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Um atributo importante, associado aos mercados, seja o de ações ou de qualquer outro ativo, é a liquidez. Essa é uma medida que podemos definir como a capacidade de transformar um ativo em dinheiro sem que haja perdas significativas.
Por muitas vezes, o mercado está sob um forte volume negociado, mas, quando se vê muita oscilação, a capacidade de transformar determinado ativo (seja em uma ação da Apple ou Petrobras, por exemplo), em dinheiro, ela é prejudicada. A própria oscilação faz com que você tenha perdas.
Em situações nas quais os mercados ficam menos líquidos, podemos dizer que esses estão mais voláteis. E, analisando essas oscilações por outro ângulo… Em 2022 já registramos, em se tratando do índice S&P 500, o principal índice de ações dos Estados Unidos e do mundo, mais de 100 pregões com oscilações superiores a 1%. Esse é um dado muito significativo, pois, ao longo da história dos últimos 70 anos, vimos somente essa situação em momentos críticos.
Datas como 1974, quando um grande problema inflacionário norte-americano e problemas na política monetária de Arthur F. Burns. Entre 2000 e 2002, o estouro da Bolsa do Nasdaq. Em 2008 e 2009, a grande crise financeira. Foram marcantes saltos no número de pregões, com oscilações superiores a 1% em 2020 no início da pandemia, quando o mundo viveu de forma bastante intensa.
Mas, e agora em 2022? O que está acontecendo em 2022 que faz deste ano um período tão difícil e incerto?
Bem, podemos apontar algumas características e, a mais notória, é a inflação elevada diante de um mundo desenvolvido (algo raríssimo) e um movimento dos Bancos Centrais, capitaneado pelo próprio FED. Esse é um movimento de aperto monetário e elevação dos custos do dinheiro.
Atualmente, a taxa do Fed Funds — taxa básica norte-americana — está em cerca de 3,25% e o mercado futuro já projeta algo como 4,5, 5%. Esse seria um grande aperto! Ainda sabendo que essa taxa veio de um patamar muito baixo.
Esse movimento está criando uma grande crise de liquidez. Já vimos esses problemas em países fronteiriços: Paquistão, Egito, Sri Lanka e Líbano. Agora, uma medida que vale a pena ser analisada, essa muito trabalhada na casa de pesquisa Gavekal, é a base monetária global.
Os analistas verificam a base monetária global dos Estados Unidos e somam a ela o saldo que os bancos centrais de diversos países têm depositado no FED. Nesta base monetária global, o que observamos é uma forte contração na liquidez, a maior contração dos últimos 40 anos. Por isso, os mercados estão com tanta dificuldade para encontrarem um preço de equilíbrio.
Acontece que muita oscilação é o sintoma de um problema de saúde dos mercados que
tentam achar um ponto de equilíbrio, seja para o preço da ação da Apple, para a ação da Petrobras, para o preço do título de 10 anos dos Estados Unidos ou do Reino Unido. Essa volatilidade tem afetado não somente o mercado de ações, mas também o mercado de renda fixa e o cambial. Aonde isso irá parar?
Em momentos muito tensos nos mercados vale a pena ficar de fora! Pois, o mercado vai sim se acalmar, essa é uma questão de tempo.
2017 foi um ano marcado por uma baixíssima volatilidade, por exemplo, mas neste momento e para 2023 e devido às preocupações com o índice S&P, o Brasil com uma situação mais desafiadora com a China e com relação aos Estados Unidos e o resto do mundo, a contração de liquidez é preocupante, além da continuidade da volatilidade elevada. Tudo isso pode fazer com que o cenário “no crash” fique ameaçado e com isso, o movimento pode ser mais abrupto, tanto para cima quanto para baixo.
Não tenha medo de ficar de fora!
Às vezes, ficar de fora é o melhor trade que você tem a fazer!
Aguardo você na próxima edição!
Um grande abraço,
Marink Martins.