Investigador Financeiro #10 - Estão prejudicando a sua mãe

4 de abril de 2018
Acontece todos os dias

Olá.

Isto aconteceu no sábado, no meio do feriado de Páscoa. Após o almoço, a minha mãe se aproximou e perguntou se eu podia avaliar os seus investimentos.    

Há um tempo ela vinha comentando que estava fazendo aplicações com ajuda dos seus gerentes, nos dois bancos em que mantém conta. Quando eu perguntava quais eram os ativos, ela não sabia explicar exatamente. Respondia, sem muita confiança: “é tipo uma poupança” ou “é um investimento para o longo prazo”. 

Mas, na correria do dia a dia, eu nunca conseguia parar para ajudá-la. No sábado, eu abri a “caixa-preta” e descobri o portfólio da minha mãe, a investidora.

E o que encontrei me deixou muito preocupado. Sem ter a menor noção de como investir, minha mãe seguiu cegamente os conselhos “amigos” dos gerentes. E o resultado não foi nada lucrativo para ela...

No primeiro banco, o dinheiro dela estava distribuído entre poupança, fundos DI e um título de capitalização. A poupança eu nem discuti, pois para quem é mais velho, ela representa um porto-seguro, quase algo sagrado.

Mas quando descobri o título de capitalização, confesso, fiquei bravo e fui firme com a minha mãe: 15 por cento do seu portfólio estava alocado no título, um absurdo. No entanto, após a raiva passar, percebi que ela nem entendia como o produto funcionava – principalmente pelo nome abstrato usado pelo banco. Olhando o histórico, vi que há pelo menos dois anos ela aplicava nos títulos. 

Recuperado da indignação, fui analisar os fundos DI. A minha primeira pergunta foi a justificativa da aplicação em dois fundos, se eles cumprem o mesmo papel? A resposta estava na leitura das informações básicas, algo que todo investidor deveria fazer. Um dos fundos era OK: baixa taxa de administração e rendimento próximo de 100 por cento do CDI. Já no outro caso a taxa era maior e o desempenho bem pior. Descoberto o mistério...

O diagnóstico para resolver foi diminuir os investimentos na poupança, se livrar do título de capitalização e focar no fundo bom, ajeitando assim o colchão de emergência da minha mãe.

Com o primeiro banco resolvido, comecei a analisar os investimentos no segundo banco. Lá encontrei apenas dois ativos: uma LCI e um Invest Fácil. Fiquei contente ao encontrar a Letra de Crédito Imobiliário, mas tive que consultar o Google para descobrir o que era o misterioso Invest Fácil, que descobri ser uma aplicação automática em CDBs com um rendimento ridículo!

Recomendação: manter LCI e fugir do Invest Fácil.

Por causa do exemplo da minha mãe, hoje faço este alerta a você. Seus pais, irmãos ou amigos podem estar na mesma situação - e não pedem ajuda.

O que eu gostaria para a minha mãe é que ela estivesse investindo bem, garantindo uma velhice confortável, com qualidade de vida. Mas agora estou decidido a ajudá-la, e o próximo passo é abrir uma conta em uma corretora independente, para que ela tenha acesso a melhores produtos.

Meu foco é gerar uma renda adicional para ela, de maneira segura, pois ela pode precisar de valores superiores aos que ela recebe da sua aposentadoria. As suas despesas só ficam mais altas, por causa de plano de saúde e complicações relacionadas à idade. E ela também quer aproveitar, afinal, trabalhou a vida inteira para poder viajar e curtir.

É engraçado, mas quando nossos pais ficam mais velhos, nós nos preocupamos com eles como se fossem os nossos filhos. Por isso, penso que a felicidade e a segurança da minha mãe são a minha responsabilidade. E também tenho que considerar que o meu futuro patrimônio, a minha herança, está sendo aplicado em títulos de capitalização e CDBs ruins.

Escreva para mim contando a sua opinião ou com perguntas sobre investimento no investigador@inversapub.com.

Um abraço,

André Zara

Conheça o responsável por esta edição:

Andre Zara

Especialista em Investimentos para Leigos

André Zara é autor da newsletter “Investigador Financeiro” e sócio da Inversa. Participa das publicações Investidor Completo e Crypto Evolution e, em sua carreira, já colaborou com publicações da Folha de São Paulo, d’O Estado de São Paulo, da editora Abril e do Sebrae-SP. É investidor, empreendedor, entusiasta do mercado de criptomoedas e de projetos de disseminação da cultura de investimentos no Brasil.

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