Fundos Imobiliários: não entre em pânico; mas se entrar, entre hoje
Por Ivan Sant’Anna e Nícolas Merola
Nos últimos anos, as aplicações em fundos imobiliários têm crescido avassaladoramente, quase que em proporção geométrica. Passamos dos 200 mil investidores, no final de 2018, para 1,300 milhão em maio de deste ano.
Três razões explicam esse interesse crescente:
- Possibilidade de investir em imóveis com valores pequenos;
- Diversificação;
- Isenção de imposto de renda.
Além, claro, dos constantes cortes na taxa básica de juros ao longo desse período.
Agora surgiu um novo fundamento. Novo e ruim.
No projeto de reforma tributária enviado na semana passada ao Congresso Nacional, o Executivo, entre dezenas de outras modificações, criou uma alíquota de 15% para os dividendos dos fundos imobiliários.
Claro que, se esse item for aprovado, o investimento perderá uma parte importante de seu atrativo.
Para que entre em vigor em 2021, a reforma terá de ser aprovada pelas duas Casas do Legislativo, até o início do recesso parlamentar de fim de ano.
Com as inevitáveis modificações, os 15% poderão diminuir ou até sumir do mapa. Isso depende muito da atuação dos lobbies e dos interesses pessoais de senadores e deputados.
Por outro lado, sempre há a chance de que o tributo prevaleça e que a tributação seja mantida.
Caro amigo cotista de Fundo Imobiliário: com a possibilidade dessas mudanças no texto original, não entre em pânico. Mas, se for entrar, entre hoje.
Isso porque nós, analistas da Inversa, fizemos um estudo que mostra o impacto potencial, não só da possível tributação, mas também do aumento da taxa de juros, que está precificado de fechar o ano em 7,5%.
Se projetarmos um dividendo anual para o IFIX (uma espécie de IBOVESPA dos fundos imobiliários) de 8,5% (1 ponto percentual a mais que a taxa básica de juros), e atribuirmos a probabilidade de 50% para a aprovação do novo tributo, estimamos o IFIX nos 2150 pontos. Isso significa uma queda potencial de 20%. É muita coisa.
Nesta hipótese, liquide suas cotas imediatamente. Venda tudo. Agora.
Há um ditado do mercado que diz que “o primeiro prejuízo é sempre o menor”.
Por Ivan Sant'Anna e Nícolas Merola, CNPI