Mercadores da Noite #230 Ouro não protege mais ninguém

26 de junho de 2021
Em minha opinião, o vil metal tornou-se apenas uma relíquia bárbara que não protege ninguém de coisa alguma.

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Caro(a) leitor(a),

Volta e meia vejo um analista de mercados recomendando aplicação em ouro de pelo menos parte da carteira dos investidores.

Divirjo!

Em minha opinião, o vil metal tornou-se apenas uma relíquia bárbara que não protege ninguém de coisa alguma.

Antes de mais nada, gostaria de esclarecer que, depois que deixei de operar ações e títulos de renda fixa nos mercados brasileiros, no início dos anos 1980, e passei para os mercados mais especulativos, fiquei uns dois anos operando apenas ouro.

Fiz isso tanto na Bolsinha (Bolsa de Mercadorias de São Paulo), como na Comex, em Nova York. Nessa ocasião, eu era conhecido como operador de ouro. Somente ouro. Inclusive escrevia relatórios mensais sobre esse metal precioso.

Como não havia mercado futuro de dólares no Brasil, e o que servia para lidar com as incertezas políticas e econômicas era o paralelo, ou black, o ouro entrava como substituto, já que sua cotação era a da onça do metal em dólares na Comex convertida em gramas e cruzados pelo preço das verdinhas no câmbio negro.

A década de 1980 foi o período áureo do ouro (o trocadilho foi meio sem querer) no Brasil. Nessa ocasião, dei uma das maiores porradas de minha vida, ao comprar ouro “futurão” (vencimento longo) na Bolsinha.

O que eu estava querendo mesmo era ficar long na cotação do paralelo futuro. Mas, como fazer isso era impossível (oficialmente o black não existia), só me restou o ouro.

Me enchi de dinheiro na época. Fiquei 40 dias sem trabalhar, viajando de carro pelas praias do Nordeste. 

Fora essas vezes, raramente essa commodity multimilenar apresenta boas perspectivas de lucros.  Tanto é assim que nestes tempos de pandemia e de ressuscitação da inflação, o ouro revelou-se um hedge fraquinho, muito inferior às oportunidades oferecidas pelos mercados de ações, estes sim incrementados pelas taxas de juros negativas.

Tanto aqui como no plano internacional, bem entendido.

Vamos aos números: No início de abril de 2020, quando a Covid-19 se manifestou com enorme força nos Estados Unidos, a onça de ouro estava sendo negociada na Comex a US$ 1.750,00.

Ainda não havia o menor sinal de inflação nos EUA. Muito pelo contrário, falava-se em deflação causada pela provável estagnação econômica.

Pois bem, no momento em que escrevo este texto (final da tarde de quinta-feira, 24 de junho), o ouro está sendo negociado a US$ 1,775,00. Míseros 1,43% de ganho ao longo de 14 meses.

Nesse mesmo período, o índice industrial Dow Jones rendeu 62,5%, saindo de 21.052,53 para 34.196,82, o S&P500 valorizou-se 71,45% e o Nasdaq praticamente dobrou, pulando de 7.373,08 para incríveis 14.319,71.

Vejam só: para evitar uma recessão econômica, o FED baixou os juros para quase zero (banda de 0,00% a 0,25%).

Mesmo assim, ao contrário do que acontecia antigamente, nem os grandes investidores nem os bancos centrais mundo afora se abarrotaram de ouro. Procuraram outros ativos reais.

A China, por exemplo, acumulou grandes estoques de metais básicos.

Como estou propenso a desancar o ouro, cito abaixo outros inconvenientes do metal.

    - Se o caro amigo leitor quiser comprá-lo físico, em barras, terá de pagar aluguel de cofre em um banco.
    - Se deseja ficar long em ouro futuro na Comex, vai ter de rolar permanentemente a posição (só os vencimentos curtos têm liquidez) pagando contango (diferença, a maior, dos longos sobre os curtos).
    - Se quiser aplicar em fundos de ouro, terá de pagar taxa de administração.

Nem sempre foi assim. Entre o acordo de Bretton Woods (julho de 1944) e o governo de Richard Nixon (1969/1974), o preço da onça era tabelado a 35 dólares. Em 1971, quando Nixon acabou com o padrão ouro, o metal subiu durante uma década, chegando a US$ 800,00.

O último bull market aconteceu entre junho de 1999 e agosto do ano passado, quando o metal subiu de US$ 260,80 para US$ 2.063,00, uma valorização de quase 700%.

Então a festa acabou.

Verdade. Quando tudo indicava que a alta continuaria, acompanhando as demais commodities (principalmente a irmã prata), o metal dourado broxou.

Agora, quando o FED e o BC daqui estão anunciando novos aumentos para as taxas básicas, tudo indica que o ouro vai cair mais.

Se o caro amigo assinante quiser ganhar dinheiro nesse mercado, a única coisa que sugiro é que fique vendido a descoberto na Comex com um stop de (digamos) 50 dólares.

Objetivo: muito ambicioso. Não duvido que o ouro volte a ser negociado brevemente abaixo de US$ 1.500,00 ou até menos.

Claro que minha recomendação implica risco. Daí o stop que sugeri.

Um forte abraço e um ótimo fim de semana para vocês!

Ivan Sant’Anna

Com participação de Antonyo Giannini, CNPI

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Nela Ivan divide sua experiência de mais de 60 anos no mercado financeiro com sua visão sobre investimentos e análises de importantes fatos que podem impactar o dia a dia do mercado, confira:

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Conheça o responsável por esta edição:

Ivan Sant'Anna

Trader e Escritor

Uma das maiores referências do mercado financeiro brasileiro, tendo participado de seu desenvolvimento desde 1958. Atuou como trader no mercado financeiro por 37 anos antes de se tornar autor de livros best-sellers como “Os Mercadores da Noite” e “1929 - Quebra da Bolsa de Nova York”. Na newsletter “Mercadores da Noite” e na coluna “Warm Up PRO”, Ivan dá sugestões de investimentos, conta histórias fascinantes e segredos de como realmente funciona o mercado.

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