Olá, leitor.
Na semana passada, a empresa chinesa Alibaba vendeu 25 bilhões de dólares no Single’ Day, que é uma versão grande da Black Friday, made in China... É possível que você tenha visto a notícia por aí.
Em 2011, visitei três unidades da Alibaba, em Hangzhou, na China, e conversei com alguns executivos e funcionários. Era impressionante a vontade de trabalhar e ganhar dinheiro dos jovens chineses.
A Alibaba já era uma das empresas mais desejadas para se trabalhar, com salários acima da média. Lembro que as mesas de ping-pong e pufes estavam vazios, assim como o terraço de um dos prédios, feito para ser uma área de descompressão. Todo mundo estava trabalhando freneticamente.
Era impossível não reparar nas sacolas, caixas e latas de chá e refrigerante embaixo das mesas dos funcionários. Eles não desempacotavam seus pertences porque toda hora mudavam de lugar, ou de área, dependendo da atividade necessária no momento.
Também me impressionei com a “sala dos correios”, um espaço de cerca de 30 metros quadrados lotado até o teto de caixas de compras dos próprios funcionários, e que eram entregues na empresa. Tenho uma grande amiga chinesa, com “nome ocidental” de Poka, que sempre me dizia para não comprar nada nas lojas de rua, porque pedir online era sempre mais barato. Internet e correios, por lá, eram bem mais rápidos do que aqui.
A Alibaba foi fundada em 1999, por Jack Ma, que reuniu 12 amigos em uma sala para pensar o negócio. No ano anterior à minha visita, a empresa tinha faturado por volta de 1,5 bilhão de reais, mais ou menos 50 vezes menos do que as vendas do Single's Day na semana passada. A margem de lucro da empresa, neste ano, está em 28 por cento. Mesmo que a gente suponha um terço disso para as vendas do Singles’ Day, de forma conservadora, temos cerca de 10 por cento, ou 2,5 bilhões de dólares de lucro.
A Alibaba, obviamente, não resume o país. Mas eu sou eternamente otimista com China, até que me provem o contrário. Há quantos anos estamos esperando a queda brusca do crescimento chinês? Se eles pedalam nos números, não sei, desconfio que sim. Mas são tantas as variáveis que não estamos vendo... Há dez anos, uma chinesa, professora de Finanças, me disse que chutava que uns 400 milhões de chineses não eram registrados no país.
Em 2007 e em 2008, morei na China. Estudei economia chinesa por um ano, mas voltei sem saber nada. Passei por umas 25 cidades e o que mais vi foi gente trabalhando, sem parar. Os jovens? Estudando como loucos. Faz tempo, eu sei. Mas ainda nessa semana ouvi de um conhecido do setor de cerâmica o bom e velho argumento da dificuldade diante das importações da China.
Não estou aqui fazendo uma defesa. Mas penso que esse exemplo serve para reforçar que, nos nossos investimentos, corremos o risco de virar torcedores de nossas teses e preconceitos. E, com isso, podemos perder oportunidades.
Deixo como sugestão de exercício a reflexão sobre as vezes em que fez isso. Vale qualquer ativo, de qualquer mercado.
Um exemplo: na sexta-feira, o Bitcoin estava a 7.800 dólares, 130 por cento mais do que no dia em que a Helena fez a indicação na série Crypto Evolution. O Litecoin está 40 por cento acima do preço de quando ela apresentou a moeda pela primeira vez aos assinantes. O Ethereum, indicado no dia 9 deste mês, sobe 4 por cento desde então. Nem preciso falar sobre riscos e volatilidade, certo? Imagino que você já esteja careca de saber.
Para finalizar, deixo a vocês uma adaptação da mensagem da Poka: não compre nada da Inversa hoje. Amanhã começam nossas promoções de Black Friday. Fique atento ao seu e-mail para aproveitar.
Um abraço,
Olivia Alonso