Caro(a) leitor(a),
Volta e meia me pedem indicações de livros úteis para quem está começando no mercado e eu indico Market Wizards (Magos do Mercado).
Mesmo para investidores e traders já calejados, o Wizards é muito útil. Sem exagero, pode até mudar o modus operandi de quem quer (e quem não quer?) melhorar a rentabilidade de sua carteira.
Market Wizards é uma coletânea de entrevistas feitas por Jack D. Schwager com alguns dos traders mais bem-sucedidos dos Estados Unidos nos anos 1970 e 1980 (a obra foi publicada em 1993).
Comecemos por Michael Marcus, um trader de commodities que, num período de dez anos, multiplicou o valor do portfólio que administrava por 2.500.
Entre as inúmeras dicas que Marcus dá em sua entrevista, considero a mais importante quando ele afirma que quanto menos trades um investidor fizer, maiores são as suas chances de ganho.
Tem mais, ele diz que só compra ou “shorteia” uma commodity quando os fundamentos e os gráficos se alinham. Caso contrário, fica de fora.
Bruce Kovner, outro entrevistado do livro, operava no mercado de moedas.
Quem investiu, em 1978, dois mil dólares no fundo administrado por ele transformou esse valor em US$ 1.000.000,00 nos dez anos que se seguiram.
Ao contrário da maioria dos gestores, Kovner sempre trabalhou com stops largos. Como isso poderia significar perda muito grande, ele negociava lotes menores.
Richard Denis – esse eu, Ivan Sant'Anna, conheci pessoalmente no pregão da CboT (Chicago Board of Traders).
Conhecido como “ice man” (homem de gelo) tornou-se uma lenda dos mercados de derivativos. Denis considera um dos maiores erros de um trader perder uma oportunidade de lucro substancial.
Operava com stops curtíssimos. Se o mercado não corresse imediatamente na direção de seu trade, ele caía fora.
Por incrível que isso possa parecer, 95% dos lucros que obteve em sua carreira ultra bem-sucedida vieram de cinco por cento das posições que assumiu.
A segunda-feira 19 de outubro de 1987, que ficou conhecida como Black Monday, quando os índices (Dow Jones e S&P500) da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) perderam um quinto de seu valor, foi um dos dias mais desastrosos para os operadores de ações.
Mas não para Paul Tudor Jones, o entrevistado seguinte do livro. Se aproveitando da incrível volatilidade daqueles dias, o Tudor Futures Fund registrou um ganho de 62% no espaço de um mês.
Uma das lições deixadas por Jones em sua entrevista é a de que “por maior que seja o seu lucro em uma posição, um trader profissional deve considerar seu preço de custo o do fechamento da véspera.”
Gary Bielfeldt, o nome que vem em seguida em Market Wizards, erigiu sua carreira no mercado de T. Bonds (obrigações do Tesouro americano).
Quem acompanha os ciclos de taxas de juros sabe que eles costumam ser demorados, tanto quando a autoridade monetária está com uma postura dovish (expansionista) como hawkish (contracionista).
Pois bem, Bielfeldt conseguiu se manter comprado em Treasury Bonds durante os tempos de taxas de juros baixas e vendido a descoberto quando o FED revertia a tendência.
Uma das lições de Gary Bielfeldt é meio óbvia, mas não custa repeti-la aqui:
“O mais importante (no mercado) é ter um método para se manter com suas posições ganhadoras e se livrar rapidamente das perdedoras.”
A grande maioria dos investidores e especuladores (e agora sou eu que digo) faz justamente o contrário.
Ed Seycota foi um dos precursores de operações feitas por programas de computador (program trading). Era gestor de um fundo.
Um dos seus cotistas, que aplicou cinco mil dólares em 1972, ganhou 250 mil por cento nos 16 anos seguintes. A metodologia implantada no programa de Seycota era tão genial quanto simples:
- Se livrar rapidamente das posições perdedoras.
- Manter as ganhadoras (ride winners).
- Jamais questionar as duas regras acima.
Após tentar, sem sucesso, as carreiras de ator, roteirista e empresário de artistas, Larry Hite, decidiu trabalhar em Wall Street.
Logo ficou fascinado pelos mercados futuros. Sua estratégia passou a ser um rigoroso controle de risco.
Entre abril de 1981 e meados de 1988 as carteiras que administrava renderam em média 30% ao ano. Seu pior resultado foi de + 13% e o melhor, + 60%, o que mostra como seus métodos operacionais eram uma mistura de sucesso e conservadorismo.
Suas máximas são:
- Se você não aposta, não pode ganhar.
- Se você perder todas as suas fichas não poderá apostar.
Michael Steinhardt começou a operar no mercado aos 13 anos de idade quando seu pai lhe deu 200 ações de presente por ocasião do bar mitzvah.
Nos 21 anos que se seguiram, a firma constituída por Steinhardt obteve resultados excepcionais para seus clientes. Mil dólares investidos no início de 1967 se transformaram em US$ 93.000,00 vinte e um anos mais tarde.
Segundo Michael Steinhardt, “o controle emocional e a habilidade de saber apertar o acelerador no momento certo são alguns dos elementos que separam os bons traders dos traders excepcionais.”
Para que esta newsletter não fique grande demais, continuarei no próximo sábado.
Um ótimo fim de semana para todos.
Ivan Sant’Anna
Nota do Editor: Além de assinar a Mercadores da Noite, que sai aos sábados aqui e em Podcast nas plataformas Spotify e Deezer etc., o Ivan Sant'Anna também escreve todas as segundas, terças e quintas-feiras a coluna Warm Up PRO, que você pode conhecer clicando aqui!
