Via e Magalu: sendo justo e com carinho

12 de novembro de 2021
Nesta semana, as duas varejistas de eletrodomésticos mais famosas do país divulgaram seus resultados trimestrais e sofreram fortes desvalorizações. Quais as diferenças de cada uma?

Nesta semana, as duas varejistas de eletrodomésticos mais famosas do país divulgaram seus resultados trimestrais e sofreram fortes desvalorizações de suas ações. Entenda o que preocupou o mercado e os desafios para o futuro.

Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3), dona das Casas Bahia, são companhias com portes parecidos. Magalu registrou uma receita de R$35 bilhões nos últimos doze meses e Via R$32 bilhões. 

Outra semelhança é que ambas atraíram muitos investidores pessoas físicas para suas bases acionárias. Via tem, hoje, mais 495 mil investidores pessoa física e Magalu 552 mil.

As semelhanças param por aí. 

Atualmente Magazine Luiza é uma empresa muito mais estruturada que a Via e a precificação de cada uma delas mostra isso: Magazine tem valor de mercado de R$91 bilhões e Via negocia a um patamar quase 10 vezes menor, a R$9,8 bilhões.

O resultado da Via não foi bom: mais uma vez a empresa surpreendeu negativamente com um possível problema relacionado a processos trabalhistas no montante adicional de R$1,3 bilhão, totalizando assim R$2,5 bilhões em provisões para esse fim. Com isso, o prejuízo registrado pela companhia foi de R$638 milhões. Já o endividamento cresceu R$1,2 bilhão nos últimos doze meses, passando de R$2,4 bilhões no terceiro trimestre de 2020 (3T20) para R$3,6 bilhões no 3T21.
 


O mercado não gostou e as ações chegaram a cair 18% ontem, fechando a -12%.

Logo depois do fechamento, foi a vez de Magazine Luiza (MGLU3) divulgar seus resultados: ela apresentou um crescimento de receita de 12% na comparação ano contra ano, e um lucro recorrente de R$22 milhões, uma redução de 89% contra o terceiro trimestre de 2021 e abaixo das expectativas de mercado. 

Hoje, as ações abriram com queda de -13%.

Embora Magazine Luiza seja uma companhia bem ajustada, também enfrenta o grande desafio de justificar o seu valor atual de mercado de 90 bilhões de reais. Com lucro recorrente de R$700 milhões nos últimos doze meses, ela está negociando a 120 vezes esse resultado. 

A empresa precisa entregar um forte crescimento para que esse múltiplo faça sentido. No entanto, esse desafio é cada vez maior por dois motivos: (i) os investidores têm exigido um retorno maior para investir em ações, pois a taxa básica de juros subiu, o chamado prêmio livre de risco. (ii) as taxas de financiamento cobradas no mercado também subiram e ficou mais caro para a companhia se financiar.

Ou seja, tanto Via quanto Magazine Luiza enfrentam cenários desafiadores. No entanto, por motivos diferentes: Magazine enfrenta dificuldade para justificar seu valor de mercado e Via precisa ajustar sua operação para que não caia em um risco de continuidade de seus negócios em um horizonte de médio e longo prazo.

João Abdouni e Nícolas Merolas, analistas CNPI.

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Nícolas Merola

Ações e Fundos de Investimento

Formado em Engenharia Civil pela UVA (Universidade Veiga de Almeida - RJ) em 2017 e com MBA pelo IBEC/INPG em 2018. Nícolas começou a estudar sobre investimentos ainda no início de sua faculdade, quando se apaixonou pelo assunto. Depois de atuar por mais de três anos no mercado de renda variável, de forma autônoma, se juntou em 2019 ao time de especialistas da Inv.

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João Abdouni

Analista CNPI

Graduado em Contabilidade e administração pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, João possui grande experiência em auditoria contábil, trabalhando por anos na Ernst & Young, famosa empresa inglesa de consultoria. Apaixonado pelo mercado financeiro, integra o time de especialistas em investimentos da Inv e está à frente das séries Premium Caps, Ações Alpha dentre outras.

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