Cesta & Fundos #17 - Combinar fundos, um quebra-cabeça

30 de agosto de 2019
Luiz Cesta escreve sobre uma ferramenta que vai ajudar você a montar uma carteira de fundos complementares para maximizar ganhos e reduzir riscos.

Sunday Notes

 

Aviso do editor: O novo programa de privatizações pode abrir uma temporada de heranças milionárias. Aconteceu na década de 90, pode acontecer de novo. Leia aqui o documento que o Cesta acaba de liberar sobre o assunto.

 

Caro leitor,

O conceito de complementaridade está presente em nosso dia a dia. Posso elencar diversos exemplos, mas, talvez, se você olhar para o lado, já vai encontrar um em seu próprio ambiente de trabalho.

Numa empresa, é muito importante que seus funcionários ou áreas tenham características e atribuições complementares. Uma das responsabilidades de um bom departamento de gestão de pessoas é, ou deveria ser, montar equipes com funcionários de perfis diferentes e complementares.

Aqui, é importante não confundir diferença com complementaridade. Uma organização eficiente é, em geral, formada por pessoas de habilidades e especializações distintas, onde o conhecimento de um se soma ao do outro para se chegar aos objetivos da instituição.

Complementar significa completar o todo e, se você leu a newsletter da semana passada, já deve ter percebido que o assunto desta edição se trata de uma continuação de tema. 

Vou dar como exemplo a empresa onde eu trabalho, a Inversa, para você entender a ideia que quero transmitir.

A Inversa tem um objetivo que justifica a sua existência como publicadora de conteúdo financeiro: “servir os assinantes, criando as melhores soluções e oferecendo uma experiência incrível”.

Os vídeos que você assiste em nosso canal de youtube, ou que são enviados a nossos leitores por e-mail e outros canais, são produzidos numa ilha de edição em que a combinação de diferentes habilidades específicas se apresenta de forma bem evidente para quem trabalha aqui.

Temos o Rafa, que é muito bom em fazer a captura de imagens, som e ambientação. O Paulinho, especialista em tratamento de imagens, trilhas, cortes e finalização do vídeo. Já o Rodrigo Guedes, o Guli, é fera em animações gráficas e combinação de elementos visuais, talento cujo um de seus frutos são as vinhetas das nossas produções audiovisuais.

Graças às complementaridades dessas funções, conseguimos – e agora vou deixar a modéstia um pouco de lado – um resultado final digno de Hollywood! As peças se encaixam perfeitamente, como num quebra-cabeça.

Obviamente, só estou usando esses exemplos como um gancho para trazer a você mais um conceito importantíssimo sobre fundos de investimento.

Em uma carteira formada por diversos fundos, buscar a complementaridade entre eles é primordial para se alcançar retorno satisfatório e reduzir o risco de seus investimentos.

Na minha série Fundos Expert, venho montando um portfólio de fundos complementares que, para usar um linguajar mais técnico, possuem certo grau de “descorrelação”.

Vou tentar explicar primeiro o que é correlação para você entender o que é o seu oposto, a descorrelação, identificada, mais adiante, com um sinal negativo na frente (-).

Se correlação, no âmbito estatístico, significa interdependência de duas ou mais variáveis, a descorrelação corresponde a seu inverso: independência entre variáveis.

Logo, posso dizer que fundos de investimento descorrelacionados apresentam graus de dependência baixos entre eles.

Unindo fundos descorrelacionados, consigo uma complementaridade entre eles que, em conjunto, me permite identificar rentabilidade satisfatória por um risco adequado.

Complicado? Vou apresentar uma situação prática que vai deixar tudo mais claro. Você deve concordar comigo que não faz muito sentido investir em dois fundos de ações que seguem muito de perto o Ibovespa. Por que não ter somente um deles se ambos fazem basicamente a mesma coisa? Da mesma forma que não existem nas empresas dois departamentos dedicados a uma mesma tarefa.

Agora, por outro lado, reconheço também que não é fácil, a quem não é do ramo, saber se a performance de um fundo tem baixa ou alta aderência ao desempenho do Ibovespa ou de outros índices, instrumentos financeiros e demais fundos do mercado.

Mas hoje, não conta para ninguém, vou revelar que existe uma tabela onde você encontra essa informação. Ela tem um nome, matriz de correlação, e apresenta numa escala que vai de -100 (descorrelação completa) a 100 (movimentos idênticos) os graus de correlação entre ativos.

Dê só uma olhada na tabela abaixo, em que eu calculo a matriz de correlação entre fundos de ações, o Ibovespa e o índice IBX. No caso, o fundo 1 tem uma correlação mais baixa com o fundo 2 (82) do que com o fundo 3 (87).

Fonte: Quantum Axis

A priori, a combinação dos fundos 1 e 2 faz mais sentido, ao passo que uma eventual combinação com o fundo 3, com forte correlação com o Ibovespa (97), teria menos a agregar ao objetivo de minimizar riscos e maximizar resultados.

As diferenças de pontuação nessa matriz ficam mais acentuadas quando se relaciona ativos muito diferentes. Olha só como ficaria a tabela com fundos de categorias distintas:

Fonte: Quantum Axis

Isso não quer dizer, porém, que é só colocar um monte de fundos diferentes juntos para se maximizar rentabilidade e minimizar risco. Eu faço centenas de simulações entre diversos fundos que passam pelo meu crivo analítico e qualitativo para, só depois disso, encontrar o portfólio ótimo.

O assunto de hoje pode ser um pouco complexo, mas achei importante entrar nele para passar a você um pouco da minha rotina e revelar alguns detalhes dos estudos que faço para chegar à seleção da Fundos Expert.

Como não quero fundir a cabeça de ninguém em plena sexta-feira, eu paro por aqui. De qualquer forma, me avise se quiser que eu volte a falar sobre correlação de ativos financeiros, ou qualquer outro tema ligado ao universo dos fundos. É só enviar uma mensagem para o meu e-mail: cestaefundos@inversa.com.br.

Fico no aguardo e até a próxima edição!

Até a próxima edição!

Luiz Cesta (@luizcesta - Meu Twitter)

Conheça o responsável por esta edição:

Luiz Cesta

Especialista em Ações e Fundos de Investimento

Duas vezes premiado como melhor analista de ações do Brasil, em 2006 e 2009, Luiz Cesta é engenheiro eletricista formado pela Poli/USP (2002). Passou por grandes bancos e corretoras de valores ao longo dos últimos 15 anos e acumulou experiência nas mais diversas áreas do setor, como análise de crédito, mesa de operações, atendimento corporate e, principalmente, análise de ações, sua verdadeira paixão.

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