Global Investor #55: O iminente declínio da Apple

8 de junho de 2022
O evento WWDC, da Apple, trouxe diversas novidades. Mesmo assim, o preço da ação subiu somente 0,5%. Na edição de hoje, a argumentação está voltada para a ideia de que as ações da Apple deverão se tornar uma importante fonte de "carry trade" no mercado.

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Esta foi uma semana de grandes lançamentos para a Apple com a WWDC, Worldwide Developers Conference, lançando novidades como: o chip M2 que traz upgrades para os processadores do MacBook Air e Pro, o iOS 16, outro upgrade com o software Car Play e o Apple Watch. Mas, o mais interessante lançamento foi do Apple Pay Later, uma espécie de pré-datado brasileiro adaptado ao mercado americano. 

Hoje, a Apple é a principal ação do mundo e tem um peso significativo de aproximadamente 6,5% no índice S&P 500 e, anteriormente, já chegou aos 8%. Isso muito se assemelha à dinâmica que acontece na América Latina com o IBOV, um índice menor em números de empresas.

A Apple se beneficiou muito durante a pandemia e com a nova era do home office, mas, neste momento, em que talvez estejamos em um mercado baixista, a companhia atingiu o status de “estrela do mercado”, pois, essa é uma ação que está na carteira de todos os fundos globais, de milhares de investidores e até mesmo na carteira dos bancos centrais, como é o caso do Banco Central da Suíça.

A ação da Apple é widely held (na tradução literal, largamente segurada), um adjetivo utilizado em inglês para denotar que é difícil achar compradores marginais, portanto, as ações são muito pulverizadas e nada concentradas! 

Quando há um evento como o WWDC, o que tende a acontecer com a ação da empresa? Bem, era esperado diversos movimentos, mas ela abriu forte e fechou um pouco mais fraca na segunda-feira, dia do evento, e não subiu absolutamente nada. Mas, por quê?

Embora essa seja uma empresa sólida e brilhante em muitos aspectos, a sua ação se comporta sobre uma dinâmica muito diferente… Quando se acompanha os mercados, é entendido que esse movimento é muito comum, às vezes a empresa vai bem, já o preço de sua ação nem tanto.

Tudo isso levanta uma questão: a Apple como uma importante fonte de carry trade?

Carry trade é uma operação que, normalmente, envolve um lado de renda fixa e cambial e um exemplo bem comum dessa operação é: no Japão as taxas de juros são muito baixas. Desse modo, era comum que os grandes participantes tivessem acesso ao mercado japonês, tomando o dinheiro emprestado sob uma taxa de juros baixíssima, assim, convertiam esse dinheiro, por exemplo, em algum mercado emergente, como no brasileiro. Aplicava-se então esse dinheiro em títulos rendendo taxas exorbitantes, como as praticadas no Brasil, com isso, ganhava-se essa taxa de juros justamente por esse diferencial ao alocar um e tomar outro e depois revertia essa operação com lucro

À vista disso, a ação da Apple passou a ser uma importante fonte de carry trade, isso é, as pessoas tendem a ganhar dinheiro ao vender e fazer caixa vendendo essas ações e utilizando esses recursos para comprar ativos em mercados emergentes como, por exemplo, para comprar ativos como o ETF KRE focado em bancos regionais nos Estados Unidos, além dos já citados.

Esse tipo de operação tende a ser cada vez mais comum e render frutos, pois, a Apple que tanto se beneficiou da pandemia, em 2018, já estava sofrendo em termos de crescimento com relação às vendas de Iphone e outros aparelhos. Naquela época, a companhia negociava com múltiplos de 15, 16 vezes o lucro projetado. Hoje, a Apple negocia com o múltiplo de 24 vezes.

Embora todo o imenso crescimento, o preço da ação reflete todas as boas notícias. A Apple se assemelha muito com a Ambev - Inbev, que atua na América Latina, quando em meados de 2013 e 2014, também negociava em múltiplos de 23, 24 vezes lucros, no entanto, suas ações ficaram estagnadas por anos. 

Esse racional está alinhado com a do estrategista Dan Niles, do Gestor do Satori Fund, um analista que se mostra mais conservador e um tanto pessimista!

Mas há quem discorde completamente desse racional, como é o caso de Katy Huberty, uma importante analista do Morgan Stanley e que tem um preço-alvo para as ações da Apple próximo aos 200 dólares.

Dan Niles, por outro lado, é um estrategista que traz opiniões controversas e vai contra às expectativas e grandes afobações do mercado. Segundo ele, mesmo que a Apple traga diversas inovações, essas ainda não estão afetando positivamente o preço das ações e, isso normalmente ocorre quando há muitas pessoas compradas na ação e torcendo para ela subir. 

Em minha análise, a Apple se mostra uma importante fonte de carry trade para os próximos cinco anos!
 

Espero você na próxima edição!

Um grande abraço, 
Marink Martins. 

Conheça o responsável por esta edição:

Marink Martins

Especialista em Opções e Mercados Globais

Formado em Finanças pela University of North Florida, em Jacksonville, Marink Martins é um dos maiores especialistas do Brasil em operações não direcionais, com especial foco em Opções e em volatilidade. Em seus mais de 20 anos no mercado financeiro, experimentou as euforias da Bolsa de Valores e sobreviveu às suas piores crises, tendo contato com as principais estratégias de investimento em Wall Street.

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