apresenta mais comportado.
Muitas vezes, em situações mais voláteis, onde é possível sentir grandes oscilações, a volatilidade realizada é acima da implícita.
Cada vez mais negociável, isso ocorre porque, hoje, as pessoas protegem-se por meio do mercado futuro do VIX com operações estruturadas.
Operar de uma forma neutra do ponto de vista direcional — em termos de delta — e também da perspectiva de volatilidade, são conceitos que muitos investidores já absorveram e colocaram em prática de forma que o VIX chega no desvio padrão e acaba recuando.
Mas, obviamente, isso não impede que o VIX suba, mas a probabilidade de uma “explosão” nesse índice, parece ser menos provável neste momento.
E esse é o primeiro dos argumentos que levantam a tese de “no crash”.
Um segundo e mais importante argumento está ligado ao analista Mike Mayo, muito conhecido nos mercados e talvez o mais famoso analista no setor bancário dos Estados Unidos. Hoje, Mayo trabalha no banco Wells Fargo.
Nesta semana, após o Investor Day no J.P. Morgan, o investidor ressaltou uma importante mensagem: após o “crash da pandemia”, período em que os bancos americanos foram severamente impactados, Mike, incansavelmente, dizia que as ações de J.P. Morgan e Goldman Sachs estavam baratas demais. Ele estava certo! Afinal, os bancos lucraram muito neste período pós-pandemia.
Hoje, as instituições financeiras estão bem mais sólidas que em qualquer outra época!
Para aqueles que acompanharam os mercados nas últimas décadas sabem que, após a grande crise financeira de 2008, tivemos a “Volcker Rule” do ex-presidente do Fed, Paul Volcker, e a lei do Dodd-Frank, do senador Chris Dodd e do deputado Barney Frank, por exemplo. Essas foram leis que regularam de forma mais rígida os bancos.
Antes da crise de 2008, as instituições financeiras agiam com mais liberdade, mas o que parece agora ser um fato e o que Mayo nos convida a refletir é que os bancos estão muito mais sólidos do ponto de vista do índice de Basileia — indicador internacional —.
Hoje, os bancos têm uma base de capital muito mais robusta, de forma que seria improvável vivermos uma crise sistêmica como vista em outras ocasiões. E, com isso, há uma boa e enorme janela de oportunidades para que os mercados emergentes consigam performar muito melhor do que os ativos americanos.
Caso essa tese de “no crash” de fato se concretizar, estaremos diante de um cenário bem mais convidativo para comprar mercados emergentes, protegidos por ativos americanos, por meio do mercado futuro do S&P 500.
Bem, essa não é uma recomendação! Mas uma reflexão sobre o cenário de “no crash” que é muito positivo para os ativos brasileiros e para os ativos emergentes de uma forma geral.
Espero você na próxima edição!
Um grande abraço,
Marink Martins.