Petróleo: o risco de um Terceiro Choque

6 de outubro de 2022
O Primeiro Choque do petróleo ocorreu a partir da guerra do Yom Kipur em 1973. O segundo ocorreu em 1979, em consequência da Revolução Iraniana. Agora, vivemos o risco do Terceiro Choque. Entenda com Ivan Sant’Anna.

O Primeiro Choque do petróleo ocorreu a partir da guerra do Yom Kipur, em outubro de 1973. Foi causado por decisões políticas e não por um gargalo de oferta ou excesso de demanda.

Como os Estados Unidos apoiaram Israel no conflito (fornecendo armas e munições), a Arábia Saudita liderou um embargo aos americanos, que naquela época dependiam quase que totalmente do produto importado.

Além disso, a OPEP passou a cortar a produção em 10% todos os meses.

O resultado foi uma alta no preço do barril de óleo cru, entre outubro de 1973 e março de 1974, de 300%, saindo de três para doze dólares.

O segundo choque ocorreu em 1979, em consequência da Revolução Iraniana, que depôs o xá Reza Pahlavi, sendo substituído pelo aiatolá Khomeini.

Entre outras coisas, o movimento culminou com a tomada da embaixada americana em Teerã e a prisão de seus diplomatas e funcionários, tomados como reféns.

Como represália, o Ocidente parou de importar petróleo iraniano, cuja produção, por sinal, já fora enormemente reduzida por causa da fuga de engenheiros e técnicos ocidentais que trabalhavam nos poços.

Nessa ocasião, o preço do barril subiu até US$ 39,50.

De lá para cá, os Estados Unidos aumentaram tremendamente sua produção, inclusive recorrendo ao óleo de xisto betuminoso e explorando fontes alternativas de energia (eólica, solar, nuclear, hidrelétrica, etc.)

            Outros países fizeram o mesmo.

O Brasil foi um dos melhores exemplos, criando o programa Pró-álcool e explorando, com tecnologia de ponta, jazidas em águas profundas, exploração essa que resultou em grande sucesso, culminando com a descoberta de óleo e gás na camada Pré-sal.

O petróleo tornou-se uma commodity como outra qualquer, cujos preços, extremamente voláteis, variam de acordo com as leis da oferta e demanda, tendo oscilado entre um low de US$ 10,42 (março de 1986) e US$ 140,00 (janeiro de 2008).

Agora a política está voltando à tona, com o todo poderoso príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed bin Salman, que é quem manda no Reino da península, negociando hábil e simultaneamente com os Estados Unidos, a OPEC e a Rússia de Vladimir Putin.

Como o mundo está ensaiando uma recessão, Bin Salman vai responder com um corte de dois milhões de barris por dia na produção saudita. Trata-se de uma medida econômica, mas principalmente política.

Se por acaso tivermos um inverno rigoroso 2022/2023, o produto poderá faltar nos Estados Unidos, como já está acontecendo na Europa, por causa da guerra da Ucrânia.

Com exceção de alguma escassez de determinados derivados, o Brasil poderá sair ganhando se houver mesmo esse novo squeeze, já que agora somos grandes produtores.

E a Petrobras, nem se fala. Se quiser, arrebenta de ganhar dinheiro.

Um forte abraço,

Ivan Sant’Anna.

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Conheça o responsável por esta edição:

Ivan Sant'Anna

Trader e Escritor

Uma das maiores referências do mercado financeiro brasileiro, tendo participado de seu desenvolvimento desde 1958. Atuou como trader no mercado financeiro por 37 anos antes de se tornar autor de livros best-sellers como “Os Mercadores da Noite” e “1929 - Quebra da Bolsa de Nova York”. Na newsletter “Mercadores da Noite” e na coluna “Warm Up PRO”, Ivan dá sugestões de investimentos, conta histórias fascinantes e segredos de como realmente funciona o mercado.

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