Olá, aqui é o Rodrigo Natali.
Seja bem-vindo(a) a mais uma “Do Mercado”.
Hoje, vou falar sobre, principalmente, duas coisas:
1- A reunião do COPOM - Comitê de Política Monetária – que aconteceu na última quarta-feira, dia 4; e
2- Os juros para o final do ano: o que eu acho e que o mercado espera para a taxa Selic no final de 2021.
Começando pela primeira. A nova taxa Selic divulgada foi 5,25%, um aumento de 1 ponto percentual. Essa decisão do COPOM foi consensual; o mercado, economistas e especialistas já haviam precificado as taxas de juros futuras.
Pode-se dizer que surpreendeu algumas pessoas, pois o Banco Central, ao divulgar o comunicado, afirmou que a inflação, antes encarada como transitória, tinha um aspecto mais permanente, dando a entender que estava preocupado com o que vem acontecendo nos últimos meses.
E, ao mesmo tempo, afirmou-se que a ideia seria levar os juros acima do patamar de neutralidade, sinalizando que o movimento pensado para a taxa de juros seria maior que o esperado.
Estamos no meio deste movimento. Até o final do ano, ainda teremos três reuniões; as próximas estão agendadas para 21 e 22 de setembro.
O mercado já precificou, inclusive antes da reunião da semana a passada, mais 100 pontos-base de alta. Soma-se a isso mais 0,75% para a segunda e outros 0,75% para a terceira reunião, elevando a taxa Selic até o final do ano para 7,75%.
Agora, a grande dúvida do mercado é se terminamos o ano entre 7,5% e 8%.
Apesar da surpresa para algumas pessoas, no dia seguinte à reunião do COPOM. Dia 5 de agosto, o dólar abriu caindo bastante, mas depois subiu novamente.
Por quê?
Nos preços futuros da taxa de juros, como afirmei no começo desta newsletter, o aumento anunciado já havia sido precificado. Desde antes da reunião.
O mercado sempre tenta adiantar o que vai acontecer. Nesta reunião especificamente, o fez de forma excepcional.
O que levanta uma questão: o mercado prevê o que o Banco Central vai fazer ou o Banco Central faz o que já está no preço do mercado?
Com certeza já aconteceu de o mercado controlar o BC. Isso, por vezes, entra dentro de uma narrativa maior que, na minha opinião, passa até pelo câmbio.
Hoje, as pessoas têm posições muito grandes vendidas no dólar; tentar influenciar o BC a puxar o juro, dado que o mercado pensa, bem, no mercado, não apenas na economia e nos efeitos posteriores, faria sentido, pois facilitaria a vida desses investidores.
Mas dado que desta vez esse aumento na taxa básica de juros já estava no preço, esse efeito acabou não acontecendo.
O movimento se reverteu.
Por outro lado, olhando para os juros do final do ano, o que está no preço agora é o máximo que deve ocorrer: assim, em minha opinião, 8% é um teto, um valor limite.
As possíveis mudanças que vêm pela frente podem ser positivas para a inflação, e apenas então começaremos a ver o efeito dessa alta da Selic na economia.
O próprio Banco Central, até mesmo o livro-texto, afirma que as altas nos juros demoram de 6 a 9 meses para fazer efeito.
Dito isso, o BC está de olho na inflação do ano que vem, 2022, pois a deste ano já está muito próxima e “contratada”.
Vamos começar a sentir apenas agora os efeitos dessa alta dos juros, que começou lá em fevereiro.
E acredito que isso pode impactar a economia.
Se essa alta começar a se refletir nos preços hoje, provavelmente o BC terá a chance de ser menos agressivo.
É como se a reunião da semana passada fosse a última reunião que joga os juros e suas expectativas para cima.
Por fim, antes de me despedir, gostaria de comentar um detalhe que, curiosamente, ainda não vi acontecer.
O meio político não começou a criticar a alta dos juros.
Conforme chegamos perto do final do ano e o nível da taxa de juros vai subindo, se chegarmos aos esperados 7,5%, viramos a 34ª economia com os juros mais altos do mundo.
E podemos voltar ao discurso de ataque ao Banco Central, o que é ruim, pois, quando isso acontece, acusam o BC de não ser independente.
Em um ano eleitoral, esse é um artifício muito fácil de se aplicar, pois ninguém gosta de juros altos, não é?
Não tenho dúvida que isso pode acontecer daqui pra frente. É até curioso que não tenha acontecido ainda.
Essa foi a “Do Mercado” de hoje, espero que tenha gostado.
Para ver a edição em vídeo, é só dar o play ali em cima!
Um abraço,
Rodrigo Natali
P.S.: Na última quarta-feira, antes mesmo de sair a atualização da taxa Selic, nossos especialistas fizeram uma live para comentar as decisões do COPOM ao vivo e como isso poderia impactar seus investimentos. A live foi realizada na nova plataforma da Inversa, a inv, a primeira plataforma de streaming para você poder ganhar dinheiro na prática. Sabe Netflix e Spotify, onde você faz o cadastro e escolhe o conteúdo que quer consumir? Na inv é a mesma coisa. Você faz cadastro e tem acesso único a um conteúdo exclusivo. Tudo isso por apenas R$ 19,90 por mês. Comece a viver essa experiência única no mercado neste link exclusivo.