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Em se tratando do índice S&P500, se o pior ainda está por vir, é possível que o nosso Ibovespa continue subindo? Bem, o trade IBOV vs. S&P é extremamente importante e preocupante, pois, em termos relativos, há muito otimismo com o Ibovespa, mas, no que diz respeito à essa relação entre os índices, caso um cenário negativo se concretize para o S&P, provavelmente, o nosso Ibov tende a ficar de lado.
Stephen Roach, veterano estrategista do Morgan Stanley que, por muitos anos, esteve à frente da divisão asiática do importante banco norte-americano, sabe tudo sobre a China e afirma que sim, o pior está por vir! Assim como Mike Wilson e Anatole Kaletsky da casa de pesquisa Gavekal e outros estrategistas estão pessimistas com os Estados Unidos.
E, ao refletirmos as razões que justificam esse pessimismo, é preciso lembrar que Jerome Powell, agora, de uma forma mais clara, diz que irá, sim, realizar uma política monetária mais restritiva. Anteriormente, o atual presidente do FED também já havia discursado essa fala num Congresso americano respondendo diretamente o senador Richard Shelby.
Mas, agora, todas essas premissas estão mais claras e essa política monetária mais restritiva significa elevar o Fed Funds que, atualmente, está entre 2,25 e 2,5% para um patamar acima dos 4%. Isso poderia colocar o Fed Funds real — aquele onde descontamos a inflação de 8,5% analisada nos Estados Unidos — em um patamar positivo.
Caso o Fed Funds chegue próximo aos 5% e a inflação cai para 4%, o Fed Funds chegaria ao patamar de 1%, mesmo assim, Stephen Roach diz que isso não seria o suficiente e se faz necessário ir um pouco além!
Mas, em termos de S&P, o que explica o pessimismo voltado para os Estados Unidos? De imediato, podemos pensar na lucratividade esperada para 2023!
Atualmente, para o próximo ano, os analistas esperam um resultado consolidado de 243 dólares para o índice, mas, explorando as recessões passadas, esse número pode cair para 220 dólares. Bem, sabemos que quando o mercado cai, se o pior ainda está por vir, as possibilidades de um overshooting tanto para cima, quanto para baixo são grandes! É possível que o S&P pese!
Por isso, o caráter relativo desse trade é tão enfatizado, mesmo quando olhamos para o histórico, e analisamos o superciclo das commodities (que começou por volta de 2002). Na época, o Ibovespa subiu bem, mas o nosso índice foi também foi afetado pelo S&P. Agora, com o S&P se deteriorando, pode ser mais difícil para o que o nosso Ibov continue subindo.
Devemos pensar que o pior também está por vir na Europa e no que diz respeito à China, um mercado que não podemos ignorar de forma alguma.
Vivemos uma espécie de Lehman Moments (uma referência com o que aconteceu com o banco Lehman Brothers em 2008), no mercado de construção civil na China e, um detalhe importante de curtíssimo prazo, é o processo de deslistagem das ações chinesas das bolsas americanas.
Nos últimos dias, foi anunciado um acordo em que o órgão regulador americano passaria ter acesso aos balanços das empresas chinesas e, assim, esse movimento permitiria que as empresas chinesas mantivessem a sua listagem nos Estados Unidos. Porém, há muito ceticismo nesse processo que é de característica bem tensa.
Por essa e outras razões, a casa de pesquisa Gavekal se mantém cética com relação a esse acordo, o qual evitaria a deslistagem das empresas chinesas na Bolsa de NY. O cenário base para a Gavekal, é um em que os problemas e as tensões existentes entre a China e os Estados Unidos, que só crescem, farão com que, de fato, o processo de deslistagem ocorra.
Isso, por si só, já é algo que mantém uma espécie de "espada de Dâmocles" para aqueles que investem em Alibaba, Tencent ou Pinduoduo e diversas outras empresas chinesas listadas em Nova York.
Além disso, o vigésimo plenário chinês, que deve ocorrer nos próximos meses, indica que Xi Jinping irá conquistar o seu terceiro mandato. Como será a postura do partido comunista chinês? Será que eles darão a Xi Jinping um controle total e a condição de líder permanente no partido comunista chinês ou tratarão o candidato com um ceticismo maior devido às dificuldades que a economia chinesa vem enfrentando?
Essa é outra pergunta muito pertinente que também trará ramificações globais!
Um grande abraço,
Marink Martins.