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Youtube Spotify Apple Google DeezerNota do editor: a seguir, Pedro Cerize vai apresentar para você como o aprendizado contínuo faz parte da evolução como investidor.
Publicado originalmente em 22 de junho de 2018
Oi.
Na semana passada viajei a St. Moritz, na Suíça, para fazer um treinamento com um técnico de triathlon chamado Brett Sutton. O lugar é uma pintura, uma obra de arte da natureza situada a 1.800 metros de altitude em um vale cercado pelos Alpes.
Mais conhecida por sua famosa estação de esqui no inverno, a região recebe outro público no verão: ciclistas de estrada e de mountain bike, triatletas, kitesurfers, adeptos da caminhada de montanha e corredores. É o local ideal para se treinar.
Na época em que eu só corria, fui para Iten, no Quênia, ver de perto o que os quenianos faziam. Já quando fiz a mudança para o triathlon, decidi realizar a viagem a St. Moritz em busca de conhecimentos com o técnico mais consagrado da modalidade em todo o mundo.
Atualmente, entre seus atletas, estão Nicola Spirig, a medalhista de ouro em Londres e prata no Rio, e Daniela Ryf, três vezes campeã (2015/16/17) em Kona, na prova mais importante do Ironman.
Ao todo, aproximadamente 20 atletas profissionais estavam treinando em St. Moritz. Era a terceira vez que eu ia a um evento desses com o Brett. Mas, dessa vez, eu tinha uma missão.
Em 2016, no meu melhor ano no triathlon, e apesar de ter sido o primeiro colocado no ranking de pontos da Corporação Mundial da modalidade (WTC, na sigla em inglês) para a minha categoria, eu fui apenas o 11º colocado em Kona.
E o que realmente conta é Kona, que todos disputam juntos no mesmo dia e sob as mesmas condições.
Eu tinha treinado dentro do que eu considerava o meu limite, tinha feito uma prova sem erros e, ainda assim, fiquei longe da vitória. Mas, analisando por outro aspecto, o ganhador foi “apenas” 3 por cento mais rápido que eu.
Uma fórmula teria de haver para melhorar esses 3 por cento, e, em vez de tentar encontrá-la sozinho, eu decidi que o melhor seria falar diretamente com quem já fez e “produziu” vários campeões em Kona e em outras provas pelo mundo.
Uma das coisas mais legais do triathlon é que o atleta amador tem a oportunidade de competir no mesmo dia e local que as maiores estrelas do esporte. É como entrar em um jogo de futebol com Messi e Neymar, jogar tênis com Federer ou correr de Fórmula 1 com Fernando Alonso, Vettel e Hamilton.
Mas o meu objetivo agora era outro. Não era apenas entrar em campo com os melhores. Eu queria ser treinado pelo melhor. Alguém que realmente já tenha “escalado a montanha”.
O problema é que não é fácil ser aceito. Brett é uma figura, poderíamos dizer, excêntrica. Os seus métodos muitas vezes vão contra a “teoria” do treinamento tradicional. Muitos dizem que alguns de seus treinos são brutais, quase desumanos, fato que ele nega.
A verdade é que ele quer ganhar. Ele quer ser o melhor no que faz e extrair o melhor daqueles que ele treina. Já vi isso em outros setores e em outras pessoas: a busca da excelência pela excelência.
Fiz para ele o meu discurso e não vou revelar, nem sob tortura, quais foram meus argumentos.
A boa notícia é que ele aceitou, e na segunda-feira o treino começa à distância. Mas, antes, ele me deu um aviso: It’s my way or no way. (É do meu jeito ou não tem jeito). E é com um misto de medo dos treinos e curiosidade em relação aos ensinamentos que inicio essa nova etapa.
O fato é que, não importa o que você faz e o quanto você sabe, sempre existe muito mais a ser explorado e aprendido. E sempre tem gente que sabe mais e pode te inspirar e ensinar a ser simplesmente melhor que você é hoje.
E não deixe de escrever para gritty@inversa.com.br dizendo o que achou da newsletter de hoje.
Um abraço,
Pedro Cerize