Global Investor #69: O que o índice de "pânico e euforia" do Citi está indicando?

15 de setembro de 2022
O “Levkovich Index", anteriormente conhecido como “Citi Research Panic-Euphoria Reading", reúne uma série de indicadores técnicos que refletem, de forma agregada, o posicionamento dos agentes de mercado.

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Em  setembro de 2021, o estrategista Tobias Levkovich, que esteve à frente da gestão do índice “Citi Research Panic-Euphoria Reading" por um período de 20 anos (entre 2001 e 2021), faleceu de forma trágica. Alguns dias após ser atropelado no município de Nassau County, na região de Long Island em Nova York, o famoso índice do Citi passou a carregar o seu nome e continua a ser monitorado de perto por Wall Street.

Tobias trabalhou no CitiGroup e o índice que passou a ter o seu próprio nome — o índice de "pânico e euforia” —, foi criado em 1987 e reúne uma série de indicadores técnicos que refletem, de forma agregada, o posicionamento dos agentes de mercado. 

São nove os indicadores e neles se destacam: o nível de uso da conta-margem, nível de venda de ações a descoberto, relações entre prêmios, opções de venda e opções de compras (conhecido no mercado como skill), relação entre contratos em aberto e prêmios relativos entre "PUTs" e "CALLs", dentre outros. Em suma, o índice é uma medida técnica, descolada dos fundamentos corporativos, que busca captar o sentimento dos investidores ao longo do tempo.

É interessante que esse índice apresenta a sua própria escala e, ao atingir o nível de - 0,17, isso simboliza pânico no mercado! E, ao atingir o nível de 0,38, indica euforia no mercado. No gráfico abaixo, você pode visualizar esses dados com mais detalhes. Observe:

Há uma relação muito interessante entre os dois patamares de pânico e euforia e também o Índice de Levkovich. Nessa série histórica, o mais interessante de se observar é que esse índice está sempre realizando uma espécie de “overshooting”. Ou seja, quando o nível passa do ponto de euforia, ele não retorna, ultrapassa e exagera e, ao passar pelo ponto de pânico, o índice também exagera fazendo um overshooting para cima e para baixo. 

Entre a área azul escura do gráfico há uma informação contida muito importante que indica o retorno subsequente do índice S&P, um retorno registrado nos 12 meses seguintes ao nível registrado de euforia e pânico.

E, neste momento, você sabe em que nível está o índice Levkovich?

Agora, o "Levkovich Index" está em -0,16, um patamar muito próximo ao que é considerado nível de pânico. No entanto, isso não significa necessariamente que estamos diante de um ponto de reversão na trajetória do S&P 500. Muito pelo contrário. Podemos estar diante de uma aparente anomalia neste gráfico. Note que o ano de 2021 registrou patamares super elevados para o índice que, até o momento, não parecem condizentes com os retornos subsequentes do S&P 500.

O mercado está exagerando na queda do S&P que tende a voltar rapidamente?

Ao analisar esse gráfico de forma aprofundada, quando o nível se aproxima de - 0,17, o que se espera é um overshooting para baixo. E, em 2021, esse índice subiu muito e superou o nível de 0,38 em larga escala, superou tanto que o próprio Tobias Levkovich sofreu diversas críticas no ano passado, pois estava pessimista demais. 

Na época, o mercado não parava de subir e chegou em 4.800 pontos, sendo o preço-alvo do Tobias de 4.000 pontos. Ele até mesmo realizou um mea-culpa. Ele estava certo, mas o índice pode cair ainda mais, basta compararmos com o que aconteceu na bolha do Nasdaq em meados de 2001, na grande crise financeira de 2008, e em outros momentos. 

Provavelmente, você chegará à conclusão de que o S&P, que está muito pesado e apresentando quedas, tende a cair muito mais, se é que esse índice tem alguma coerência... 

Um grande abraço, 
Marink Martins

Conheça o responsável por esta edição:

Marink Martins

Especialista em Opções e Mercados Globais

Formado em Finanças pela University of North Florida, em Jacksonville, Marink Martins é um dos maiores especialistas do Brasil em operações não direcionais, com especial foco em Opções e em volatilidade. Em seus mais de 20 anos no mercado financeiro, experimentou as euforias da Bolsa de Valores e sobreviveu às suas piores crises, tendo contato com as principais estratégias de investimento em Wall Street.

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