Global Investor #54: VIX - as oscilações e as expectativas nas curvas

2 de junho de 2022
VIX é uma medida que nos diz quanto o mercado espera de oscilação para o índice S&P 500 em um prazo de um mês. Há diferenças entre o formato e inclinação das curvas do índice que nos traz informações úteis.

Bem-vindo(a) a mais uma edição da newsletter Global Investor! 

O indicador VIX tem sido a pauta de muitos recentes assuntos. Esse índice é uma expectativa de oscilação do S&P 500, marcador global e o principal índice dos Estados Unidos que reúne as quinhentas maiores empresas do país. O VIX se refere a uma expectativa de oscilação de um período de 30 dias. 

No gráfico a seguir, é possível observar que o VIX pode ser medido para diversos prazos:

Na curva que apresenta as duas linhas, observamos a estrutura termo do VIX: a expectativa de oscilação para o índice S&P 500 em que é possível visualizar duas projeções, uma de oscilação para o curto prazo e outra para o longo prazo. 

No gráfico acima, a primeira linha registrada pelo VIX faz referência ao começo do mês, 9 de maio, um dia de grande incerteza nos mercados devido às questões da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, ao lockdown na China e também às correções nos preços dos papéis no Nasdaq.

Já agora, no fim de maio e início de junho, vimos que o VIX e a expectativa de 30 dias caiu de 33.5% para 27%, mas, ao olharmos para um prazo mais longo — oito meses — a queda foi minúscula.

Em se tratando do petróleo, do minério de ferro, algo que é quase sempre dito pelo estrategista da Goldman Sachs, Jeffrey Currie, uma figura muito importante no mundo das commodities em geral, é o seguinte: “o preço spot corrige a escassez e a abundância, já os preços mais longos da curva de uma determinada commodity, estão relacionados às questões estruturais”.

Jeffrey Currie, estrategista da Goldman Sachs

A curva de uma determinada commodity, ou até mesmo de um indicador como o VIX, pode estar positivamente inclinada (contango) ou também negativamente inclinada (backwardation), quando o preço do spot está mais alto do que o preço futuro. 

No caso do VIX, essa análise mostra que no começo de maio foi possível presenciar uma situação de backwardation, portanto, o spot estava mais alto e havia muita demanda por proteção. Mas, de repente, o mercado realizou uma espécie de washout e aqueles investidores que estavam alavancados, acabaram tendo que zerar e não conseguiram honrar a chamada de margem.

Há um movimento conhecido como capitulation (capitulação) no qual o mercado fica mais leve, onde ele sai de uma situação sobrevendido e começa a subir.

O S&P saiu dos 3.820 pontos e se aproximou, agora, de 4.200, com isso, vimos uma típica situação: quando o preço do S&P sobe, normalmente (essa não é uma regra), a volatilidade implícita associada ao determinado ativo, cai. Essa dinâmica é conhecida como “SPOT UP, VOL DOWN” ou “SPOT DOWN, VOL UP”. Uma situação observada no VIX. 

O VIX é um ativo cada vez mais negociável, pois o movimento dos agentes acabam afetando um todo. O mercado de uma forma geral, não somente o de ações, são sistemas complexos afetados por inúmeras variáveis e, nesse sistema complexo, temos uma situação em que os agentes ao se posicionarem acabam transformando o mundo. 

É possível transformar o mercado de uma forma ínfima, quase que imperceptível, comprando lotes mínimos. Mas também é possível transformá-lo de uma forma significativa por aqueles que são os grandes bancos e tesourarias que tomam lotes imensos. 

O posicionamento dos agentes faz com que o mercado responda! Essa é uma situação em que o VIX apresenta oscilações no curto prazo, mas no longo prazo fica quase inalterado. E por quê? 

No longo prazo temos problemas estruturais e, agora, para o segundo semestre há uma expectativa relativamente forte para o S&P 500. As razões para isso são as incertezas por todas as partes associadas à precificação dos ativos, à política monetária do Fed e à China e como ela vai se comportar já que Xi Jinping está indo para o seu terceiro mandato, entre outras e diversas questões.

Há muita coisa para acontecer e o VIX de longo prazo reflete isso. Já o VIX de curto prazo apresenta uma oscilação muito mais suscetível ao posicionamento dos agentes.  

Espero você na próxima edição!

Um grande abraço, 
Marink Martins. 

Conheça o responsável por esta edição:

Marink Martins

Especialista em Opções e Mercados Globais

Formado em Finanças pela University of North Florida, em Jacksonville, Marink Martins é um dos maiores especialistas do Brasil em operações não direcionais, com especial foco em Opções e em volatilidade. Em seus mais de 20 anos no mercado financeiro, experimentou as euforias da Bolsa de Valores e sobreviveu às suas piores crises, tendo contato com as principais estratégias de investimento em Wall Street.

A Inv é uma Casa de Análise regulada pela CVM e credenciada pela APIMEC. Produzimos e publicamos conteúdo direcionado à análise de valores mobiliários, finanças e economia.
 
Adotamos regras, diretrizes e procedimentos estabelecidos pela Comissão de Valores Mobiliários em sua Resolução nº 20/2021 e Políticas Internas implantadas para assegurar a qualidade do que entregamos.
 
Nossos analistas realizam suas atividades com independência, comprometidos com a busca por informações idôneas e fidedignas, e cada relatório reflete exclusivamente a opinião pessoal do signatário.
 
O conteúdo produzido pela Inv não oferece garantia de resultado futuro ou isenção de risco.
 
O material que produzimos é protegido pela Lei de Direitos Autorais para uso exclusivo de seu destinatário. Vedada sua reprodução ou distribuição, no todo ou em parte, sem prévia e expressa autorização da Inversa.
 
Analista de Valores Mobiliários responsável (Resolução CVM n.º 20/2021): Nícolas Merola - CNPI Nº: EM-2240