Payroll: você decide

3 de setembro de 2021
Hoje tivemos a divulgação dos dados de criação de empregos norte-americanos, que vieram abaixo das expectativas. Bem abaixo. Diante disso, qual o melhor caminho?

Payroll: você decide

Por Rodrigo Natali
 

“Foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos. Foi a idade da sabedoria, foi a idade da tolice. Foi a época da fé, foi a época da incredulidade. Foi a estação da luz, foi a estação das trevas. Foi a primavera da esperança, foi o inverno do desespero. Tínhamos tudo diante de nós, não havia nada antes de nós. Todos íamos direto para o céu, todos íamos direto para o outro lado.”

Charles Dickens - Um conto de duas cidades – 1812

Hoje tivemos a divulgação dos dados de criação de empregos norte-americanos, que vieram abaixo das expectativas. Bem abaixo: o esperado, segundo o consenso da Bloomberg, era a criação de 703 mil empregos em agosto, mas os números que foram revelados foram 243 mil. Um erro de quase meio milhão. Fora do comum.

A reação esperada deveria ser bolsas para cima e dólar para baixo, e de forma agressiva, afinal, com muito menos empregos do que o esperado, o FED não precisaria começar o tapering (redução de estímulos à economia) agora em setembro, a pressão foi aliviada e poderíamos esperar até novembro.

Mas será?


Um detalhe: a média de ganhos por hora trabalhada veio com uma alta mês a mês de 0,6%, contra uma expectativa de 0,3%. Além, sabemos que existem hoje mais vagas em aberto na economia americana do que pessoas procurando emprego.

Logo, uma outra forma de ler esses dados é que mesmo com os salários subindo bem mais do que o esperado, as pessoas ainda assim não foram trabalhar. Ou seja, você encomendou mais inflação via renda, e conseguiu, mesmo assim, empregar menos que o esperado.

Nesse cenário, a inflação será pior que o esperado e mais duradoura, e não transitória (Powell). E os empregos que não foram preenchidos, os 500mil, talvez ainda sejam, apenas, com salários mais altos, ou seja, mais inflação ainda. Com isso, bolsas deveriam cair e o dólar apreciar.

Qual caminho a seguir? Você escolhe.

 

Conheça o responsável por esta edição:

Rodrigo Natali

Estrategista-Chefe

Rodrigo Natali tem graduação e MBA pela FGV. É especialista em câmbio e macroeconomia, tem 25 anos de experiência no mercado financeiro, tendo passado por diversas instituições nacionais e internacionais onde exerceu a profissão de trader e gestor de fundos de investimento multimercado.

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