Payroll: você decide
Por Rodrigo Natali
“Foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos. Foi a idade da sabedoria, foi a idade da tolice. Foi a época da fé, foi a época da incredulidade. Foi a estação da luz, foi a estação das trevas. Foi a primavera da esperança, foi o inverno do desespero. Tínhamos tudo diante de nós, não havia nada antes de nós. Todos íamos direto para o céu, todos íamos direto para o outro lado.”
Charles Dickens - Um conto de duas cidades – 1812
Hoje tivemos a divulgação dos dados de criação de empregos norte-americanos, que vieram abaixo das expectativas. Bem abaixo: o esperado, segundo o consenso da Bloomberg, era a criação de 703 mil empregos em agosto, mas os números que foram revelados foram 243 mil. Um erro de quase meio milhão. Fora do comum.
A reação esperada deveria ser bolsas para cima e dólar para baixo, e de forma agressiva, afinal, com muito menos empregos do que o esperado, o FED não precisaria começar o tapering (redução de estímulos à economia) agora em setembro, a pressão foi aliviada e poderíamos esperar até novembro.
Mas será?
Um detalhe: a média de ganhos por hora trabalhada veio com uma alta mês a mês de 0,6%, contra uma expectativa de 0,3%. Além, sabemos que existem hoje mais vagas em aberto na economia americana do que pessoas procurando emprego.
Logo, uma outra forma de ler esses dados é que mesmo com os salários subindo bem mais do que o esperado, as pessoas ainda assim não foram trabalhar. Ou seja, você encomendou mais inflação via renda, e conseguiu, mesmo assim, empregar menos que o esperado.
Nesse cenário, a inflação será pior que o esperado e mais duradoura, e não transitória (Powell). E os empregos que não foram preenchidos, os 500mil, talvez ainda sejam, apenas, com salários mais altos, ou seja, mais inflação ainda. Com isso, bolsas deveriam cair e o dólar apreciar.
Qual caminho a seguir? Você escolhe.