De bem com o prejuízo?

9 de março de 2022
Imagine que você tem dois postos de gasolina, um está indo muito bem, o outro está indo mal, te obrigando a colocar dinheiro. Qual você venderia? A resposta não é tão óbvia...

Caro(a) leitor(a),

Imagine que você tem dois postos de gasolina, um deles é muito rentável, paga dividendos e está indo muito bem.

Já o outro posto está indo mal e você precisa aportar os dividendos do primeiro posto rentável naquele outro negócio para pagar os prejuízos gerados pela operação.

Caso você fosse vender um dos dois ativos, por qual deles você optaria?

Acredito que provavelmente a maioria dos investidores que tivessem dois postos de gasolina nessas condições preferiria vender o que está dando prejuízo visto que se livraria dos problemas de ter uma empresa deficitária e ficaria tranquilo recebendo os dividendos da empresa lucrativa.  

Na bolsa de valores, muitas vezes nós, como investidores, passamos por situações parecidas.

Nos vemos diante de duas ações para alocar nosso capital, a primeira vai muito bem, apresenta lucro crescente, as ações dessa empresa se valorizam e pagam dividendos. Para traçar um paralelo imagine que uma das empresas se valorizou no mercado cerca de 200% desde que se iniciou a posição.

Já a segunda ação que escolhemos está indo muito mal, já apresenta prejuízos, e os resultados pioraram trimestre após trimestre com suas cotações já caindo cerca de 90%.

Agora trago uma informação interessante: caso opte por vender as ações com prejuízo no último dia do mês, você ganha um benefício fiscal, podendo deduzir dos pagamentos de impostos sobre lucros futuros das vendas da ação vencedora de parte do prejuízo da ação que se deteriorou.

Isso é, a ação que vai mal pode recompensar você sob a forma de desconto nos impostos que pagaria nas ações que performam bem. Dessa maneira, ambas as ações (positiva e negativa) apresentariam algum equilíbrio. 

No cenário colocado, a ação que performou mal caiu de 10 para 1 e, caso essa seja vendida, gerará um ativo fiscal de 15%, nesse caso, de R$ 1,35, podendo ser utilizado no momento que o investidor vender as suas ações vencedoras. Dessa forma, o investidor é liberado de pagar parte dos impostos através do abatimento dos prejuízos anteriores.

Acompanhe o raciocínio:

No caso da venda de uma ação comprada a R$ 10 que se valorizou em 200%, a cotação atingida será de R$ 30.

Imaginemos que a venda ocorra na sequência. A obrigatoriedade do pagamento de imposto de 15% é gerada. Com isso, o bruto a pagar seria de 3 reais, mas com o abatimento já garantido, o valor a ser pago será de R$1,65. 

O que o exercício acima nos mostra, é que os lucros resultantes de uma ação positiva estão expostos às taxas de impostos de 15% quando vendida. Em contrapartida, uma ação que vai mal pode recompensar parte da perda através do benefício fiscal. 

O pagamento efetivo cairia quase 50% devido ao ativo fiscal proveniente da venda do ativo que resultou em prejuízos.

Obviamente, com a venda o investidor também ficou com R$ 1 na conta do ativo que caiu 90% e há uma série de oportunidades para alocar esse recurso, porém, talvez a melhor escolha não seja comprar novamente aquela ação que caiu 90% e, assim, finalizar essa operação!

Com o texto acima, busco levar ao leitor uma reflexão sobre se vale realmente a pena manter as ações que vem se deteriorando com maus resultados na carteira. Em certas ocasiões é melhor realizar o prejuízo e partir para outra!

Um abraço,

João Abdouni (CNPI)

Nota do editor: Na carteira de Ações Alpha, que é exclusiva para assinantes, não nos apegamos emocionalmente às nossas escolhas. Conheça melhor o racional por trás de nossas posições, clicando aqui.

Conheça o responsável por esta edição:

João Abdouni

Analista CNPI

Graduado em Contabilidade e administração pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, João possui grande experiência em auditoria contábil, trabalhando por anos na Ernst & Young, famosa empresa inglesa de consultoria. Apaixonado pelo mercado financeiro, integra o time de especialistas em investimentos da Inv e está à frente das séries Premium Caps, Ações Alpha dentre outras.

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