Resumo da Super Quarta: FOMC + COPOM
Por Rodrigo Natali
Nesse quarta-feira, tivemos o resultado das reuniões do Copom e do FOMC, os comitês de política monetária dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos, respectivamente.
A expectativa para a postura do FOMC estava dividida entre duas hipóteses: ele anunciar o começo do programa de normalização da política monetária, com data e volumes de redução, ou postergar para as próximas reuniões. Não veio nem um, nem outro.
Jerome Powell, decidiu não tomar sua decisão baseado nessas duas hipóteses e criou uma terceira intermediária: anunciou que a normalização seria anunciada no futuro, sem datas ou volumes. E condicionou isso a diversas palavras como “se”, “de forma geral”, “expectativa”, “moderação”, “poderia” e “logo”, que são totalmente subjetivas e o permite fazer o que quiser, deixando a decisão mesmo para depois, sem compromissos.
O mercado, que tradicionalmente reage indo para alguma direção depois de uma reunião, simplesmente ficou parado, meio que sem saber interpretar.
Temos suspeitas que se os números vierem mais fortes que o esperado, ele poderá vir a anunciar algo já na próxima reunião, em novembro, mas tudo ficou aberto e incerto.
Esse cenário é quase o oposto do que ocorreu aqui no Brasil. O Copom anunciou um aumento na taxa de juros de 1,00%, para 6,25%, e adiantou em seu comunicado que podemos esperar o mesmo ritmo para as próximas duas reuniões, chegando no final do ano em 8,25%. A diferença, é que pela primeira vez disse que o ciclo de alta de juros deverá durar até atingirmos patamares contracionistas, quando antes dizia que mirava níveis mais neutros.
Logo, podemos esperar que tenhamos mais altas de juros no ano que vem, mas que de certa forma, também estarão condicionadas aos novos dados que teremos daqui ao final do ano. Se a deterioração das expectativas com a inflação do ano que vem continuar desancorada, podemos ver esse movimento ser mais longo, mas acredito que circunscrito ao primeiro trimestre, isso caso aconteça.
Vamos lembrar que estaremos aí já perto da eleição e não é muito bom entrar em campo com o Banco Central elevando os juros para dois dígitos. Até, como sabemos, é bem possível, e até provável, que a crítica favorita do político brasileiro volte a virar moda: “os juros no Brasil são um absurdo!”