Oi.
Escrevo essa Gritty da sala de embarque de um voo para Zurique. Não estou abandonando o Brasil — apenas tirando uma semana de folga. Uso essas janelas de tempo para esfriar a cabeça, treinar Triatlon e olhar para o Brasil de uma perspectiva de quem está decidindo se coloca ou não dinheiro aqui. Quem investe procura retorno.
Os suíços fazem isso com muita naturalidade e, em função do grande estoque de riqueza acumulada, precisam sair de suas seguras fronteiras e se aventurar pelo mundo em busca de retornos; qualquer retorno, já que as taxas de juros locais são negativas.
Faltam menos de quatro meses para a eleição mais decisiva da história. E as últimas pesquisas atestam: seu patrimônio pode estar correndo sério risco neste momento. A boa notícia é que o Pedro sugere um ativo específico para multiplicar seu dinheiro na mais dura das tempestades. Acesse aqui para conhecê-lo a tempo.
Nós, que vivemos num país com taxas de juros de 10 anos de 12 por cento ou 6 por cento, mais inflação, nem conseguimos conceber por que alguém é capaz de poupar com taxas negativas.
Para alguns suíços, parte dos recursos não busca retorno sobre o capital. Eles simplesmente querem o retorno do capital. Para um brasileiro, basta acreditar no Tesouro e é possível triplicar nominalmente seu patrimônio, “sem risco”, comprando títulos pré-fixados soberanos.
Quando o mercado vive uma semana como essa que passamos, as pessoas correm para a segurança e deixam seu dinheiro em aplicações líquidas, sem risco. Isso parece absolutamente racional, se aceitamos que ter caixa é estar sem risco. Mas vemos candidatos hoje que defendem duas medidas que, em conjunto, podem desafiar esse conceito: a retirada do teto do déficit e o controle maior do Executivo sobre o Banco Central.
Em resumo, querem dar ao presidente carta branca para gastar e ao mesmo tempo controlar a taxa de juros. Usada irresponsavelmente, essa é a fórmula para uma inflação descontrolada.
Instintivamente pensamos que se a inflação sobe, o juro acompanha. Mas se a alta for lenta demais, o juro sempre vai estar atrás da inflação.
Na prática, quem poupa vai perder valor consistentemente. Quando os agentes percebem isso, se livram do dinheiro o mais rápido possível e compram quaisquer ativos que possam oferecer proteção patrimonial. Moeda estrangeira, imóveis e ações estão entre as opções disponíveis.
Sabendo da possível perda, cada vendedor desse ativo, no entanto, passa a exigir preços cada vez mais altos pelos seus ativos, tentando se livrar cada vez mais rápido do caixa. Existe uma inflação de ativos que pode ser, eventualmente, mais rápida que a própria inflação de bens e serviços.
Você pode achar que eu estou pessimista ou otimista demais com os preços das ações, mas preste atenção neste gráfico:
Observe como, em alguns momentos, tivemos uma redução abrupta da dívida, sem que houvesse superávit fiscal para justificar a queda. Esses episódios representaram perda permanente para os poupadores em títulos públicos. Muitos nem perceberam, já que a inflação complicava a visualização da perda.
E isso não aconteceu só por aqui. Veja abaixo o gráfico da dívida pública da Alemanha. Em dois episódios, uma hiperinflação e um default após grandes guerras dizimaram o patrimônio de poupadores em títulos públicos.
Por isso, continuo com minha posição de que, em algum momento, a opção mais segura vai ser comprar ativos reais. Ou tudo vai dar certo porque o país deu certo, ou você vai proteger seu capital no longo prazo porque as coisas deram errado.
É tempo de tentar manter a serenidade e seguir com o plano traçado nos tempos de mercados calmos.
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Um abraço,
Pedro Cerize