Labor Day
Por Ivan Sant´Anna
Aqui no Brasil costuma-se dizer que o ano de trabalho só começa na segunda-feira que se segue ao carnaval.
Explicitando: entre o início das festas de fim de ano e o tríduo momesco (com minhas desculpas pelo beletrismo), supõe-se, com tremendo exagero, que as pessoas não fazem nada.
Perguntem ao ladrilheiro que trabalha na construção civil se ele goza férias nessa época e sai de carro com a família em uma longa viagem pelas praias do Nordeste.
Já o Judiciário e o Legislativo entram em recesso em parte desse período, assim como fazem muitos traders do mercado.
Nos Estados Unidos, essa diminuição no ritmo dos negócios acontece entre os feriados de 4 de julho (Dia da Independência) e o Labor Day (Dia do Trabalho), que por sinal é justamente hoje, período também conhecido como Driving Season.
É quando os nova-iorquinos mais abonados viajam para suas casas de praia de verão na Nova Inglaterra, como Cape Cod, por exemplo, no litoral de Massachussets.
Curiosamente, pode-se constatar que os Esfuziantes Anos Vinte (The Roaring Twenties) terminaram justamente no dia seguinte ao Labor Day de 1929, quando o Índice Industrial Dow Jones fez uma máxima que só seria alcançada novamente na década de 1950, após a Segunda Guerra Mundial.
Eis como narro o fato na página 31 de meu livro Projeto Maratona (Editora de Cultura, 2009):
“Em 1929, o Labor Day caiu em 2 de setembro, um dia excepcionalmente quente na Costa Leste. Houve congestionamento gigante nas estradas de acesso a Nova York. No interior dos carros parados, muitos com os radiadores fervendo, as famílias se queixavam do calor. As crianças resmungavam ao se lembrar da volta às aulas no dia seguinte.
Na terça-feira, 3 de setembro, o Serviço de Meteorologia informou que a temperatura havia batido o recorde do ano. Com muitos investidores e especuladores de volta ao mercado, a Bolsa abriu firme e manteve-se firme o dia todo. O volume de negócios foi de 4.438.910 ações. Tudo indicava que o bull market permanecia intacto. Mas não só o calor fazia a máxima do ano. As cotações da Bolsa naquela terça-feira aparentemente trivial marcaram o topo da gloriosa alta dos Anos Vinte. Mas isso, é óbvio, só se descobriria mais tarde. Às custas de grande padecimento.”
Um outro ditado de Wall Street diz Sell in May and go away (venda em maio e caia fora). Quem fez isso este ano simplesmente quebrou a cara. Entre maio e o momento atual, o Industrial Dow Jones, o S&P500 e o Nasdaq não fizeram outra coisa a não ser alcançar sucessivos highs históricos.
Vejamos agora o que vai acontecer a partir de hoje, após a celebração de mais um Labor Day que, tal como em 1929, vai coincidir com novos recordes no mercado americano de renda variável.
A conferir.