Cesta & Fundos #22 - Não existe caridade nos fundos

4 de outubro de 2019
Por que gestores abrem suas estratégias se podem ganhar sozinhos com elas? Porque ganham muito mais cobrando taxas de quem confia em suas ideias.

Sunday Notes

Aviso do editor: Depois de aprender mais um pouco com o Cesta como os fundos ajudam a potencializar e blindar o seu capital, convido você a ouvir aqui a nova série de podcasts do Marink Martins: 2020, o ano da turbulência. O maior especialista em mercados internacionais do país fala sobre o que você precisa fazer para se proteger, e ainda ganhar dinheiro, com a tempestade que se aproxima.

 

Olá, leitor Cesta & Fundos!

Recebo, com certa frequência, e-mails de leitores me dizendo que não adianta procurar por bons fundos e gestores. Se existissem bons gestores mesmo, eles cuidariam somente de seus próprios recursos sem abrir a estratégia para terceiros.

Como essa afirmação é recorrente no mercado financeiro, resolvi escrever aqui algumas palavrinhas sobre o assunto. E minha opinião é que essa colocação não é verdadeira.

É certo que o gestor tem seus interesses em ganhar dinheiro da mesma maneira que o cotista, e que eventuais conflitos podem ocorrer. Mas usarei novamente a simplicidade de um exemplo para colocar as coisas em seus devidos lugares.

Digamos que um jovem economista acaba de se formar em uma escola de ponta e descobre uma técnica para escolher as melhores ações em Bolsa. Por anos sucessivos, consegue um retorno de 25% anuais.

Parece um retorno bom, não?

Acontece que esse jovem começou sua vida de investidor com R$ 5.000 e após cinco anos alcançou R$ 15.258,79. É bastante dinheiro, mas ele poderia ter conseguido mais. Como?

Compartilhando essa sua estratégia e cobrando por isso.

Digamos que ele tem cinco amigos que acreditam na sua capacidade em obter retornos substantivos e o confiam R$ 5.000 cada. O jovem economista, no entanto, cobra uma taxa de 2% anuais para tomar conta desse dinheiro.

E ao final dos cinco anos, ao invés de alcançar os R$ 15.258,79, ele obteve um total de R$ 22.589,05. Ou uma melhoria de 48% sobre o que conseguiria se mantivesse sua carreira solo, egoísta e mantendo sua estratégia somente para ele.

Esse resultado foi obtido através da aplicação de sua capacidade de obter resultados para seu próprio dinheiro, bem como com a cobrança de uma taxa para aplicar essa mesma estratégia com o dinheiro de seus amigos.

E de quebra, seus amigos ficaram felizes pois obtiveram um retorno composto de 23% anuais. Que também não é nada mal.

Entenda aqui, através desse exemplo simples, que o gestor não aplica o dinheiro do cotista por caridade, mas sim para maximizar sua capacidade de aplicar estratégias vencedoras no mercado financeiro, e ganhar “mais” dinheiro com isso.

Como mostrei nesse exemplo, com uma simples cobrança de 2% sobre o patrimônio dos amigos – e quando falamos de um fundo esses amigos são os cotistas –, houve uma maximização de seus próprios resultados.

O gestor de fundos não está lá, compartilhando seus conhecimento e estratégias certeiras de mercado, por caridade, mas porque ganha, e ganha muito bem por isso.

Eu advogo, a partir dessa minha simples colocação, a tese de que há, sim, bons gestores e eles cobram por isso, alguns até bem caro. E há também os maus gestores, que cobram e não entregam resultado, ficando no meio do caminho dissolvendo seus fundos.

Cabe a mim, como estudioso de fundos aqui na Inversa, sugerir aqueles que maximizam o resultado para você leitor, cotista, que aplica. Ou melhor, confia suas economias a terceiros na expectativa de, não só melhores retornos, mas riscos condizentes com os acordados via regulamento. Ou seja, aqueles que entregam mais, cobrando menos.

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Você também pode acompanhar meus insights no twitter, onde compartilho, pelo perfil @luizcesta, informações que podem te ajudar a tomar a melhor decisão sobre como aplicar o seu dinheiro.

Até mais!

Luiz Cesta (twitter: @luizcesta)

Conheça o responsável por esta edição:

Luiz Cesta

Especialista em Ações e Fundos de Investimento

Duas vezes premiado como melhor analista de ações do Brasil, em 2006 e 2009, Luiz Cesta é engenheiro eletricista formado pela Poli/USP (2002). Passou por grandes bancos e corretoras de valores ao longo dos últimos 15 anos e acumulou experiência nas mais diversas áreas do setor, como análise de crédito, mesa de operações, atendimento corporate e, principalmente, análise de ações, sua verdadeira paixão.

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