Do Mercado #65: O trade Bolsonaro tem vencimento!

17 de agosto de 2022
Faltam menos de dois meses para as eleições presidenciais no Brasil e, agora, tentar arriscar tomar certas posições pode ser um grande risco, ainda mais quando as pesquisas apontam cenários incertos.
 

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Nas últimas semanas, o mercado se valorizou de forma significativa, principalmente em relação a alguns ativos, como foi o caso da Petrobras e do Banco do Brasil, esses que são os principais termômetros do mercado durante o período eleitoral. Afinal, devido à importância dessas empresas para o país, elas acabam evidenciando as diferenças entre a visão política de cada candidato. Entenda…

De fato, conforme as pesquisas de intenções de votos, passou-se a ter uma percepção de que Jair Bolsonaro vem recuperando o seu patamar e o responsável por essa melhora foi a queda nos preços dos combustíveis e o efeito perceptível em impostos.

Além da queda dos preços dos combustíveis, quando o Auxílio Brasil no valor de R$600,00 for aplicado à população, essa percepção poderá ter uma maior relevância no mercado e nas ações de Petrobras e Banco do Brasil. 

E, no caso da Petrobras, esse é um dado ainda mais expressivo, pois no índice, as ações da petroleira são de grande importância para a economia. 

Esse ‘trade’ de Bolsonaro, mesmo se essa conquista pela preferência do eleitorado for cada vez mais contínua, não irá se sustentar.  

Vamos imaginar uma ação hipotética… As grandes Assets têm um incentivo marginal superior ao tomarem um pouco menos de risco, pois, comparadas com os seus pares, essas são empresas que já deram certo. Uma companhia avaliada no valor de 20, 30 ou 40 bilhões de reais sob gestão, somente com as taxas de administração, pode chegar a lucrar fortunas e, dessa forma, compensar todas as suas despesas. Sendo assim, há uma aversão a arriscar essas posições, sobretudo diante de um mercado tão difícil como o qual estamos vivendo. 

Essas grandes gestoras, em geral, afirmam que a eleição é um momento muito complicado de se operar, uma vez que nesse período todos estamos sujeitos a grandes e repentinas mudanças. 
Anteriormente, o mundo já viu isso acontecer, o BREXIT, as eleições norte-americanas de 2018, as eleições europeias e até mesmo na última eleição presidencial brasileira, foram claros exemplos. 

Os passivos dos fundos — base de clientes —  sabem que as gestoras não adotarão esses tipos de riscos. Logo, quando um determinado candidato vencer as eleições, essas Assets não sentirão as cobranças associadas por uma ausência de resultados por causa do evento. 

Por exemplo, caso o mercado apresente melhoras, nenhum cotista ficará chateado por não ter um grande resultado no dia seguinte do resultado da eleição. Essa é uma ótima forma de respaldo, pois, ao determinar que não desejam adotar esse risco, as gestoras se abstêm dessa "obrigação’’ de executá-los, tornando a alocação de risco mais simples para essas gestoras: basta ser conservador!

Outro fator importante é entender que o candidato Lula estava à frente de Bolsonaro tanto nas pesquisas eleitorais, quanto no mercado de apostas e nos preços dos ativos. E com isso, observamos as ações de Petro se depreciando simultaneamente enquanto o candidato petista foi avançando nas pesquisas.

Não é segredo, sendo parte da política do governo Lula, que a Petrobras terá os seus lucros reduzidos, portanto, a distribuição de dividendos que é parte fundamental do valuation de uma empresa, considerando o atual grau de maturidade da Petro, sofrerá efeito direto no preço. Todo esse posicionamento faz parte da campanha do candidato petista.

Investir dinheiro no trade de Bolsonaro, principalmente próximo às eleições, é um risco!

Agora, há menos espaço para sair desses tipos de trades (os arriscados), caso mudanças drásticas e repentinas aconteçam. O evento está ficando cada vez mais digital, afunilando a dinâmica ‘vence ou perde’.

Sabemos que o resultado das eleições pode ter um preço muito maior, com isso, os grandes fundos estão cientes que esses são estímulos que devem ser evitados. 

Entretanto, embora as eventualidades sejam diversas com o aumento do favoritismo ou a diminuição desse nas eleições, somente um candidato será eleito! Ou seja, brincar com essas precificações utilizando um movimento relevante, não faz sentido para quem já é e está consolidado ou já adotou o 'esquivo do risco', assegurando desempenhos positivos, além de deter a vantagem competitiva dado que esses tenham acesso às informações de antemão. É preciso saber capitalizar e realizar o lucro nesse momento!

Esse deve ser o famoso trigger: o momento de saída para esse tipo de player.

 

Aguardo você na próxima edição!
 

Um grande abraço,
Rodrigo Natali.

Conheça o responsável por esta edição:

Rodrigo Natali

Estrategista-Chefe

Rodrigo Natali tem graduação e MBA pela FGV. É especialista em câmbio e macroeconomia, tem 25 anos de experiência no mercado financeiro, tendo passado por diversas instituições nacionais e internacionais onde exerceu a profissão de trader e gestor de fundos de investimento multimercado.

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