Uma oferta tentadora: Por que LOGN3 subiu +35% hoje?
Por João Abdouni e Nicolas Mérola
A MSC, gigante do setor de transporte marítimo, enviou no dia de ontem (15) uma proposta para aquisição de até 67% das ações de Log-In Logística (LOGN3).
A proposta é 76% acima do preço de negociação das ações ontem e já está fazendo o preço disparar.
Entenda:
Breve histórico
A Log-In é uma empresa de movimentação de cargas, principalmente no segmento de cabotagem (navegação entre portos marítimos sem perder a costa de vista). O objetivo dela é reduzir os custos dos seus clientes através da customização de serviços logísticos para entrega dos produtos.
Contando com sete navios em sua frota, a companhia entrega produtos por todo o Brasil e no Mercosul, além de facilitar a movimentação de cargas portuárias através de sua malha marítima complementada pela ponta rodoviária.
O segmento de transporte marítimo é liderado por grandes empresas como MSC, Maresk e CMA CGM, que normalmente fazem o transporte intercontinental de carga. Enquanto isso, a Log-In foca em executar o transporte desses produtos pela costa do Mercosul.
A empresa passou por dificuldades financeiras durante os anos de 2015 e 2016, chegando a atingir um endividamento preocupante.
Posteriormente, com a econômica do Brasil melhorando um pouco e com a troca de gestão da companhia, a empresa, aos poucos, conseguiu se recuperar economicamente através de redução de custos e maior eficiência nos seus processos.
Depois de alguns anos acumulando prejuízos, a companhia conseguiu apresentar resultado positivo em 2019, mesmo ano em que conseguiu realizar uma oferta pública de ações (Follow On). Essa oferta captou cerca de 551 milhões de reais e permitiu a recomposição da estrutura de capital da companhia.
Após o início da pandemia, o setor de transportes marítimos aqueceu e a falta de containers e de navios no mercado se tornou comum devido à alta demanda por esse tipo de serviço. Isso tem elevado agressivamente e rapidamente os preços dos fretes, fator que favorece a receita da empresa.
Nos últimos doze meses, a empresa entregou lucro de 158 milhões de reais e atualmente negocia a 10 vezes lucro.
Histórico de controladores
A Vale foi controladora da empresa até o ano de 2013, depois o capital da Log-In foi pulverizado no mercado, tendo como acionista de referência até o final de 2015 a gestora Fama Investimentos.
A partir do ano de 2016, os fundos liderados pelo megainvestidor Luiz Alves Paes de Barros e pelo gestor Henrique Bredda, atualmente Alaska Asset Management, se tornaram acionistas majoritários, chegando a deter aproximadamente 53% das ações da companhia.
Oferta de aquisição
Ontem, 15 de setembro de 2021, a Log-In publicou um fato relevante em que a administração da empresa informou ao mercado que recebeu uma oferta pública de aquisição de até 67% de suas ações em circulação pelo preço de 25 reais por ação. A proposta foi enviada por uma das gigantes do setor, a MSC (Mediterranean Shipping Company).
Como o time da Alaska Investimentos detém aproximadamente 45% das ações da Log-In, a gigante MSC terá que adquirir de Luiz Alves e Henrique Bredda parte ou a totalidade das ações que o fundo possui.
Luiz Alves Paes de Barros, que participa do mercado de ações brasileiras desde os anos 70, é conhecido no mercado brasileiro por ser um excelente negociador. Provou isso em uma série de situações, como quando vendeu sua participação em ações do Banco Real para o espanhol Santander. Mais recentemente, também negociou suas posições em Comgás com o grupo controlador, a Cosan, mas sempre buscando atingir o máximo de retorno em seus investimentos.
Conclusão
Acreditamos que, apesar de uma dura negociação, a gestora de investimentos Alaska deve acabar por vender o controle da Log-In para MSC. Isso deve ocorrer, primeiramente, porque a proposta de até 25 reais por ação oferecida pela MSC é 76% acima do preço de tela do dia de ontem, 14,95 reais. A outra razão é que o principal foco de atuação da Alaska não é a de fazer gestão ativa nas empresas que investe, como está acontecendo com a Log-In. Já para MSC, a situação é justamente a contrária; especializada no setor, a empresa com sede suíça e de origem italina que está observando uma forte demanda em seu setor de atuação e tem bastante interesse nessa expansão de frota para melhor atender seus clientes.
No momento em que encerramos esta edição, as ações de Log-IN (LOGN3) negociavam com uma valorização de 36% no dia.