Global Investor #48: O jogo de conveniência da Índia

21 de abril de 2022
A Índia optou por assumir uma posição neutra em relação ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Neste momento, a Índia faz um importante jogo de diplomacia e de conveniência.

Bem-vindo(a) a mais uma edição da newsletter Global Investor! 

Muito se fala a respeito da polarização global e da parceria entre a China e a Rússia, mas pouco se discute a respeito da Índia!
Ela está sendo forçada a viver um certo jogo de conveniência, pois, o país é importante em diversas relações e tende a ser o mais populoso do mundo, porém, carrega uma certa vulnerabilidade energética.

A Índia importa 85% de sua necessidade energética, ficando em terceiro lugar (atrás somente da China e dos EUA) entre os maiores importadores de petróleo do mundo.

Mas, a razão pela qual ela vem fazendo um jogo de neutralidade no que diz respeito aos conflitos entre a Rússia e a Ucrânia, é uma maior dependência com a Rússia para a importação de armamentos ainda mais do que a dependência energética. 

É possível observar que a Índia importa somente 10% de petróleo provenientes da Rússia. Mas no que diz respeito aos armamentos, grande parte vem do Iraque, e essa é uma maior dependência.

Essa é uma informação muito importante porque a Índia faz um jogo que requer uma certa diplomacia muito eficaz, afinal, o governo de Narendra Modi decidiu se manter neutro na ONU, o que vem despertando uma certa revolta no governo de Joe Biden. 

A Índia precisa dos armamentos russos para a sua defesa em relação à ameaça vinda do Paquistão, e recentemente, tiveram tensões na fronteira entre China e Índia.

Entretanto, por um outro lado, a China faz parte do diálogo quadrilateral de segurança, denominado como Quad, que inclui os Estados Unidos, a Índia, o Japão e a Austrália. Logo, talvez seja por esse motivo que os Estados Unidos estejam "incomodados" com a Índia.

Os EUA não estão interferindo nessa situação para não agravar o cenário e não entrar em posições de conflitos com um importante membro do Quad que pretende impor e implementar a tal segurança no Indo-Pacífico — região que vai da Costa Leste da África até a Costa da Califórnia.

A Índia está posicionada estrategicamente, não só do ponto de vista econômico, mas também do ponto de vista geográfico.

Há um jogo de conveniência por parte da Índia, já que o país precisa se proteger economicamente e a sua inflação está alta. Caso a Europa venha, de fato, impor sanções à Rússia, envolvendo as questões sobre o petróleo e o gás natural (há quem diga que o preço do petróleo possa chegar em até 200 dólares por barril) e tudo isso pode provocar novas articulações, novos acordos em toda essa região e a Índia está no ponto central.

As decisões políticas do governo de Narendra Modi são decisões que tendem a ter ramificações globais, inclusive na precificação de ativos.

Fiquemos atentos!
 

Espero que tenha gostado da edição!

Um grande abraço, 
Marink Martins. 

Conheça o responsável por esta edição:

Marink Martins

Especialista em Opções e Mercados Globais

Formado em Finanças pela University of North Florida, em Jacksonville, Marink Martins é um dos maiores especialistas do Brasil em operações não direcionais, com especial foco em Opções e em volatilidade. Em seus mais de 20 anos no mercado financeiro, experimentou as euforias da Bolsa de Valores e sobreviveu às suas piores crises, tendo contato com as principais estratégias de investimento em Wall Street.

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