Oi.
Nunca foi tão fácil escrever sobre princípios e aplicações práticas no dia a dia do mercado. Falamos dos riscos de considerar estatal como investimento e hoje Pedro Parente pediu demissão da Petrobras, levando ao pânico quem há poucas semanas acreditava que o futuro da estatal estava blindado da pressão política.
Vimos, em tempo real, o surgimento de uma greve - tímida a princípio - ganhar força com o apoio da população em geral. E quando o governo cedeu à pressão, não dos grevistas, mas da população que os apoiava, sem conseguir interromper a greve, a mesma população que a princípio era a favor sentiu-se traída e refém de grupos que tinham se apropriado do movimento por razões claramente políticas.
Os mesmos políticos que diziam ter resgatado o orgulho do brasileiro com a Petrobras agora pediam a cabeça daquele que fez o papel que lhe foi dado. Esses mesmos oportunistas mostraram ao povo sua verdadeira faceta: nenhum princípio de gestão da coisa pública ou responsabilidade fiscal, só populismo eleitoreiro.
E quando o movimento se desfez meio frustrado, apesar das concessões feitas pelo governo, ficou aquela sensação de que nesse tipo de jogo não há ganhadores. A regra principal da contabilidade se baseia no princípio das partidas dobradas. Se alguém recebe, alguém paga. E se o imposto pago é muito grande, a grande questão é saber quem está levando esses recursos.
No caso da PIS/Cofins a resposta é óbvia: são contribuições para a Previdência Social. Todos pagam mais caro pelos combustíveis para que os aposentados recebam em dia. E, quando não dá para pagar, emitimos dívidas para a geração futura. Essa dívida só tem três destinos: pagamento, calote ou desvalorização pela inflação. Sem reformas, o pagamento é impossível.
As pessoas acham que estão preparadas para o pior, mas não sabem o que é o pior. Uma pequena amostra do que é um susto de alguns dias deixou a população em pânico. E a sensação de que a crise atual sempre é a maior de todos os tempos faz com que muitos tomem decisões econômicas erradas – por exemplo, vendendo suas ações depois de uma queda acentuada. Muitos correram para as aplicações seguras, sem saber que a maioria é lastreada por títulos do governo, justamente a fonte de todas as preocupações.
A crise dos caminhoneiros não vai ser relevante economicamente no longo prazo. Não consigo avaliar quem foram os claros ganhadores e perdedores políticos nesse episódio. Mas essa crise plantou na população a semente de uma ideia: que sempre alguém paga por benefícios concedidos pelo governo. Nunca tinha visto isso ser dito tão claramente nos meios de comunicação em massa.
Se alguém quiser pagar menos impostos, precisa antes de tudo cobrar menos gastos da União. Essa é a ideia que sustenta toda reforma que precisa ser feita no governo. Nesse sentido, acho que, ao final, esse episódio vai ser positivo para o país.
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Pedro