Mercadores da Noite #159 - Diário de viagem

22 de fevereiro de 2020
Durante toda minha viagem pela Europa, estarei em contato com vocês, seja escrevendo dos aviões, das salas de espera dos aeroportos, dos trens, e até, quem sabe, duma cadeirinha de praia espetada na areia gelada de uma praia deserta inglesa.

Caro leitor,
   
Estou começando a escrever esta crônica às 12h33 de quarta-feira, dia 19 de fevereiro. Mas os caros amigos leitores só a receberão, por e-mail, no sábado, 22.
   
Quando a Inversa disparar o texto para os assinantes, estarei em Lisboa. Nossa viagem – vou em companhia de minha mulher − se inicia amanhã (começou anteontem para quem está lendo) às 22h, do Galeão para Heathrow, em Londres, onde chegaremos às 12h10 de sexta-feira. Pela primeira vez, voarei no Dreamliner, Boeing 787, da British Airways, com fuselagem de fibra de carbono.
   
Em Heathrow, trocaremos de terminal, do 5, exclusivo da British, para o 2, de onde decolaremos para Lisboa, às 18h30, no voo 1357 da TAP, um Airbus A321 que chegará ao aeroporto de Portela, na capital portuguesa, às 21h05.
  
Ficaremos em Lisboa até segunda-feira, 24, quando embarcaremos, na Estação Ferroviária do Oriente, às 21h34, em cabine leito, no Expresso Noturno para Madri. Na capital espanhola, onde chegaremos às 8h40, apenas trocaremos de estação de trem: de Chamartín para Atocha, onde aconteceram os atentados terroristas de 11 de março de 2004. De lá, sairá, às 11h30, nosso expresso para Barcelona, com chegada prevista para as 14h40. Dormiremos três noites na capital da Catalunha.
   
Às 10h10 de sexta-feira, dia 28, partiremos, sempre de trem, desta vez no andar superior do primeiro vagão de um TGV, para Paris, onde desembarcaremos na Gare de Lyon às 16:46.
   
Permaneceremos apenas pouco mais de 20 horas em Paris. No mínimo, vai dar para um ótimo jantar, com entrada de escargots, evidentemente, e um passeio pela margem do Sena, ou pelas ladeiras da Butte Montmartre, ou pelo boulevard de Montparnasse. Teremos de escolher uma dessas três opções. Mas os escargots são sagrados.

Às 13h30 do próximo sábado (29 de fevereiro), partiremos no Eurostar rumo a Londres, através do Eurotúnel. Quem leu meu livro “Os mercadores da noite” sabe que sou íntimo desse trem de alta velocidade, que percorre a distância das duas míticas cidades de A Tale of Two Cities, de Charles Dickens.
   
A chegada à capital inglesa acontecerá às 14h39, na estação de St. Pancras. Nessa noite jantarei com minha filha e meu genro, ambos ingleses – sendo ela naturalizada – e residentes na cidade.
   
Às 12h40 do dia seguinte, 1º de março, partiremos da estação de Euston, num expresso de alta velocidade que cortará, do sul para o norte, campos ingleses e escoceses, paisagem da qual nunca me canso, pois remete à minha infância. Menino ainda, morei na Inglaterra, logo após a Segunda Guerra Mundial, como, aliás, conto no meu último livro.
   
Chegaremos a Edimburgo às 18h20. Ficaremos na cidade duas noites e um dia e meio. Acho que terei de trair minhas convicções mais profundas e trocar meu habitual Jack Daniel’s por um uísque nacional.
  
Na terça-feira, dia 3, voltamos a Londres, chegando em Euston às 18h33. A partir desse momento, e encerrado o rali ferroviário, dividiremos nosso tempo entre a casa de minha filha, em Southgate, e uma mansão de sete quartos na beira da praia que nossa família inglesa (serão 14 pessoas) alugou por alguns dias.
   
Como ainda estaremos no inverno (do Hemisfério Norte), o aluguel sai bastante em conta.
  
Essa estadia será o ponto alto da viagem. Estarei entre amigos, grandes amigos, o tempo todo, jogando conversa fora, e pondo cerveja para dentro. Fora os breakfasts tipicamente ingleses, porque ninguém é de ferro.
   
Os Theobald, sobrenome de minha filha, são dessas famílias que quase não vemos mais. Partilham os sucessos e fracassos uns dos outros, estão sempre se reunindo e é sempre um privilégio estar com eles.
   
Vou conhecer os que nasceram depois da última vez que fui lá e prantear os que morreram enquanto estive ausente.
  
Na quarta-feira 11 de março estarei regressando ao Rio, com o Dreamliner saindo do Heathrow às 11h20 e chegando ao Galeão às 20h10.
   
Minha mulher ainda fica na Europa. Irá com a sogra de minha filha para Bruges, na Bélgica, onde mora uma das nossas três praticamente filhas adotivas. E eu digo “filhas adotivas” por causa do tanto que a gente gosta delas. E vice-versa.
   
Por sinal, Gabriel, filho de nossa filha belga, é vice-campeão mundial, campeão europeu e tríplice coroado em Las Vegas no videogame LoL (League of Legends).
    
Largou os estudos cedo e agora fatura milhões de dólares com seu “joguinho”.
   
Durante toda essa viagem estarei em contato com vocês, caros amigos leitores, seja escrevendo dos aviões, das salas de espera dos aeroportos, dos trens, ou até, quem sabe, duma cadeirinha de praia espetada na areia gelada de uma praia deserta inglesa, varrida pelos ventos do Mar do Norte.
   
Falarei sobre os lugares, sobre as pessoas. Sobre o que estou vendo, ouvindo e sentindo. Sobre o que os europeus estão falando do Brasil nestes tempos de Jair Bolsonaro.
   
Estou terminando esta minha crônica às 16h39 de quarta-feira, 19 de fevereiro. Quem sabe quando vocês estiverem lendo o texto estarei traçando uma bacalhoada ou um arroz de polvo no mercado da Ribeira, em Lisboa.
   
Até lá, meus amigos.

Um abraço,

Ivan Sant'Anna

Conheça o responsável por esta edição:

Ivan Sant'Anna

Trader e Escritor

Uma das maiores referências do mercado financeiro brasileiro, tendo participado de seu desenvolvimento desde 1958. Atuou como trader no mercado financeiro por 37 anos antes de se tornar autor de livros best-sellers como “Os Mercadores da Noite” e “1929 - Quebra da Bolsa de Nova York”. Na newsletter “Mercadores da Noite” e na coluna “Warm Up PRO”, Ivan dá sugestões de investimentos, conta histórias fascinantes e segredos de como realmente funciona o mercado.

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