É a hora de comprar Banco Inter (BIDI11)?

17 de janeiro de 2022
O Banco Inter vem se destacando no mercado financeiro brasileiro por ter angariado mais de 16 milhões de clientes nos últimos quatro anos. Mas, será que suas ações são um bom investimento?

É a hora de comprar Banco Inter (BIDI11)?

Por João Abdouni, CNPI

 

Caro (a) leitor (a),

O Banco Inter é uma fintech que vem se destacando no mercado financeiro brasileiro por ter angariado mais de 16 milhões de clientes nos últimos quatro anos. Mas, será que suas ações são um bom investimento?

 

Histórico e composição acionária
Fundado em 1994 pela MRV Engenharia, a instituição tinha a finalidade inicial de atuar como sociedade de crédito, financiamento e investimento, ao nome de Intermedium Financeira. Foi reformulado e, com o nome de Banco Inter, a companhia já conta com 16,3 milhões de clientes, crescimento de 93% versus o ano anterior, sendo um dos principais bancos digitais do país e um dos principais agentes da modernização da indústria bancária brasileira.

O grupo controlador da companhia detém 31,44% das ações, dos quais 26,04% pertencem a Rubens Menin e 5,40% ao seu filho João Vitor Menin, atual CEO da empresa.

Além disso, em 2019, a partir de um follow-on feito pelo banco, a famosa multinacional japonesa SoftBank passou a investir no banco digital, hoje detendo 15,01% das ações. O SoftBank é o player mais poderoso da atualidade quando se fala em investimentos em tecnologia, já são mais de 100 empresas no portfólio do grupo, que inclui nomes como Uber, Alibaba, Rappi, entre outros.

Outro investidor com uma posição relevante no banco é o Ponta Sul que detinha 7,73% das ações. Vamos voltar a tocar nesse acionista em específico mais à frente.


Modelo de negócios e resultados operacionais
O Banco Inter é um player totalmente digital e seu modelo de negócios se baseia em oferecer tanto características do setor bancário tradicional, quanto das fintechs ao utilizar tecnologia para prover serviços bancários.

Com um banco de varejo digital, a empresa busca simplificar e baratear os serviços bancários de seus clientes. Atualmente, por meio de seu aplicativo, o Banco Inter possui uma ampla oferta de produtos e serviços, como conta-corrente, serviços de pagamento, cartões de crédito e débito, empréstimos e financiamentos, seguros, investimentos, além do mais novo serviço oferecido pela companhia, o Inter Shop,  marcando os primeiros passos da companhia como um marketplace.

A receita da companhia nos últimos doze meses totalizou 1,7 bilhão de reais, a maior parte gerada pelas operações de crédito, que corresponderam por 74% desse valor. No terceiro trimestre de 2021, a carteira de crédito da companhia chegou a 15,9 bilhões de reais. 

O lucro líquido do período foi de 77 milhões de reais, ainda longe dos grandes bancos brasileiros pela natureza do negócio. Para propiciar seu crescimento, a empresa necessita de um investimento mais forte em despesas como marketing, buscando a expansão de sua base de clientes. Uma vez que o banco atingir um patamar consolidado de número de clientes, ele terá uma redução em suas despesas operacionais que propiciarão um resultado líquido melhor à companhia.

Além disso, a parte mais relevante de sua receita é originada pelas operações de crédito, pois a empresa, como toda fintech, busca oferecer produtos com menos taxas, uma tática fundamental para a estratégia da companhia nos dias de hoje. Porém, se o Banco Inter for capaz de propiciar um ecossistema que fidelize sua base de clientes à sua plataforma, todos os serviços que a empresa oferece podem gerar também receitas de serviços importantes.

Você pode conferir todos os resultados clicando aqui para acessar a área de Relações com Investidores.


Valor justo
Sobre o valor justo do Banco Inter, que atualmente negocia na casa dos 20 bilhões de reais, precisamos estimar primeiramente quanto o banco precisaria lucrar para justificar o seu atual valor de mercado, no qual chegamos à conclusão que ao menos 2 bilhões de reais em uma fase de maturidade justificaria seu atual market cap.

No entanto, o Banco Inter já detém 16,3 milhões de clientes, aproximadamente um terço do Banco Itaú, não consideramos que a instituição financeira consiga a mesma rentabilidade da instituição financeira liderada pela família Setúbal, que atualmente gira por volta dos 473 reais de lucro por cliente anualmente. 

Caso o lucro fosse proporcional ao Itaú, ele seria de 7,5 bilhões de reais, no entanto, para o nosso valuation inicial, consideramos que o Inter tem potencial de atingir 40% do lucro por clientes do Itaú. Dessa forma, um lucro de 3 bilhões de reais, permitiria  que o banco em sua perpetuidade tivesse o valor de mercado de 30 bilhões de reais ou R$ 34,90 por Unit. 

Além disso, podemos observar que o Banco Inter negocia a valores relativos depreciados quando comparado a seu principal par, o Nubank.

Recentemente, o Nubank realizou seu IPO na Bolsa de Valores de Nova York, sendo precificado em sua oferta pública de ações a um valor de mercado de 230 bilhões de reais. Desde lá, a empresa já acumulou queda de cerca de 9%, negociando hoje a um valor de mercado de 209 bilhões de reais.

Apesar de o Nubank possuir mais clientes em relação ao Inter, se formos colocar uma métrica de preço por cliente, vemos a diferença entre a precificação dos dois.

O Nubank possui 48 milhões de clientes, portanto, o mercado atribui um valor de R$ 4.366,7 por cliente para a fintech.

Já o Inter está sendo negociado a um valor de mercado de 20 bilhões de reais, portanto, com seus 16,3 milhões de clientes, o mercado atribui um valor de R$ 1.165,4 por cliente da instituição financeira, quase um quarto do valor atribuído a seu principal comparável.

O Banco Inter é uma empresa que possui um modelo de negócios novo e foi um dos principais agentes de disrupção no mercado financeiro com uma gestão que se mostrou eficiente ao longo dos anos. 

Quanto à recente volatilidade da ação, acreditamos que uma possível explicação tenha sido alguns grandes movimentos envolvendo o Fundo Ponta Sul. Por meio de dois leilões, o fundo parece ter se desalavancado, o que pode fazer com que a volatilidade se reduza daqui para frente.

 

Um abraço,

João Abdouni, CNPI.

Nota do editor: será que nós temos banco BIDI na carteira? Confira nossas smalls caps na série Ações Alpha. Para saber mais, clique aqui.


 

Conheça o responsável por esta edição:

João Abdouni

Analista CNPI

Graduado em Contabilidade e administração pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, João possui grande experiência em auditoria contábil, trabalhando por anos na Ernst & Young, famosa empresa inglesa de consultoria. Apaixonado pelo mercado financeiro, integra o time de especialistas em investimentos da Inv e está à frente das séries Premium Caps, Ações Alpha dentre outras.

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