Do Mercado #61: Cuidado com o excesso de pessimismo no mercado!

20 de julho de 2022
Não é à toa que 2022 está sendo comparado com a década de 70… Se estamos em um bear market global, as suposições devem ser descartadas e manter-se neutro é proteger os seus investimentos.
 

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O momento é difícil e a quantidade de efeitos micro e macroeconômicos tensiona cada vez mais a economia global.

Nos Estados Unidos, por exemplo, o mercado de emprego, complicações energéticas associadas à guerra, a queda da popularidade de Biden, os movimentos de alta de juros e os de persistências nos núcleos são questões que, agora, afetam todo o globo em uma alta escala. 

E os problemas não percorrem apenas o território norte-americano, pois, a Europa também apresenta diversos entraves com a sua economia fiscalmente descentralizada que, agora, necessita realizar um movimento de combate à inflação dado que o choque ESG, por lá, tem sido mais forte que em qualquer outro lugar do mundo. 

Como se não fosse suficiente, os problemas prospectivos de financiamento da dívida dos países não centrais, como no caso da Itália, também agrava a economia global. O primeiro-ministro do país, Mario Draghi já solicitou a sua saída do parlamento, e o país ainda vive impasses devido à dependência do gás russo.

O mundo parece estar em crise... O Japão, a Inglaterra e a China apresentam, quase que diariamente, notícias preocupantes. Pois, os chineses estão enfrentando novos surtos de Covid-19 enquanto, simultaneamente, os problemas do complexo industrial chinês acontecem. 

Já no Brasil, as eleições presidenciais se aproximam e o dólar se comporta pior aqui do que em outros lugares. A moeda americana tem feito altas históricas no exterior. Ou seja, estamos diante de uma sequência de complicados eventos. 

Mas, em momentos como esses nos quais nos deparamos com notícias extremamente negativas, é deveras importante preservar a cautela antes de adotar qualquer decisão. Afinal, em fases ruins é comum que as pessoas suponham que tomar posições pessimistas é uma boa ideia. Tomar atitudes em momentos conturbados tendem a ser as piores escolhas possíveis.

Atualmente, a Bolsa brasileira já está a 96 mil, o dólar a R$ 5,50 e lá fora, a moeda americana já se encontra em sua máxima histórica. O euro, após 20 anos, está abaixo da paridade com o dólar, ao mesmo tempo  em que o preço do gás e do petróleo estão altíssimos.

Para esses momentos, é natural que o “conforto” da escolha de operar contra se mostre uma boa opção, mas normalmente é o oposto! 

Diante do bear market, há movimentos contrários intensos, esses que acontecem justamente quando o nosso lado mais emocional e intuitivo indica que não deveria acontecer.

A Alemanha é um exemplo claro disso. No dia em que Vladimir Putin comunicou que a Rússia usaria o “caos maior” para deixar de cumprir os contratos de fornecimento de gás para o país, fazendo uma espécie de “aviso” sobre as dificuldades que estariam por vir na época do inverno e que, para esse período, as pessoas já não teriam um estoque de gás, esse alerta sobre uma necessidade de racionamento afetou o PIB alemão já pela madrugada e, no dia seguinte, a Bolsa alemã subiu 5% realizando a maior alta do globo.

Na sequência, observamos a Bolsa americana apresentar uma alta de 98% de todos os membros do índice S&P, um movimento extremamente amplo não visto desde 2018. Em termos de qualidade, essas foram uma das maiores altas dos últimos anos.

E, a hipótese de que quando tudo parece ruim, o mercado vai totalmente contra, enfatiza-se outra vez. Ao olhar os preços do Brasil, os lá de fora e a piora do dólar, as pessoas tentam operar fluxo, julgando antecipadamente que esse movimento para o segundo semestre será negativo e, dessa forma, já estão comprando o dólar a R$ 5,45 com os juros a 14%  precificado na curva. Bem, essa não é uma boa ideia… 

É extremamente difícil operar fluxo e adiantar esses movimentos!

Agora, a dica é sempre optar por permanecer zerado ou levemente otimista. Afinal, a hora de se manter no contrário já passou, isso é,  quando anteriormente o S&P estava na máxima histórica, a Bolsa a 130 mil e o dólar a R$ 4,70 e o euro a R$ 1,18. Mas, hoje esses preços já caíram 20% em vários cenários.

Agora não é hora de ficar pessimista, é hora de se manter neutro!  E, é preciso ter muito cuidado, pois, esses movimentos podem ser curtos e fortes, com chances de acontecerem sob um overnight sem chances para zerá-los. 

Os problemas nos mercados e os fortes rallies são comuns e essa não é uma exclusividade do momento. O mercado viveu isso na década de 70, por isso, as imensas comparações com o atual período. 

Não se deixe levar pelo excesso de pessimismo, principalmente em um mundo onde há uma guerra de informação! 

Muitas informações sobre os eventos globais tendem a ser contagiadas, não fidedignas, definindo apenas um único ponto de vista da situação de acordo com quem deseja controlar a narrativa. 

Aguardo você na próxima edição!
 

Um grande abraço,
Rodrigo Natali.

Conheça o responsável por esta edição:

Rodrigo Natali

Estrategista-Chefe

Rodrigo Natali tem graduação e MBA pela FGV. É especialista em câmbio e macroeconomia, tem 25 anos de experiência no mercado financeiro, tendo passado por diversas instituições nacionais e internacionais onde exerceu a profissão de trader e gestor de fundos de investimento multimercado.

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