OPEP, Petrobras e o combustível nas bombas
Por Ivan Sant’Anna
Há alguns anos, sempre que a OPEP optava por um acordo de cotas para proteger os preços, um ou mais integrantes da organização trapaceavam.
Havia também outros grandes produtores não filiados ao cartel de Viena (é lá que fica a sede da OPEP), como a Rússia e o Azerbaijão. Por sinal, antes eram parte de um mesmo país: União Soviética.
Pois bem, em 1990 estava em vigor um desses acordos de restrição de produção. Só que havia trapaça por parte dos Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque, que vendiam óleo cru por baixo do pano, através do mercado spot de Amsterdã.
Embora Saddam Hussein fosse um dos que não respeitavam as cotas, ele usou esse pretexto para invadir o Kuwait, o que resultou na Guerra do Golfo. O resto é história.
Nos últimos anos, os acordos de cotas têm sido acatados. Mais do que isso: países não integrantes da OPEP se uniram ao pacto. Daí se usar a expressão OPEP+.
Com o consumo mundial de petróleo se aproximando dos níveis pré-pandêmicos, o preço do barril vem se recuperando. Ontem o WTI fechou a 71 dólares e o Brent a 74,10.
Alguns analistas estão prevendo que em 2022 a cotação voltará a superar os US$ 100,00, pressuposto mais do que lógico com a regressão da Covid-19 e o ressurgimento da atividade econômica.
Resta saber se a Petrobras, caso o preço do barril dispare, irá continuar a usar a fórmula cotação internacional x câmbio dólar/real. Acho difícil, principalmente pelo fato de estarmos nos aproximando de eleições presidenciais.
O preço do barril do WTI (Western Texas Intermediate) já bateu US$ 132,00 na Nymex em junho de 2002. Considerando-se a inflação americana de 27,1% de lá para cá, esses 132 representam hoje US$167,72.
Esse aumento, se realmente acontecer, duvido que a Petrobras leve. Que o digam Roberto Castello Branco e Pedro Parente, que saíram da empresa justamente porque quiseram praticar preços realistas como fazem os demais produtores brasileiros de commodities.
Ivan Sant´Anna