Do Mercado #52: A escalada das tensões geopolíticas

18 de maio de 2022
Os conflitos entre a Rússia e Ucrânia não cessam, mas, agora, o cenário tem um novo foco que preocupa o mundo: Finlândia e Suécia pedem a adesão para a Organização dos Tratados do Atlântico Norte.
 

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Durante o fim de semana, foi anunciado que a Finlândia e a Suécia aceitariam entrar para a OTAN.

A Organização dos Tratados do Atlântico Norte é a aliança entre os Estados Unidos e os países da Europa criada para se opor, de início, aos países do Pacto de Varsóvia durante a guerra fria — 1947 à 1991 —, um período em que o mundo se viu dividido entre o Ocidente e a Rússia e seus aliados. 

Quando a União Soviética terminou em 1991, era esperado que a OTAN também acabasse, mas isso não aconteceu! E, posteriormente, na época da queda da União Soviética, Mikhail Sergeevitch Gorbatchov estabeleceu um acordo com os Estados Unidos: A OTAN não deveria prosseguir com a sua expansão. Essa foi uma das condições que levaria à dissolução da União Soviética.

Um acordo que acabou não sendo cumprido, afinal os Estados Unidos foi agregando cada vez mais países na organização.

Mas, em justificativa, os EUA refuta que esse acordo foi realizado, no passado, com a União Soviética e não com a Rússia. Vale lembrar também que o líder russo, Vladimir Putin, tentou fazer parte da OTAN, mas foi rejeitado. 

O início dos atuais conflitos se deu pelas ameaças feitas pela Ucrânia sobre entrar para a OTAN, esse é um gigante problema estratégico para a Rússia, pois, a Ucrânia passaria a ser o “inimigo” que mora ao lado. 

A Rússia, imediatamente, se posicionou contra essas ameaças, afirmando que, se a Ucrânia aceitasse o acordo com a OTAN, o exercito russo invadiria o país. 

A Rússia cumpriu com o seu discurso! Os conflitos iniciaram e os Estados Unidos não se isentou e passou a realizar cada vez mais sanções contra a Rússia, pressionando também a Europa para aceitar e respeitar as tais sanções.

Mas, no último fim de semana, foi possível constatar que dez bancos europeus já abriram contas em rublos para conseguir importar o gás russo, visto que, agora, a Rússia exige que a compra do gás seja paga em rublos. O que fez com que a moeda russa alcançasse a máxima de cinco anos.

Diferentemente do euro, o rublo está mais fortalecido após as guerras. Com essa "vantagem", a Rússia criou, artificialmente, uma demanda para a sua própria moeda. 

A moeda russa está se apreciando, mas para o governo, não necessariamente, isso é algo positivo em termos de exportação e importação, porém, essa é uma forma deles criarem um sistema de pagamento fora do Swift — Sociedade de Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais —, do euro, do dólar e de outras moedas tradicionais. 

É nítido que a Europa não deseja usar a moeda russa, pois ela é uma aliada dos Estados Unidos, mas, é extremamente difícil alterar qualquer matriz energética no curto prazo. 

Algumas notícias afirmam que a Europa, praticamente, já consegue viver sem a energia russa, mas essas não são declarações concretas e verdadeiras. Ainda vai levar muito tempo para que essa dinâmica do gás mude. A Europa, os Estados Unidos, a Rússia e todo o mundo sabe disso.

Estamos em uma guerra fria e em uma guerra de proxy — por procuração — e, onde há uma “fumaça da guerra”, é impossível saber o que realmente está acontecendo, pois, também existe a “guerra de propaganda” onde alguns fatos são sempre distorcidos. 

Mas, as questões não param por aí e, agora, novos focos criam uma ramificação para os conflitos: a Finlândia e a Suécia estão tentando entrar para a OTAN.

Esse recente anúncio preocupou o mundo todo, primeiramente porque a Finlândia sempre foi um país neutro e, talvez, não precisasse ter se posicionado dessa forma neste momento. Porém, o que tudo indica é que a Finlândia realizou o pedido para entrar para a OTAN por pressão dos Estados Unidos.

A Finlândia divide a maior fronteira com a Rússia e Estocolmo, capital da Suécia, que está ao lado de St Petersburg. 

É difícil prever o que pode acontecer, mas é certo que as questões geopolíticas escalaram-se de forma significativa e, infelizmente, para esse tipo de conflito, não existe nenhum  tipo de hedge, ou seja, proteção.

Esse novo foco é muito perigoso, pois a Rússia está convicta sobre as suas atitudes e “respostas” contra as ameaças.

E outro fato agravante é que; esses tratados não estão flexibilizando uma "saída" para o presidente russo, Vladimir Putin que, até semana passada, poderia anunciar o fim dos conflitos na Ucrânia, parando a guerra e esquivando as sanções destinadas à Rússia. 

O cenário é preocupante, é preciso olhar todos os movimentos de forma neutra e acompanhar todas as dinâmicas. 

Aguardo você na próxima edição!

Um grande abraço,
Rodrigo Natali.

Conheça o responsável por esta edição:

Rodrigo Natali

Estrategista-Chefe

Rodrigo Natali tem graduação e MBA pela FGV. É especialista em câmbio e macroeconomia, tem 25 anos de experiência no mercado financeiro, tendo passado por diversas instituições nacionais e internacionais onde exerceu a profissão de trader e gestor de fundos de investimento multimercado.

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