Por que os Fundos Imobiliários não sobem!?

26 de agosto de 2021
Por que os nossos FIIs brasileiros não andam? Afinal, por que tanta discrepância para os americanos? É o que abordo no relatório de hoje.

Por que os Fundos Imobiliários não sobem!?

Por Nícolas Merola, CNPI
 

Essa é minha terceira carta aberta falando sobre o mercado de Fundos Imobiliários.

Estamos num ano conturbado para a classe que vem sendo atacada por todos os lados e, por isso, tem demonstrado um resultado muito aquém do desejável por nós, investidores.

Enquanto isso, os REITs, “equivalentes” norte-americanos, estão disparando com o boom no mercado imobiliário por lá. Sobem no ano, na média, 25% em dólares!

Mas, por que os nossos FIIs brasileiros não andam? Afinal, por que tanta discrepância?

Em minha opinião, o IFIX, principal índice de fundos imobiliários, vem sofrendo com as mesmas pressões que o resto do mercado – como a insegurança política e a instabilidade fiscal - só que com o agravante de um ponto já comentado nas cartas anteriores e que felizmente ficou no passado: a proposta da reforma tributária.

Agora, passado este capítulo, os holofotes voltaram-se completamente para a questão dos juros.

Como expus na carta do dia 14 de julho, quando o IFIX alcançara os 2830 pontos, meu preço considerado justo para o índice era de 2750 e que a manutenção daquele patamar dependeria do aumento na renda distribuída em função de uma reabertura econômica mais robusta no pós-covid.

Infelizmente, isso ainda não aconteceu.

A renda cresceu, mas apenas 4%, muito pouco em relação ao aumento forte que vem acontecendo nos juros longos, que já ultrapassaram a casa dos 10% a.a.
 


Como sempre comento, o juro curto é sim importante para atrair investidores para os fundos imobiliários no curto prazo - ele gera fluxo - mas o juro longo é mais importante para precificá-los.

Isso é facilmente observável olhando para a correlação histórica entre esses ativos, ou seja, a semelhança na variação da cotação de cada um deles.

Observando as cotações semanais, a descorrelação entre o IFIX e o juro curto é de quase 30%, e com o juro longo 50%.

Mudando para cotações mensais, a descorrelação com o juro curto cai pra próximo dos 15% enquanto com o juro longo aumenta para 55%.

Isso fica um pouco mais óbvio se pensarmos que um investimento imobiliário é, em seu cerne, um investimento de longo prazo e, consequentemente, seu financiamento também.

Como sabemos, para melhorar o juro longo de um país, é necessário que os investidores tenham uma melhor e mais clara perspectiva de longo prazo para ele. Para isso, é importante vermos melhorias estruturais econômico-financeiro, de governança bem como sociais.

Para o curto prazo dos Fundos Imobiliários, a solução é a renda.

Assim, vejo uma melhor perspectiva se, nesse mesmo nível de preço, tivéssemos uma renda 6 ou 7% maior, o que representaria um dividend yield do IFIX próximo de 9% a.a.

 

Conheça o responsável por esta edição:

Nícolas Merola

Ações e Fundos de Investimento

Formado em Engenharia Civil pela UVA (Universidade Veiga de Almeida - RJ) em 2017 e com MBA pelo IBEC/INPG em 2018. Nícolas começou a estudar sobre investimentos ainda no início de sua faculdade, quando se apaixonou pelo assunto. Depois de atuar por mais de três anos no mercado de renda variável, de forma autônoma, se juntou em 2019 ao time de especialistas da Inv.

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