Do Mercado #49: Movimento singular: como explicar a alta do dólar?

27 de abril de 2022
As dificuldades no mercado financeiro continuam e, recentemente, foi possível observar um movimento incomum no câmbio. Muitas vezes, em momentos sensíveis, adotar uma posição menos ativa também é uma forma de ganhar dinheiro.
 

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Durante as últimas semanas, o mercado começou a se deteriorar e voltou a precificar todos os cenários de riscos, reforçando a necessidade de manter uma visão mais cautelosa, principalmente no câmbio, no qual a maioria dos especuladores e fundos locais multimercados mantinham as suas posições. 

Esse movimento, visto durante a sexta-feira passada, se manteve ao longo da semana com o dólar subindo diariamente e de forma muito agressiva, chegando a operar entre R$ 4,95 (anteriormente em R$ 4,62), fazendo com que Banco Central precisasse intervir por meio de um leilão de pronto — leilão de dólar à vista —  e, na sequência, por um swap

Essa é uma dinâmica impressionante! Imaginar que na quinta-feira passada, a low do câmbio foi à R$ 4,62 e, no dia seguinte, houve um leilão... O movimento de quase 5% na máxima do dia foi extremamente raro para o câmbio que, normalmente, tem uma volatilidade menor se comparado com a Bolsa!  

Esse foi um evento muito forte que manteve o foco no real que, durante algumas semanas, foi a moeda que melhor performou dentre todas do mundo. Afinal, houve dias em que todas as outras moedas foram se depreciando contra o dólar enquanto o real fazia o contrário. 

Na época, estávamos mais negativos, com isso! A Bolsa (aqui e lá fora) acabou caindo cada vez mais, chegando próximos das lows e do S&P (cerca de 2.5% entre 4.200 pontos). Diante desses preços, assumimos posições mais neutras e acreditamos que uma boa posição seja a de “venda-venda”, isso é: vender o dólar futuro e vender o índice futuro

Se tudo for constante e o investidor conseguir obter ganhos de carregos cheios nos dois ativos (tanto no dólar quanto na Bolsa e, consequentemente, no nível de câmbio), vai ser possível observar que o risco tomado, em sua maioria, foi no dólar. 

Há meses, o mercado de Bolsa está hostil para operar e com a volatilidade vista no S&P, tudo fica ainda mais difícil. O mercado de pré também está complicado já que a inflação está próxima do seu pico e, simultaneamente, estamos próximos de uma alta.

O movimento de inversão se mostrou muito mais agressivo em relação ao de queda, justamente no câmbio. Agora, diante desses preços que não são fáceis de vender, esse é um bom momento para fazer a posição de venda-venda, pois, vender o dólar futuro e o índice futuro, praticamente, não consome nada de caixa.

Enquanto o mercado não define uma posição mais certeira, essa é uma boa operação que pode render até 200% do CDI sem sofrer grandes riscos direcionais. Pois, nesse intervalo, se manter resguardado é saber que para ganhar dinheiro no mercado financeiro, em certos momentos, é preciso aguardar! 

Espero que tenha gostado da edição!

 

Um grande abraço,
Rodrigo Natali.

Conheça o responsável por esta edição:

Rodrigo Natali

Estrategista-Chefe

Rodrigo Natali tem graduação e MBA pela FGV. É especialista em câmbio e macroeconomia, tem 25 anos de experiência no mercado financeiro, tendo passado por diversas instituições nacionais e internacionais onde exerceu a profissão de trader e gestor de fundos de investimento multimercado.

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