Do Mercado #12: O mercado sempre tenta adiantar o que vai acontecer

9 de agosto de 2021
Na Do Mercado de hoje, comento a reunião do COPOM da última quarta-feira, dia 4, e o que eu acho e que o mercado espera para a taxa Selic no final de 2021.

Olá, aqui é o Rodrigo Natali.

Seja bem-vindo(a) a mais uma “Do Mercado”.

Hoje, vou falar sobre, principalmente, duas coisas:

1-    A reunião do COPOM - Comitê de Política Monetária – que aconteceu na última quarta-feira, dia 4; e 

2-    Os juros para o final do ano: o que eu acho e que o mercado espera para a taxa Selic no final de 2021.

Começando pela primeira. A nova taxa Selic divulgada foi 5,25%, um aumento de 1 ponto percentual. Essa decisão do COPOM foi consensual; o mercado, economistas e especialistas já haviam precificado as taxas de juros futuras. 

Pode-se dizer que surpreendeu algumas pessoas, pois o Banco Central, ao divulgar o comunicado, afirmou que a inflação, antes encarada como transitória, tinha um aspecto mais permanente, dando a entender que estava preocupado com o que vem acontecendo nos últimos meses.

E, ao mesmo tempo, afirmou-se que a ideia seria levar os juros acima do patamar de neutralidade, sinalizando que o movimento pensado para a taxa de juros seria maior que o esperado.

Estamos no meio deste movimento. Até o final do ano, ainda teremos três reuniões; as próximas estão agendadas para 21 e 22 de setembro.

O mercado já precificou, inclusive antes da reunião da semana a passada, mais 100 pontos-base de alta. Soma-se a isso mais 0,75% para a segunda e outros 0,75% para a terceira reunião, elevando a taxa Selic até o final do ano para 7,75%.

Agora, a grande dúvida do mercado é se terminamos o ano entre 7,5% e 8%.

Apesar da surpresa para algumas pessoas, no dia seguinte à reunião do COPOM. Dia 5 de agosto, o dólar abriu caindo bastante, mas depois subiu novamente.

Por quê?

Nos preços futuros da taxa de juros, como afirmei no começo desta newsletter, o aumento anunciado já havia sido precificado. Desde antes da reunião.

O mercado sempre tenta adiantar o que vai acontecer. Nesta reunião especificamente, o fez de forma excepcional.

O que levanta uma questão: o mercado prevê o que o Banco Central vai fazer ou o Banco Central faz o que já está no preço do mercado?

Com certeza já aconteceu de o mercado controlar o BC. Isso, por vezes, entra dentro de uma narrativa maior que, na minha opinião, passa até pelo câmbio.

Hoje, as pessoas têm posições muito grandes vendidas no dólar; tentar influenciar o BC a puxar o juro, dado que o mercado pensa, bem, no mercado, não apenas na economia e nos efeitos posteriores, faria sentido, pois facilitaria a vida desses investidores.

Mas dado que desta vez esse aumento na taxa básica de juros já estava no preço, esse efeito acabou não acontecendo.

O movimento se reverteu.

Por outro lado, olhando para os juros do final do ano, o que está no preço agora é o máximo que deve ocorrer: assim, em minha opinião, 8% é um teto, um valor limite.

As possíveis mudanças que vêm pela frente podem ser positivas para a inflação, e apenas então começaremos a ver o efeito dessa alta da Selic na economia.

O próprio Banco Central, até mesmo o livro-texto, afirma que as altas nos juros demoram de 6 a 9 meses para fazer efeito.

Dito isso, o BC está de olho na inflação do ano que vem, 2022, pois a deste ano já está muito próxima e “contratada”.

Vamos começar a sentir apenas agora os efeitos dessa alta dos juros, que começou lá em fevereiro.

E acredito que isso pode impactar a economia.

Se essa alta começar a se refletir nos preços hoje, provavelmente o BC terá a chance de ser menos agressivo.

É como se a reunião da semana passada fosse a última reunião que joga os juros e suas expectativas para cima.

Por fim, antes de me despedir, gostaria de comentar um detalhe que, curiosamente, ainda não vi acontecer.

O meio político não começou a criticar a alta dos juros. 

Conforme chegamos perto do final do ano e o nível da taxa de juros vai subindo, se chegarmos aos esperados 7,5%, viramos a 34ª economia com os juros mais altos do mundo.

E podemos voltar ao discurso de ataque ao Banco Central, o que é ruim, pois, quando isso acontece, acusam o BC de não ser independente.

Em um ano eleitoral, esse é um artifício muito fácil de se aplicar, pois ninguém gosta de juros altos, não é?

Não tenho dúvida que isso pode acontecer daqui pra frente. É até curioso que não tenha acontecido ainda.

Essa foi a “Do Mercado” de hoje, espero que tenha gostado.

Para ver a edição em vídeo, é só dar o play ali em cima!

 

Um abraço,

Rodrigo Natali

 

P.S.: Na última quarta-feira, antes mesmo de sair a atualização da taxa Selic, nossos especialistas fizeram uma live para comentar as decisões do COPOM ao vivo e como isso poderia impactar seus investimentos. A live foi realizada na nova plataforma da Inversa, a inv, a primeira plataforma de streaming para você poder ganhar dinheiro na prática. Sabe Netflix e Spotify, onde você faz o cadastro e escolhe o conteúdo que quer consumir? Na inv é a mesma coisa. Você faz cadastro e tem acesso único a um conteúdo exclusivo. Tudo isso por apenas R$ 19,90 por mês. Comece a viver essa experiência única no mercado neste link exclusivo.

Conheça o responsável por esta edição:

Rodrigo Natali

Estrategista-Chefe

Rodrigo Natali tem graduação e MBA pela FGV. É especialista em câmbio e macroeconomia, tem 25 anos de experiência no mercado financeiro, tendo passado por diversas instituições nacionais e internacionais onde exerceu a profissão de trader e gestor de fundos de investimento multimercado.

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