Caro(a) leitor(a),
Dos poucos mais de 3 milhões de CPFs que hoje investem diretamente em ações no Brasil, 386 mil fazem alocações na própria B3 (B3SA3), a nossa principal, e única, Bolsa de Valores.
Mas com a atual alta de 22% no ano, ainda vale a pena investir nela?
Para responder a essa pergunta, vamos primeiro passar rapidamente pelo seu resultado trimestral de fechamento de 2021, que foi divulgado ontem (17).
Hoje, a empresa pode dividir o seu negócio em quatro frentes. Entre eles, ativos listados (67% da receita), mercado balcão (12%), tecnologia (15%) e outros (6%). O primeiro, de ativos listados, ainda pode ser dividido em mais duas partes, a de ações e RV (45% da receita) e o de juros, câmbio e commodities (22%).
Olhando para o resultado consolidado de todos esses negócios, em 2021 em relação a 2020, ela conseguiu crescer a receita em aproximadamente 10%, o resultado operacional em 11% e o lucro líquido em 13%.
Operacionalmente, o que contribuiu para tal desempenho financeiro foi o aumento dos volumes negociados, que aconteceu mesmo que estejamos passando por um momento de alta de juros e, consequentemente, maior atratividade na renda fixa.
Daí já conseguimos concluir que a companhia tem um ótimo negócio, competitivo e bem rentável, tanto nos momentos de bonança quanto nos momentos mais difíceis da economia.
Agora, o que não posso deixar de comentar é o principal motivo para ela ser tão rentável assim: o monopólio.
Sei que provavelmente já deve ter lido por mais de uma vez que esse é o principal fator de risco da tese de B3, e eu o enfatizo. Esse gatilho pode ser a grande diferença entre uma empresa com o estado de vaca leiteira, com custos altos, margens gordas e forte distribuição de renda, para um piquenique num vulcão prestes a entrar em erupção.
A chegada de uma nova Bolsa pode não só secar esse crescimento de volume que a B3 vem apresentando, como forçá-la a praticar preços mais baixos, ser mais eficiente e entregar um serviço melhor. Isso não é nada simples e exige uma energia que, muitas vezes, as empresas em um estado de conforto, líderes de mercado e consolidadas, não têm.
Voltando para o resultado, no fechamento de 2021, assim como foi em 2020, a margem líquida da companhia foi de aproximadamente 50%. Como referência, a Bolsa Mexicana hoje tem margem de 40%, a da Colômbia 25% e a norte-americana NASDAQ 32%.
Perceba que mesmo com a recente campanha de diminuição de preços, a B3 ainda é muito mais rentável que qualquer uma de suas comparáveis estrangeiras, ainda assim, ela negocia a 18 vezes o seu lucro.
É evidente que a B3 (B3SA3) é, hoje, um investimento atrativo, mas por conta dos seus possíveis riscos e, particularmente, pelas outras ótimas opções de investimento que temos à disposição no mercado, não recomendo B3 (B3SA3) atualmente em minha carteira mesmo com os bons resultados comentados acima.
Um abraço,
Nícolas Merola, CNPI
Nota do editor: se você quiser saber se nós gostamos das ações da B3 e quais os critérios que usamos para escolher uma ação para nossa carteira da Top Pix, conheça a série clicando aqui!