Na contramão do BC

10 de dezembro de 2021
Nada como um dia após o outro. Hoje pela manhã vieram os dados do IPCA. Embora não seja nenhuma estatística digna de se soltar foguetes, foi uma melhora.

Na contramão do BC

Por Ivan Sant'Anna

 

Na última reunião do COPOM (Comitê de Política Monetária do Banco Central), realizada esta semana, o colegiado optou por um aumento de 1,5% na taxa Selic, elevando-a de 7,75% para 9,25%.

Essa decisão deveria ter sido neutra para a Bolsa, já que era exatamente o número que o mercado esperava. Acontece que o comunicado pós-reunião veio assustador. Usando palavreado extremamente hawkish, o Banco Central disse:

Nós vamos trazer a inflação para a meta, nem que tenhamos que ferrar todo mundo.”

Claro que eles não usaram essas palavras. Isso é liberdade poética (para não dizer sadismo) minha.

A advertência veio em mercadês casto, mas não deixou dúvidas de que a política contracionista continuará em 2022, até que a inflação se encaminhe para a banda da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional: 3.5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Como não podia deixar de ser, a B3 se assustou com os termos enérgicos do comunicado. Por essa razão, ontem, 9 de dezembro, o Ibovespa caiu 1,67%, de 108.096 para 106.291. Praticamente toda a pedra fechou no vermelho.

Só que não há nada como um dia após o outro. Hoje pela manhã, antes da abertura dos mercados brasileiros, vieram os dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo.

O número foi de 0,95% (esperava-se 1,10%), 0,30 ponto percentual abaixo do 1,25% de outubro, resultando num acumulado de 10,74% nos últimos 12 meses.

Embora não seja nenhuma estatística digna de se soltar foguetes, foi uma melhora, um esfriamento nas expectativas mais pessimistas e um possível sinal de que o pior da crise inflacionária já esteja no retrovisor.

 

Conheça o responsável por esta edição:

Ivan Sant'Anna

Trader e Escritor

Uma das maiores referências do mercado financeiro brasileiro, tendo participado de seu desenvolvimento desde 1958. Atuou como trader no mercado financeiro por 37 anos antes de se tornar autor de livros best-sellers como “Os Mercadores da Noite” e “1929 - Quebra da Bolsa de Nova York”. Na newsletter “Mercadores da Noite” e na coluna “Warm Up PRO”, Ivan dá sugestões de investimentos, conta histórias fascinantes e segredos de como realmente funciona o mercado.

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