Ontem, em sua live diária, o presidente Jair Bolsonaro anunciou um auxílio mensal de R$400,00 aos caminhoneiros, valendo até dezembro de 2022, não por coincidência o último dia de seu atual mandato.
Ao invés de agradar os aproximadamente 750 mil profissionais que seriam contemplados com o benefício, o capitão-presidente simplesmente os enfureceu.
“Caminhoneiro não quer esmola, quer dignidade”, respondeu de pronto um líder da categoria. “É piada de mau gosto”, comentou outro.
Se 400 reais podem até ser um ótimo auxílio para uma família que vive abaixo da linha de pobreza, para um caminheiro autônomo não significa absolutamente nada.
Para encher o tanque de um caminhão grande, tipo carreta, treminhão ou rodotrem (com capacidade de algo como 820 litros de diesel), o proprietário condutor gasta aproximadamente 3.500 reais.
Numa viagem entre São Paulo e Vilhena na Rondônia, um rodotrem (com duas articulações e nove eixos) paga de pedágio algo como 1.500 reais.
Caminhoneiro é empresário de médio porte. Um cavalo mecânico FH 540 Globetrotter 6 x 2 zero quilômetro da Volvo custa 633 mil reais. Se acrescentarmos a carroceria, o valor total chega a quase um milhão.
Pneus gastam e precisam ser substituídos. Um rodotrem graneleiro, muito usado no transporte de soja, tem 34 pneus. Cada uma custa, em média, 3 mil reais. Estamos falando de R$ 102.000,00.
É para esse empresário que Bolsonaro está acenando com 400 reais por mês.
Se a greve dos caminhoneiros era apenas mais um balão de ensaio, agora, com essa proposta indecente, tornou-se uma possibilidade real.
Aí Bolsonaro vai tirar da cartola mais uma de suas ideias “geniais”.
Só de imaginá-las, sinto um frêmito enregelado subindo pela espinha.
Ivan Sant'Anna.