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31 de maio de 2022
A fim de combater o aumento de preços, o FED parou o QE e iniciará o movimento reverso, que começará amanhã, quando passará a reduzir seu balanço. O investidor deve se preparar para isso.

Olá, leitor(a),

Tradicionalmente os bancos centrais sempre utilizaram os juros como forma de controlar a atividade econômica. Eleva-se os juros do país quando a economia está aquecida e a reduz quando enfraquecida, de modo a evitar uma possível recessão.

Além dessa, outras ferramentas foram desenvolvidas e usadas para alcançar esse mesmo fim, como aumentar os gastos do governo como forma de estímulo, alongar ou encurtar a dívida para curva de juros pré-fixados de mercado ou até mesmo controles ou intervenções cambiais. Todos estes métodos já foram utilizados por diferentes países como forma de controlar os ciclos econômicos.

Mas a partir de 2009, após a famosa crise financeira global, o Banco Central Americano (Federal Reserve), com o objetivo de estimular o mercado, começou a utilizar uma política monetária relativamente nova para nossa geração, mas que já havia acontecido em um passado distante, que foi a de comprar títulos, tanto públicos quanto privados, no mercado aberto e colocá-los em seu balanço. Ao fazer isso o FED promovia liquidez ao mercado, praticamente imprimindo dinheiro, o que foi chamado de Quantitative Easing (QE). 

Essa política foi realizada diversas vezes durante a última década e voltou de maneira muito mais forte durante a pandemia. Seus efeitos fizeram com que os ativos financeiros tivessem uma apreciação, criando um efeito riqueza e fazendo com que se tivesse uma melhora da atividade econômica.

A consequência da intensificação dessa política neste período foi uma grande demanda por bens que, junto com uma oferta insuficiente, causaram um aumento geral de preços, fazendo com que a inflação no país atingisse seu maior patamar nos últimos 40 anos.

Mais recentemente, a fim de combater este aumento de preços, o Federal Reserve parou o QE e iniciará o movimento reverso, que começará amanhã, quando o FED passará a reduzir seu balanço, o que é chamado de Quantitative Tightening (QT).

A forma com que ele escolheu fazer isso, não é entrando no mercado vendendo os títulos de seu balanço. O plano é deixar estes títulos que ele possui na carteira vencerem, cerca de 9 trilhões de dólares, com um prazo médio de cerca de 6,5 anos. Se dividirmos esse estoque pelo prazo, cerca de 1,4 trilhões de dólares vencem ao ano, o que daria 115 bilhões por mês. 

Supondo que a dívida americana fique constante, cada vez que esses títulos vencem, os que são emitidos para rolar a dívida no lugar destes inundam o mercado. O FED propriamente, não vende seus papéis, mas de forma indireta, o tesouro faz esse papel por ele. Por isso até que a meta do QT é deixar vencer, no máximo, 95 bi por mês, se reservando o direito de reduzir o ritmo caso o mercado se estresse com esse novo regime.

Basicamente, ele era o grande financiador e doador de pré do mercado, a agora forma, a curva de juros ficará pressionada, forçando uma possível alta adicional das taxas de juros por motivos técnicos. Isso pode afetar a dinâmica de outros ativos, como o dólar e a bolsa americana.

O investidor deve se preparar para isso.

Rodrigo Natali


Nota do editor: Prepare-se para diferentes cenários nos investimentos. Toda semana, os especialistas da Inv debatem as informações mais quentes e relevantes do mercado, AO VIVO, dentro do Panorama Inv. Hoje, às 17h30, o tema será “Petrobras e as carteiras Bolsonaro e Lula”. Para assistir, é só acessar o nosso Inv Streaming ou, então, os canais da Inv nas redes sociais. Clique aqui para assistir.

Conheça o responsável por esta edição:

Rodrigo Natali

Estrategista-Chefe

Rodrigo Natali tem graduação e MBA pela FGV. É especialista em câmbio e macroeconomia, tem 25 anos de experiência no mercado financeiro, tendo passado por diversas instituições nacionais e internacionais onde exerceu a profissão de trader e gestor de fundos de investimento multimercado.

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