Do Mercado #27: Mola no fundo do poço?

23 de novembro de 2021
Hoje, discuto um efeito com característica surpreendente: a posição do mercado interno diante de notícias negativas.
 

 

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Na semana passada, no feriado nacional da Proclamação da República, segunda-feira dia, 15 de novembro, o mercado americano abriu caindo e o dólar, lá fora, continuou piorando contra as outras moedas.

Entretanto, os principais papéis brasileiros negociados nos Estados Unidos estavam em alta, uma situação que foge à regra do que normalmente acontece nos dias de liquidez. Quando o mercado aqui está fechado, a tendência é seguir o externo.

Até mesmo em dias em que, lá fora, a bolsa piorava e o dólar subia, os papéis brasileiros (que lá fora são cotados em dólar), deveriam sentir uma pressão, mas se apreciaram
 
No dia seguinte, terça-feira pós-feriado, por aqui o mercado abriu melhor.

Uma notícia surpreendente proveniente do governo abriu portas para aproveitar a PEC dos Precatórios e originar um reajuste para todos os servidores públicos.

Essa é uma história que começou concentrada nos policiais e profissionais de segurança, porém, logo começou a se expandir para outras categorias. Um impacto de 30 bilhões de reais; mas, no mesmo dia, comentou-se que esse impacto seria duplicado, chegando a 60 bilhões de reais. 

A probabilidade é de um reajuste de 10%, próximo à inflação acumulada do ano.

Diante de todos esses ruídos, a nossa bolsa caiu apenas 1.5%.

Mesmo com as criptomoedas caindo aproximadamente 10%, saindo de 66 mil para 59 mil no período de 48 horas. A semana transcorreu normalmente e, na quarta-feira, a bolsa abriu melhor. 

Os 105 mil  pontos da bolsa de valores e os 5,50 reis no valor do câmbio seguiram sem intervenções do Banco Central, e mesmo com as notícias negativas, esses parâmetros têm sido estabilizados. 

Com todos esses solavancos, o mercado aqui parece ter se consolidado.

Isso se alinha com o que tenho discutido por aqui: o mercado nacional já passou por tantos desaforos e com tantos aspectos negativos sobre os preços. Quando as notícias ruins de fato, acontecem, não consegue fazer novas mínimas e se deteriorar mais.

Isso me leva a crer que quando de fato houver uma boa notícia (mesmo parecendo impossível, elas acontecem), acredito que o nosso mercado tem um grande potencial de recuperação.

A prova que essa expectativa venha a se tornar uma realidade, é que o mercado não cai quando uma notícia ruim é divulgada.

A lógica é a mesma para descobrir se o mercado está, ou não, no pico. 

Quando a bolsa estava no patamar de 130 mil pontos, em momentos de notícias positivas, o índice não conseguia subir mais, tendo como única via cair com qualquer notícia ruim.

Julgo estarmos vivendo um pouco do contrário por aqui.

Olhando o diagnóstico da semana passada, talvez seja hora de começar a entrar focando no price action, um aspecto bem técnico sobre o mercado.

Já é possível enxergar sinais positivos vindo dos preços, a julgar pela forma como o mercado vem reagindo sobre as últimas notícias.

Para o mercado interno, esse é um viés favorável e muito diferente do cenário de um mês atrás. 

Com essas notícias sobre a PEC dos Precatórios e talvez devido aos reajustes e às altas dos salários dos servidores, era de se esperar que o mercado estivesse caindo 3%, 4% e até 5%.

Mesmo agora, depois de tão machucado, o mercado caiu apenas 1,5%.

Espero que tenha gostado!


Um abraço, 

Rodrigo Natali. 

Conheça o responsável por esta edição:

Rodrigo Natali

Estrategista-Chefe

Rodrigo Natali tem graduação e MBA pela FGV. É especialista em câmbio e macroeconomia, tem 25 anos de experiência no mercado financeiro, tendo passado por diversas instituições nacionais e internacionais onde exerceu a profissão de trader e gestor de fundos de investimento multimercado.

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