Global Investor #65: Isso pode explicar a euforia vista no S&P500?

18 de agosto de 2022
Nesta nova edição, Marink Martins apresenta os argumentos de Jeffrey Currie, o estrategista de commodities da Goldman Sachs, em prol de uma reprecificação do preço do barril de petróleo que deverá ocorrer nos próximos 3 meses.

Bem-vindo(a) a mais uma edição da newsletter Global Investor! 

Jeffrey Currie, o estrategista-chefe da área de commodities na Goldman Sachs, julga que o preço do petróleo tende a subir muito e rapidamente dentro dos próximos três meses. Além disso, nos diz que essa queda diária do petróleo está caindo de forma irracional devido a alguns fatores…

Currie nos fala sobre o medo de recessão nos Estados Unidos e chama a atenção para os números provenientes da China que estão sendo considerados horríveis. Ele também ressalta o importante ponto de que a China é a principal importadora de petróleo do mundo e de que há perspectivas de redução de estoque sob uma enorme liquidação nos números de contratos em aberto associados ao preço da commodity

O estrategista ainda ressalta que o setor petroleiro (e o de commodities de modo geral)  assusta as  pessoas por ser extremamente volátil pelo aspecto  de ESG (do inglês, Environmental, Social and Governance), abrindo um leque de indagações. Dessa forma, muitos investidores, simplesmente, não investem nesse setor.

Mas, o que é mais pertinente é a análise temporal em que o estrategista aponta o seguinte: em 2007, numa época em que o preço do petróleo estava a US$47, havia também um grande medo de recessão, entretanto, ela só se materializou no ano seguinte, em 2008. Mesmo assim, o preço do petróleo saiu de US$47 e chegou a US$147! Isso mesmo, subindo 100 dólares no período

Embora essa tenha sido a fase do ‘superciclo das commodities’ com a China, Brasil etc., muitas questões estavam acontecendo naquela época. Jeffrey vai além e relembra o período de 1995, no qual também havia um medo de recessão e que o preço do petróleo chegou a subir 80%. Agora, o estrategista acredita que algo similar esteja para acontecer, talvez, não na mesma magnitude, mas que uma alta expressiva chegará em breve.

Mas, quais são as forças que imputam essa avaliação?

No momento, o uso das reservas estratégicas de petróleo dos Estados Unidos vem colocando um milhão de barris de petróleo por dia, entretanto, isso tem data para acabar: agora em setembro!

Há também outros fenômenos ocorrendo como a aproximação do inverno europeu. Sabemos que há uma guerra em curso e o preço do gás natural está fazendo máximas na Europa, ao ponto em que, agora, está sendo muito mais vantajoso utilizar derivados de petróleo para aquecer as casas, entre outras finalidades de uso. 

Tudo isso, na opinião de outros estrategistas, também vai contribuir para uma retomada na demanda por petróleo. É possível que uma recessão de fato se materialize, apesar disso, com características diferentes: sem que a demanda por petróleo caia

Essa demanda pode cair em algumas regiões do mundo, mas em outras haverá uma alta compensatória relacionada à euforia vista no S&P500.

O índice S&P500 sobe por diversas razões. No entanto, o que mais impulsiona o S&P é a expectativa de que essa inflação vai convergir para a meta de 2% do FED, mas essa meta está muito distante! Mesmo assim, o mercado vai celebrando e vemos, por exemplo, a Apple se aproximando de 3 trilhões de dólares, uma alta surpreendente!

Mas e se o preço do petróleo voltar a subir, será possível voltar a ver essa reversão? 

Bem, a tese aqui muito explorada é que agora é hora do IBOV atropelar o S&P e isso não ocorrerá em meses e poderá levar um período de cinco a 10 anos para se concretizar! Logo, é muito importante para você investidor, caso realize uma aposta nessa direção, tomar cuidado com o tamanho da operação porque esse é um cenário complexo  e difícil de prever. 

A aposta por aqui é de ‘convergência e divergência’, não uma aposta direcional. Essa é uma sugestão que poderá proporcionar alegria, porém, é preciso muito cuidado com o tamanho da operação, pois é preciso determinar uma estratégia que te auxilie a passar por momentos de turbulências em que a sua ponta vendida pode vir a andar mais rápido do que a sua ponta comprada!

Aguardo você na próxima edição!
 


Um grande abraço, 
Marink Martins

Conheça o responsável por esta edição:

Marink Martins

Especialista em Opções e Mercados Globais

Formado em Finanças pela University of North Florida, em Jacksonville, Marink Martins é um dos maiores especialistas do Brasil em operações não direcionais, com especial foco em Opções e em volatilidade. Em seus mais de 20 anos no mercado financeiro, experimentou as euforias da Bolsa de Valores e sobreviveu às suas piores crises, tendo contato com as principais estratégias de investimento em Wall Street.

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