Investigador Financeiro #73 - Você é velho demais para investir?

31 de agosto de 2019
Margem de erro diminui com a idade, mas é limitador fugir de um risco mínimo se você quiser algo que faça a diferença em seu patrimônio.

 

Oi.

Antes de entrar no assunto de hoje, quero agradecer pelas dezenas de e-mails que recebi sobre a newsletter da semana passada. Eu escrevi sobre como funciona a venda antecipada de títulos do Tesouro Direto.

Mas algumas pessoas, como o Nestor, questionaram sobre a lógica das contas: “Se pretende fazer um artigo que agregue sobre o assunto, vai ter que falar sobre as oportunidades que o investidor tem para conseguir bater o mínimo de 8,5% a.a, pois somente assim ele poderia tomar a decisão”.

Nestor, esse foi todo o ponto da newsletter. Existem diversas oportunidades no mercado, mas tudo depende do risco que você está disposto a assumir. É algo pessoal e vou falar exatamente disso na resposta abaixo.

É possível, sim, ter retornos acima dos 8% ao ano no mercado, especialmente se você segue as indicações dos especialistas aqui da Inversa. A resposta mais simples é investir em Bolsa, mas existem muitas outras possibilidades. Veja abaixo.

“Tenho 62 anos e estou com 302 mil reais na poupança, onde posso aplicar meu dinheiro e ter um retorno melhor que a poupança uma vez que pela minha idade não posso correr muitos riscos”. – Dinho 

Muito obrigado por enviar a sua pergunta, Dinho. Ela vai nos ajudar a entender melhor dois pontos importantes: idade e risco.

Vamos começar pela idade. Eu concordo que quem é mais velho tem menos espaço para errar. Porém, dizer que alguém com 60 anos não pode correr nenhum risco é muito limitador.

Se você colocasse 1% dos seus R$ 302 mil (R$ 3.020,00) em Bitcoin, por exemplo, e ele fosse a zero, isso causaria uma catástrofe na sua vida financeira? No entanto, se tivesse investido na criptomoeda no início do ano, poderia ter dobrado essa quantia, pois a moeda digital atingiu retornos de mais de 100%. 

Agora, vamos analisar o outro lado...

Você manter os seus R$ 302 mil somente na Poupança, convicto de que não está correndo riscos. Pois confira o gráfico abaixo:


Fonte: Equipe Inversa

O que você está vendo na linha azul é o rendimento da Poupança contra a linha laranja, do IPCA (índice de inflação), desde 2000.  

Como você pode observar, a inflação bateu a Poupança duas vezes, o que te daria resultados negativos. E, outras vezes, o rendimento real foi bastante pífio.

Agora eu te pergunto: vale o risco ficar na Poupança sabendo que ela pode perder para a inflação ou dar ganhos minúsculos? Você prefere arriscar para ganhar ou não fazer nada e arriscar perder?

Saber diversificar o seu dinheiro é o que ajuda a diminuir o risco. Se você comprar apenas uma ação, por exemplo, o risco é maior, pois você está colocando todos os ovos na mesma cesta.

Mas se você diversificar em dez ações já estará mais seguro, pois a probabilidade de todas darem errado ao mesmo tempo é muito menor. E se você fizer uma carteira com correlações diferentes, fica melhor ainda. Um exemplo clássico é possuir duas ações: uma que ganha com aumento do dólar e outra que se beneficia com alta do real.

O meu ponto aqui é saber como dividir o seu dinheiro, fazendo a dosagem certa, como em todo remédio. Muito pode te matar, pouco não te cura.

Eu prefiro pensar na idade como um medidor para essa dosagem. Uma alocação bem conservadora seria algo como 10% em Caixa (Fundo DI ou Tesouro Selic), 75% em Renda Fixa (Tesouro Direto, LCI, LCA, CDB, etc.) e 15% em Bolsa (Ações ou ETFs).

Você também tem uma dúvida de investimento? Mande para mim por meio deste link. Espero responder em breve.

Um abraço,

André Zara

Conheça o responsável por esta edição:

Andre Zara

Especialista em Investimentos para Leigos

André Zara é autor da newsletter “Investigador Financeiro” e sócio da Inversa. Participa das publicações Investidor Completo e Crypto Evolution e, em sua carreira, já colaborou com publicações da Folha de São Paulo, d’O Estado de São Paulo, da editora Abril e do Sebrae-SP. É investidor, empreendedor, entusiasta do mercado de criptomoedas e de projetos de disseminação da cultura de investimentos no Brasil.

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