Sunday Notes #7 - Precisamos falar sobre nudges

15 de outubro de 2017
Thaler, Ariely e Kahneman

Sunday Notes

Olá, leitor.

Hoje vou esticar um pouco mais aqui, mas espero que você goste do tema desta newsletter.

Provavelmente você já ouviu falar de Dan Ariely…

Ele teve 70% de seu corpo queimado e, durante o tratamento, se incomodava com a insistência das enfermeiras em retirar rapidamente as bandagens das queimaduras na hora de trocá-las.

Elas argumentavam que com velocidade seria melhor, pois ele sofreria por menos tempo.

Depois de curado, Ariely fez várias pesquisas sobre dor e concluiu que se a intensidade da dor fosse menor, mesmo que por períodos mais longos, ele teria sofrido menos.

Ariely se tornou um dos mais importantes estudiosos de economia comportamental. Fez — e ainda faz — milhares de pesquisas e experimentos que contribuem para identificar diversos tipos de irracionalidades no nosso dia a dia.

Nesta semana, em sua página no Facebook (que sugiro aos adeptos da rede social que sigam), Ariely celebrou a conquista do prêmio Nobel de Economia pelo professor Richard Thaler.

Eu também comemorei.

Thaler é conhecido pelos “nudges” (não, não é isso que você está pensando, rs).

Um exemplo clássico de nudges é o dos mictórios masculinos. Para facilitar a limpeza de banheiros, uma mosca desenhada bem no meio do mictório fez com que homens melhorassem a mira. O resultado não poderia ter sido mais positivo.

Mas o que Thaler e Ariely têm a ver com o que fazemos aqui, afinal de contas? E com o também Nobel de Economia Daniel Kahneman?

Tudo. Nós somos irracionais em nossas decisões o tempo todo. Mas, prestando atenção no que esses senhores dizem, podemos ser um pouco menos irracionais nas decisões de investimentos.

Outros exemplos já citados por Thaler, Ariely e Kahneman ajudam a refletir um pouco mais. Veja, na Alemanha, onde os cidadãos precisam preencher um formulário para se tornar doadores de órgãos, 12 por cento das pessoas tomam essa atitude. Na Áustria, por sua vez, é preciso preencher um formulário para não ser doador. Resultado: 99% da população é doadora.

Entre duas opções de hotel, você escolhe o que tem um aviso de “Mais Recomendado” em cima, ou o outro, sem aviso nenhum?

Que efeito tem sobre você uma promoção “pague 2 e leve 3”?

Embora seja incômodo ver o quanto somos irracionais em nossas decisões do dia a dia, sugiro que você leia o máximo possível sobre economia comportamental. Ao saber que tudo isso está sendo estudado e ganhando nomes como “nudges”, “efeito manada”, “ancoragem”, “wysiati”, “aversão à perda”, passamos a nos questionar mais nas próximas tomadas de decisão.

Mais um exemplo… você precisa resgatar dinheiro na Bolsa: qual ação vai vender, a que subiu mais ou a que caiu mais? Por quê? Muita gente tende a realizar o lucro. No entanto, não seria melhor vender a ação da empresa ruim, mesmo que você precise realizar um prejuízo?

Você acompanhou o Bitcoin nesta semana? Acumulou 28% de alta em sete dias, mais de 45% em um mês… É bem provável que maioria das pessoas esteja muito mais propensa a comprar a agora, com o Bitcoin a 5.700 dólares, do que há um mês, com as notícias do fechamento das exchange na China, quando a moeda caiu para perto de 3.200 dólares. Mas qual o sentido?

Domingo que vem falarei mais disso. 
     
Um abraço,

Olivia

Conheça o responsável por esta edição:

Olivia Alonso

Publisher

Especialista em investimentos, Publisher e CEO da Inversa. É formada pela Faculdade Cásper Líbero, com MBA em Finanças e Mercado de Capitais na FIA e especialização em Finanças e Negócios na Universidade de Macau. Vencedora do VI Prêmio de Educação ao Investidor da CVM e autora do livro “Criando Riqueza: um guia prático de investimentos e finanças pessoais para leigos”. Trabalhou em agências de notícias no Brasil e no exterior, no iG, no jornal Valor Econômico, na Empiricus e no Seu Dinheiro.

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