Bem-vindo(a) a mais uma edição da newsletter Do Mercado!
Faltando apenas um mês para as eleições no Brasil, devemos nos perguntar: quais são os riscos para o câmbio?
O que o mercado havia operado durante o mês passado, basicamente, foi o fluxo de entrada recorde de capital estrangeiro visto na B3, o acumulado que bateu 18 bilhões de reais e logo começou a cair. Esse fenômeno começou a se repetir e perdura até o momento.
O problema de operar fluxo na B3 é que não necessariamente esse dinheiro entrou de fato no país. Se o estrangeiro vende uma ação e mantém o capital no Brasil, o fluxo é apresentado como negativo. Mas, se esse investidor volta a alocar, o fluxo se mostra como positivo.
E, ao avaliarmos o fluxo financeiro referente ao mês de agosto, divulgado pelo Banco Central, a entrada foi irrisória! Isso significa que muitas pessoas venderam o câmbio na baixa, mesmo com os juros caindo na contrapartida (algo ruim para o câmbio).
Após confirmações, o dólar ressoou e saiu de R$5,01 para R$5,25 em apenas três dias! Por isso, é preciso ter muito cuidado ao operar o fluxo da B3!
A trajetória dos juros, atualmente, tem realizado um trade dado no pré (quase consensual), afirmando que esse é o momento ideal, pois, chegamos ao final do ciclo de alta.
Todos os efeitos primários da queda dos impostos e no preço dos combustíveis estão fazendo com que os números da inflação se mostrassem até mesmo negativos, uma deflação não pontual. Porém, para os juros, de fato, tudo parece bom no curto prazo. Bem, isso não necessariamente é bom para o câmbio!
Lembrando que, no começo do ano, esse evento fez com que o câmbio subisse e acompanhasse a Bolsa, e isso foi o começo da trajetória de corte de juros. Logo, quanto mais o mercado precificar, naturalmente, mais difícil será o cenário para o câmbio.
Além disso, as eleições presidenciais, que impactam todo o mercado, apresentam candidatos com visões muito diferentes e, as pessoas estão comentando que, caso o candidato Lula vença as eleições, esse será um cenário bom para o dólar, afinal, o candidato petista já afirmou que ele é a favor de que o Banco Central intervenha no câmbio, copiando modelos anteriores de seu governo.
Com uma política desse modelo sendo implementada, eventualmente, o dólar irá cair! Mas, a questão é: quando isso aconteceria?
O mercado pode até pensar que é agora a hora de vender o dólar, para tentar fomentar esse tipo de opinião. Entretanto, ainda há três meses para que uma nova política monetária seja implementada ou modificada e, o mais importante aspecto, é que o Banco Central é uma instituição independente e, Roberto Campos Neto, o atual presidente do BC foi quem lutou por essa independência.
Ao ter o executivo assumindo a presidência com o intuito de interferir na gestão do BC, a situação fica mais delicada, afinal, Roberto Campos Neto tem um nome a zelar!
Para os investidores que, anteriormente, venderam o dólar para se beneficiar de um fluxo que, aparentemente, só irá resultar após seis meses, essa parece ser uma atitude prematura. Esse é um tipo de trade com mais riscos do que benefícios dado que, ao final do ano, geralmente, há muitas saídas e, logo, o fluxo financeiro tende a ser negativo.
Outra dinâmica que pode influenciar muito a moeda é o nível de preço das commodities. Hoje em dia, o mercado em geral está preocupado com a China e com os seus efeitos, fazendo com que esses preços das commodities sofressem quedas significativas e impactando a nossa balança e, com o fluxo proveniente do exterior, teríamos um dólar mais sensível às altas.
Não podemos esquecer do risco geopolítico porque ainda estamos sob um cenário de guerra, onde muitas tensões, têm aumentado consistentemente. Recentemente, vimos as declarações da China sobre Taiwan e Estados Unidos e os conflitos entre a Rússia e Ucrânia ainda perduram e refletindo nos mercados.
Por isso, nunca tome uma posição sem analisar todas as variáveis e os riscos!
Aguardo você na próxima edição!
Um grande abraço,
Rodrigo Natali.